28 de agosto de 2019

Vem aí Respeitável Benjamim

Olá amigos leitores. Espero que estejam bem. Venho comunicar que o meu próximo trabalho literário será publicado em breve em formato digital. O título do livro/conto se chama Respeitável Benjamim e se passa em um palco de teatro. 

Vejam a capa em primeira mão:


São quase oitenta páginas com muita referência á espetáculos teatrais e musicais. Literários também. Compartilho a sinopse:

Esta é a história de um menino que queria um novo nome que começasse com a letra A. Enquanto pensa sobre o assunto em sua confortável cadeira, recebe a visita de uma amiga que veio para levá-lo para casa. Decidido a não voltar, com o objetivo de mudar a própria história, Benjamim conhecerá personagens fantásticos que lhe farão refletir sobre o tempo, fim e destino.  Respeitável Benjamim é um conto nada convencional que se passa em um palco de teatro, cujos personagens interpretam outros personagens numa alegoria sobre vida e realidade.  

O livro estará disponível para ser adquirido na loja de e-books da Amazon e custará apenas R$ 5,99. Há previsão de que ele também esteja disponível para ser adquirido por aqui. 

Um trecho: 

— Hoje uma coisa, amanhã outra! Um botão, uma flor e então pétalas secas. Feridas, cicatrizes! Tristeza, alegria! Dia, noite, meses, anos, décadas, centenas, milhares, eu, o sempre. Seguir, pode ouvir? Tic-tac, tic-tac, o tempo flui. O pequeno Benjamim que não gosta do próprio nome e que tem apenas uma cadeira, permanece preso por muitos anos. Seu crime? Quem liga. Mas Dia e Noite dançam (o tango volta a tocar), o tempo passa e com ele os dias de cárcere. Ele então é libertado, mas já não é mais quem era. Quem é Benjamim agora?

O livro será lançado no dia 27 de setembro de 2019. Fiquem ligados! 

Abraço. 
Paul  


20 de agosto de 2019

Macunaíma de Mário de Andrade


Sem nenhuma identidade


Publicado em 1928, Macunaíma é considerado pela crítica literária como a obra-prima do escritor Mário de Andrade. O livro narra a vida do personagem de dá nome ao título da obra, tido como herói sem caráter, desde sua infância com os índios da tribo em que nasceu até sua morte já longe dos seus e de sua cultura. 

A história de Macunaíma começa com sua pré-disposição em "brincar" com as índias. Mesmo em tênue idade, o herói, como Macunaíma é chamado por toda a história, aprende sobre os prazeres da carne. Aliás esta é uma das características mais recorrentes do herói. Ao se engraçar com Ci, a Mãe do Mato, Macunaíma recebe de presente o  Muiraquitã, uma espécie de talismã em forma de animal. No entanto, o herói perde o objeto precioso e a história foca em seu empenho para reaver o artefato que agora se encontra sob a guarda Piaimã, o gigante comedor de gente.  Com toda a sua esperteza, junto de seus dois irmãos, Macunaíma enfrentará o gigante que está desfaçado de rico burguês na cidade de São Paulo. 

Mário de Andrade concebeu uma obra peculiar ao se valer de palavras indígenas e de falsa simplicidade em seus diálogos. A verdade é que Macunaíma é de difícil compreensão, pois os personagens possuem bagagem ideológica indígena, perdida já naqueles tempos. São lendas, mitos e tradições que se foram com os habitantes originais do Brasil (tão estranhas a nós). Este fato funciona como uma crítica á identidade brasileira. Em algumas passagens Macunaíma se rebela contra a cultura de São Paulo; contando sua própria versão sobre um fato. Deuses, estrelas e personagens que divergem do que ele aprendeu na aldeia e que não aceita. Sua batalha contra o gigante nem parece mais tão importante, já que sua estadia em terras tão diferentes vai lhe tirando o prazer pela vida. 

Há um estereótipo de que Macunaíma é um retrato do brasileiro moderno, por conta da sua preguiça, falta de caráter e despreocupação. Na obra, no entanto, tive a ideia de um índio perdido; alguém que tenta lutar contra o fim de sua própria crença. Uma luta difícil e covarde. Ao final, Macunaíma se junta aos seus e dá nome a uma constelação que podemos ver bem.

Um livro único, difícil e de leitura lenta, mas edificante. Por vezes se faz necessário pesquisar alguma palavra indígena e há outras que nem são encontradas, o que pode dificultar a compreensão. O autor diz em suas notas da edição algumas ferramentas que os leitores devem usar para entender melhor a obra, bem como esclarece que gastou pouco mais de seis meses para escrever Macunaíma. 

Fica a breve resenha e dica.  
Abraço! 
Paul Law

           

12 de agosto de 2019

O maior presente do mundo



— O que eu vou dar de presente pro papai? — perguntou Lívia à mãe que organizava a louça lavada. 
Marcela deu de ombros, os olhos baixos, concentrada em seus afazeres, mas atenta ao dizeres da filha. Respondeu: 
— Um boné? Uma bermuda, um jogo de videogame. Acho que seu pai ia gostar de um jogo novo, o que acha? 
 Lívia tinha oito anos e sabia que precisaria da ajuda da mãe para presentear o pai com alguma daquelas sugestões. Não que fosse má ideia, só que não era isso que ela queria; pensava em algo que pudesse providenciar por si mesma... 
— Vamos fazer uma carta pra ele — sugeriu Tina, a irmã mais nova. 
Cristina tinha cinco anos e dera justamente a solução de que Lívia precisava. Era isso! Algo que ela poderia fazer. 
— Boa ideia, Tina! Podemos fazer mais do que isso! Você me ajuda?
Então, as duas começaram a preparar o presente. Lívia pegou uma caixa de papelão retangular de bom tamanho. Tina trouxe o guache e os pincéis.
— Você pinta este lado e eu vou escrever desse outro — falou Lívia.
Ela escreveu “Papai”. Com canetinha fez desenhos de bigode e gravata. Fez dois furinhos nas extremidades e os usou para prender o fio dourado que pegou de um embrulho velho. Ao final tinha uma elegante alça. 
— A caixa está pronta — constatou Tina. — Agora falta o que vai dentro. 
— O conteúdo vai ser o que você disse que ia ser. Vou fazer uma carta bem grande, cheia de desenhos! 
— Eu também!
As duas destacaram várias folhas do caderno de espiral que usavam para desenhar e começaram a escrever e fazer desenhos. Depois, usaram cola para formar um livreto e deixaram secar. 
— O que acha da gente colocar mais coisa? — perguntou Tina. 
— A caixa é grande mesmo, mas não tem mais nada pra colocar.
Marcela observou atentamente o trabalho das filhas naqueles dias. Deu uma sugestão:
— Vou ao mercado hoje e posso trazer bombons, balas. 
— Bala de café. O papai adora café — falou Lívia. 
De tarde o presente estava feito. Três bombons, quatro balas de café e uma de canela estavam por cima de dois livretos coloridos, dentro de uma caixa pintada e desenhada. 
— Agora é só esconder e dar pro papai no dia dos pais — finalizou Marcela. 
 No domingo dos pais Joaquim acordou por volta das nove horas. Fez sua higiene matinal e colocou o café no fogo. Não demorou muito para Lívia e Tina chegarem à cozinha com a caixa de papelão especial. Entusiasmadas entregaram ao pai e deram-lhe um gostoso abraço. Depois de constatar todas as coisas que estavam na caixa, ler as cartas e se emocionar com os dizeres de suas filhas, ele agradeceu. Falou:
— Tem muitos pais e presentes por aí não é? Uns devem ter ganhado camiseta, sapatos ou bermuda. Outros, mais ricos, um relógio, um celular, uma televisão. Deve ter pai mais rico ainda que ganhou ou comprou pra si mesmo um carro novo, uma casa.  Tem muitos carros e casas por aí. Sapatos também. Só que não tem outra caixa dessa no mundo inteiro, já pensaram nisso? Essa caixa, essas cartinhas são únicas, só minhas! Então, eu penso que sou um pai muito especial e feliz que acabou de ganhar o maior presente do mundo! Na verdade, o maior presente é a presença de vocês, minhas filhas. 

Paul Law, Mogi Guaçu, 12 de agosto de 2019.