11 de novembro de 2022

Deixando de estar




O fogão à lenha, limpo, a louça meticulosamente arrumada, a torneira da pia fechada, mas a água pingando vez ou outra sobre a lata da cuba, emitindo o som característico. A mesa sem xícaras e bule de café. Toda aquela arrumação denunciava ausência.

Então, foi até o quarto de quem não estava, pensando que talvez houvesse apenas indisposição, mas lá encontrou a cama arrumada e a cortina dançando ao som do vento sobre a janela aberta. Mais uma vez ausência? Os seus olhos se encheram de lágrimas, pressentindo que a falta daquele dia se repetiria no porvir. Deixando de estar vira nunca mais.