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Pó e Sem Nome iam ao lado do caixão de Sandra de Junho em silêncio. A presença dos dois incomodava os carregadores de caixão, afinal, como gostavam de dizer, eles eram do depois, do tempo que estariam livres da obrigação de transportar falecidos ao descanso final. Além disso, havia certa rusga entre Fome e Sem Nome, o Fome livre.
— Queriam tanto a liberdade e agora nos
acompanham? — Último Dia quebrou a quietude com a pergunta reclamação.
— Essa é a graça da liberdade, Último.
Posso fazer o que quiser, até mesmo estar aqui com vocês — Pó respondeu
despreocupado.
Artesão completou:
— Já estamos chegando ao Cemitério e
vocês não poderão continuar nos seguindo sem as faixas da morte.
— Quem disse que queremos? — Pó deu de
ombros. — Já estivemos muitas vezes lá.
— É essa mulher que carregamos, não é? —
Nunca Mais perguntou — Tenho medo dela.
O portão de Cemitério ganhava tamanho e
forma na frente dos carregadores. Ele estava aberto e eles entraram.
— Um caixão bonito — era Sandra que se
encontrava ao lado daqueles que carregavam.
Artesão não demonstrou surpresa, afinal
tinha transpassado os portões dos vivos e agora quem vinha dentro podia se
desprender de sua casca.