17 de dezembro de 2019

Presente de Natal



Nesta época do ano fala-se muito em presente. Em embrulhos bonitos, objetos caríssimos e felicidades momentâneas. Afinal, quem é que não gosta de ganhar presentes? Muitas vezes, ocorre uma troca; uma desculpa para se adquirir o desejado produto. Eu te presenteio com aquele celular e você me dá um computador novo. Outras vezes nos permitimos comprar algo que almejávamos há tempo. É Natal e eu mereço um presente. Ah, e tem o Amigo Secreto, aquela tradicional troca de premiações que ocorre entre amigos, familiares ou colegas de trabalho.

Não digo que é ruim dar e ganhar presentes, mas gosto mais de usar esta palavra como derivada de presença. Sabe, estar presente? Passar os dias de festas com entes queridos, ouvi-los, abraçá-los ou simplesmente ficar do lado deles? Já aconteceu de você se sentir melhor apenas por estar perto de alguém que te ama? Deixar-se estar com sua família, seus filhos sem esperar algum gatilho para começar a ser feliz. Tem pessoas dizendo pro aí que ser não tem nada a ver com ter e eu gosto de acreditar nisso. Não sou ingênuo nem corajoso o bastante para desvincular totalmente uma coisa da outra, mas gosto de me sentir livre. Então, se sou livre não preciso ter para ser; posso ser agora o que quiser, inclusive feliz, alegre. Por outro lado, ter coisas não é uma má ideia se for justo e necessário. O ter importante é sempre aquele que se acaba e não se pode conseguir outro. Sabe, uma tarde com seu pai ou um dia todo com um filho? O ter que se vai e não se recupera tem ligação com o tempo e isso é meio triste. Tempo não volta. 

Desejo a você que aproveite o seu tempo neste fim de ano, sendo presente na vida daqueles que se importam com você e tendo alegrias que não podem caber em uma caixinha (ou caixona). 

Feliz Natal! 

Paul Law 

27 de novembro de 2019

Entrega do Troféu Arte em Movimento 2019


Na noite de sábado, dia 9 de novembro de 2019 ocorreu a entrega do Troféu Arte em Movimento em Mogi Guaçu. A premiação é uma iniciativa do artista plástico Zép (José Pereira de Souza) e este ano atingiu marcas expressivas, sendo entregue até mesmo fora do país e para personalidades. 

Em nossa cidade a entrega ocorreu no auditório da Escola Luiz Marrtini e contou com a presença de vários homenageados. Dirigida pelo incentivador cultural Jameão, o evento contou com a presença do grupo de rap Inspirados, as poetisas Fátima Fílion e Maria Ignez Pereira. Também esteve por lá o escritor Marcos Cunha, Ubaldino e Rosely Rodrigues. Muitos outros fomentadores culturais compareceram; expoentes da música, dança, literatura, teatro e artes marciais. 

São palavras do Zep sobre o evento: "O Arte em Movimento tem o objetivo de valorizar aqueles artistas que não são vistos pela grande mídia, mas que fazem muito pela Arte." 

É um prêmio muito especial que já se tornou tradicional. Eu estava lá também e agradeço por ter sido lembrado. 

Veja algumas fotos do evento:








Fica o registro!
Abraço.
Paul Law
        

24 de outubro de 2019

Zelota - A Vida e a Época de Jesus de Nazaré




Mais humano menos Deus

A figura de Jesus de Nazaré, seja aos cristãos ou a qualquer religião, sempre foi conhecida. Para alguns o Filho de Deus, para outros um profeta importante, ou, ainda, para outros, apenas um judeu que viveu um período conturbado da história judaica. A verdade é que além dos textos escritos bem depois de sua morte, poucas informações existem sobre a vida de Jesus. Reza Aslan, um conhecido estudioso de religiões, em Zelota - A Vida e a Época de Jesus de Nazaré, tenta resgatar a figura histórica do homem que mudou o mundo.

O livro é dividido em duas partes, sendo a primeira destinada a contar o período histórico pelo qual passava Jerusalém quando Jesus viveu. A segunda é mais específica sobre Jesus. O autor embasa parte de seus relatos em fontes históricas, principalmente nas do historiador Cícero de Roma que escreveu bastante sobre Jerusalém por causa do governante do local Herodes, homem bem quisto pelo Império Romano. Reza Aslan explica que é muito difícil traçar uma história totalmente baseada em fatos por conta do tipo de texto que se praticava na época. Não havia distinção entre realidade e ficção. Os textos além de precários e confusos, serviam a um propósito pré-definido. Naquele tempo não se pensava em registrar algo como ocorreu de fato, mas o que aqueles fatos significaram à comunidade. Mesmo assim, Aslan tenta estabelecer veracidade comparando textos, interpretando-os e sugerido possíveis razões. Neste contexto, ele ressalta a importância do período turbulento entre Jerusalém e Roma, a importância de se ter um Messias para resgatar a identidade de um povo quase totalmente dizimado pela fúria da guerra; a importância de pessoas como Paulo que levaram o Evangelho para os Judeus dispersos. 

Os milagres, ou seja, a manifestação de poderes sobrenaturais não é contestada pelo historiador, já que não conseguiu fontes para refutá-los. Quando fala desse assunto ele explica que era comum aos pretensos messias da época realizarem prodígios, mas que observou especificamente que muitos textos relatam os feitos sobrenaturais de Jesus, o que, num primeiro momento, pode dar-lhes certa veracidade.

Zelota, o título do livro, é a definição de uma ramificação do Judaísmo, formada por pessoas dispostas a lutar com mais disposição pela Lei de Moisés. Reza com seus estudos tenta estabelecer relação entre o movimento Zelota e Jesus de Nazaré.  

É um livro muito interessante que apresenta uma versão bem humana de Jesus; aproximando-o do Mundo e das pessoas. Uma leitura pontuada e coesa, cujas fontes tomam boa parte do livro e também ensinam. 

Fica a dica e a resenha. 
Abraço
Paul Law    

8 de outubro de 2019

Café Literário - Projeto Alimento Intelectual


O projeto “Café Literário”, coordenado pelo Bibliotecário e poeta José Francisco NUNES GUERREIRO, é um dos desmembramentos do projeto “Alimento Intelectual” que nessa etapa propõe uma reunião descontraída com alunos que produzem literatura com seus familiares. Ao invés de tomarem o café da tarde em casa, foram convidados para fazê-lo nas dependências da ETEC Euro Albino de Souza criando um ambiente de convivência familiar com a educação escolar. Mães, alunos e convidados trouxeram bolo, bolachas e chá. O primeiro encontro ocorreu no dia 21 de setembro de 2019. 




A estrutura foi montada no espaço das refeições normais dos alunos com o apoio da equipe da rádio ETEC preparando microfone, púlpito e fundo musical; a aluna Laiane foi a fotógrafa de todo o evento e a equipe de comunicação do curso de Desenvolvimento de Sistemas ficou responsável pela transmissão ao vivo pelas redes sociais.



Após as declamações e já em momento de descontração e bate papos chegaram o escritor e advogado de Mogi Guaçu Paulo Scollo Junior (Paul Law) acompanhado da poeta e trovadora Maria Ignez (de 89 anos de idade), também de Mogi Guaçu.

A apresentação iniciou-se as 16:15 horas e encerrou as 17:30 horas. Com a mediação do bibliotecário as alunas declamaram poesias autorais seguidas de comentários das mães e reflexões do professor coordenador de área Guilherme Caruso Rodrigues. Instigadas a comentarem seus trabalhos literários, as alunas corresponderam.



Encerradas as declamações o momento foi destinado exclusivamente para a finalização do café com a interatividade de diálogos entre autoras e seus familiares que, não se conheciam, proporcionando um momento ímpar do evento.

A próxima etapa do projeto é coletar as produções do todos os alunos e buscar caminhos de viabilizar a publicação física de uma Antologia de escritores e poetas da ETEC Euro Albino de Souza -Mogi Guaçu/SP. 

27 de setembro de 2019

Lançamento de Respeitável Benjamim



Hoje, 27 de setembro de 2019 é uma data muito especial. Já está disponível para ser adquirido o meu mais novo trabalho literário, intitulado de "Respeitável Benjamim". Conforme minhas última postagens, trata-se de um conto que se passa em um teatro. São personagens encenando outros personagens numa alegoria sobre a vida. É uma obra que pode ser lida como um livro comum ou encenada em qualquer teatro. É um livro/peça.  

Tive muito prazer em escrever a história que agora compartilho. Vejam as capas alternativas que fiz para o e-book e mais algumas informações:

Sinopse 

Esta é a história de um menino que queria um novo nome que começasse com a letra A. Enquanto pensa sobre o assunto em sua confortável cadeira, recebe a visita de uma amiga que veio para levá-lo para casa. Decidido a não voltar, com o objetivo de mudar a própria história, Benjamim conhecerá personagens fantásticos que lhe farão refletir sobre o tempo, fim e destino.  Respeitável Benjamim é um conto nada convencional que se passa em um palco de teatro, cujos personagens interpretam outros personagens numa alegoria sobre vida e realidade 
 Para ouvir durante a leitura

“Sonata ao Luar” Beethoven
“Por Una Cabeza” Alfredo Le Pera
“Coração Triste” de Alberto Nepomuceno
“Valsa das Flores” de Tchaikovsky
“O Lago dos Cisnes” de Tchaikovsky
“Requiem” de Mozart
“Meditation fron Thais” de Jules Massenet
“La cambiale di Matrimonio” de Gioacchino Rossini”
“Te Deum Laudamus” de Santo Ambrósio e Santo Agostinho 
“Air” de Sebastian Bach
“O Mio Babbino Caro” de Gianni Schichi
“Marcha Fúnebre” de Frederic Chopin.
“Spring Waltz” de Chopin
Ler o primeiro capítulo gratuitamente

https://pt.calameo.com/books/006031110d20db614eaa9




Comprar o livro digital por R$ 5,99

https://www.amazon.com.br/dp/B07X6FFDSS

 Legal não é?

Grande abraço!
Paul Law



25 de setembro de 2019

Prévia de Respeitável Benjamim

O dia 27 de setembro está perto, não é? Nesse dia o livro "Respeitável Benjamim" poderá ser adquirido no site da Amazon por R$ 5,99. Enquanto lançamento não chega, compartilho uma prévia do livro disponível no Calaméo, veja só:



Ler mais publicações no Calaméo

Não ficou o máximo?

Pode comprar o livro digital aqui:


Casa
Trancada dentro de casa
Lamentando a solidão
Só fica quem não tem asa
Ou pouca imaginação.
                                                                 
Maria Ignez Pereira

Um abraço!
Paul Law 


18 de setembro de 2019

Opinião sobre "Respeitável Benjamim"



Amigos, hoje trago a opinião do presidente da Academia Guaçuana de Letras de Mogi Guaçu, Luís Braga Junior, sobre o meu livro Respeitável Benjamim. O Luís é um amigo querido e faz um bom trabalho a frente da Academia de Letras da minha cidade. Por falar na AGL, este mês ela completa 20 anos de existência. Parabéns para ela! 

Vejam o que o nobre amigo escreveu:

Gostaria de, em primeiro lugar, elogiá-lo pela sua postura de sempre valorizar autores que estão perto da gente. Achei ótimo você ter inserido uma estrofe da dona Maria Ignez Pereira. Ela merece!

Parabenizo-o também pela riqueza de detalhes. Você é muito bom no que faz. 

Além de um livro de ficção, o conteúdo é, sem dúvida, filosófico. Você trabalhou o paradoxo da existência de uma forma fina, elegante, respeitosa e sincera. 

Uma parte que eu gostei bastante foi "Como você me vê, Isalinda? (...) Não tenho os seus olhos..." Isso quer dizer que o nosso olhar pode ser influenciado. Não somos originais em nada, somos influenciados, inclusive, pelos genes dos nossos pais e você abordou isto no livro. 

Uma outra parte do livro que mexeu comigo foi "Creio que as palavras estão nos ouvidos de quem as escuta e não nos lábios de quem as diz". Sim, nobel escritor, todos os nossos sentidos estão contaminados. Fomos construídos com inúmeras partículas de outras existências - não, não estou defendendo a doutrina da reencarnação e sim que somos influenciados.

Você trouxe também a questão do tempo. Na minha humilde opinião, o tempo é somente um espaço de tempo onde nesses espaços as coisas acontecem. Não acredito que um problema possa ser resolvido com o tempo, ao contrário, pra mim, as coisas podem piorar com o passar do tempo. 

Outro tema muito bem elaborado foi o dilema da morte. Eu, sinceramente, anseio pela morte. Não, não estou depressivo. Anseio a morte porque desejo experiências que nunca tive. Lembremo-nos dos gregos: eros é o amor-desejo. Só desejo aquilo que ainda não tenho; quando tiver, deixarei de desejar. 

Caro confrade, são tantos os temas abordados por você na sua gostosa obra. Liberdade, coragem, existência são temas filosóficos, e detalhe, temas que eu amo. Questões que me fazem pensar e só existo quando penso. Tenho orgasmo intelectual quando reflito, por isso, digo: fora do orgasmo não há salvação. Aqui faço menção do orgasmo no sentido de efervescência de sentimentos, e, data vênia, percebi isso em você. Quando escrevemos, escrevemos sobre a gente ainda que seja uma ficção, assim sendo, seu livro tem a sua cara, o seu cheiro e o seu jeito questionador. Engraçado que, escrevemos e escrevemos, mas não temos respostas; deve ser por isso que continuamos a escrever. Os nossos escritos são tentativas de buscarmos a nossa identidade e o sentido da nossa existência.

Obrigado presidente! Suas palavras me deixam muito feliz.

Se vocês quiserem ler também o livro podem adquiri-lo aqui em caráter de pré-venda (o lançamento será no dia 27 de setembro). Eu adoraria saber a opinião de vocês sobre a obra.

Abraço. 
Paul Law

16 de setembro de 2019

Blog de cara nova e pré-venda de Respeitável Benjamim




Já reparou que estamos de cara nova? O blog mudou de aparência na semana passada, não ficou o máximo? O banner dinâmico no topo da página com os dizeres Paul Law é minha assinatura de verdade. Como ela vai se formando é exatamente como eu faço quado assino. Eu gostei muito! Ah, tem cores novas e botões também. Fontes. Tudo muito bonito. 

Aproveito a oportunidade para dizer que "Respeitável Benjamim" está prontinho para o lançamento. O livro está em pré-venda pelo Amazon, clique no link e adquira em primeira mão a obra por R$ 5,99:




Um abraço!
Paul 

6 de setembro de 2019

A Lei do Trinta está disponível para leitura



No site TopLeituras você pode ler o meu livro "A Lei do Trinta" gratuitamente, Veja só:




Não é legal?
Ah, ainda dá para baixar um resumo em pdf e acessar o link de compra do e-book. 

Se você quiser comprar o livro direto por R$ 5,99 clique aqui

Fica a dica.

28 de agosto de 2019

Vem aí Respeitável Benjamim

Olá amigos leitores. Espero que estejam bem. Venho comunicar que o meu próximo trabalho literário será publicado em breve em formato digital. O título do livro/conto se chama Respeitável Benjamim e se passa em um palco de teatro. 

Vejam a capa em primeira mão:


São quase oitenta páginas com muita referência á espetáculos teatrais e musicais. Literários também. Compartilho a sinopse:

Esta é a história de um menino que queria um novo nome que começasse com a letra A. Enquanto pensa sobre o assunto em sua confortável cadeira, recebe a visita de uma amiga que veio para levá-lo para casa. Decidido a não voltar, com o objetivo de mudar a própria história, Benjamim conhecerá personagens fantásticos que lhe farão refletir sobre o tempo, fim e destino.  Respeitável Benjamim é um conto nada convencional que se passa em um palco de teatro, cujos personagens interpretam outros personagens numa alegoria sobre vida e realidade.  

O livro estará disponível para ser adquirido na loja de e-books da Amazon e custará apenas R$ 5,99. Há previsão de que ele também esteja disponível para ser adquirido por aqui. 

Um trecho: 

— Hoje uma coisa, amanhã outra! Um botão, uma flor e então pétalas secas. Feridas, cicatrizes! Tristeza, alegria! Dia, noite, meses, anos, décadas, centenas, milhares, eu, o sempre. Seguir, pode ouvir? Tic-tac, tic-tac, o tempo flui. O pequeno Benjamim que não gosta do próprio nome e que tem apenas uma cadeira, permanece preso por muitos anos. Seu crime? Quem liga. Mas Dia e Noite dançam (o tango volta a tocar), o tempo passa e com ele os dias de cárcere. Ele então é libertado, mas já não é mais quem era. Quem é Benjamim agora?

O livro será lançado no dia 27 de setembro de 2019. Fiquem ligados! 

Abraço. 
Paul  


20 de agosto de 2019

Macunaíma de Mário de Andrade


Sem nenhuma identidade


Publicado em 1928, Macunaíma é considerado pela crítica literária como a obra-prima do escritor Mário de Andrade. O livro narra a vida do personagem de dá nome ao título da obra, tido como herói sem caráter, desde sua infância com os índios da tribo em que nasceu até sua morte já longe dos seus e de sua cultura. 

A história de Macunaíma começa com sua pré-disposição em "brincar" com as índias. Mesmo em tênue idade, o herói, como Macunaíma é chamado por toda a história, aprende sobre os prazeres da carne. Aliás esta é uma das características mais recorrentes do herói. Ao se engraçar com Ci, a Mãe do Mato, Macunaíma recebe de presente o  Muiraquitã, uma espécie de talismã em forma de animal. No entanto, o herói perde o objeto precioso e a história foca em seu empenho para reaver o artefato que agora se encontra sob a guarda Piaimã, o gigante comedor de gente.  Com toda a sua esperteza, junto de seus dois irmãos, Macunaíma enfrentará o gigante que está desfaçado de rico burguês na cidade de São Paulo. 

Mário de Andrade concebeu uma obra peculiar ao se valer de palavras indígenas e de falsa simplicidade em seus diálogos. A verdade é que Macunaíma é de difícil compreensão, pois os personagens possuem bagagem ideológica indígena, perdida já naqueles tempos. São lendas, mitos e tradições que se foram com os habitantes originais do Brasil (tão estranhas a nós). Este fato funciona como uma crítica á identidade brasileira. Em algumas passagens Macunaíma se rebela contra a cultura de São Paulo; contando sua própria versão sobre um fato. Deuses, estrelas e personagens que divergem do que ele aprendeu na aldeia e que não aceita. Sua batalha contra o gigante nem parece mais tão importante, já que sua estadia em terras tão diferentes vai lhe tirando o prazer pela vida. 

Há um estereótipo de que Macunaíma é um retrato do brasileiro moderno, por conta da sua preguiça, falta de caráter e despreocupação. Na obra, no entanto, tive a ideia de um índio perdido; alguém que tenta lutar contra o fim de sua própria crença. Uma luta difícil e covarde. Ao final, Macunaíma se junta aos seus e dá nome a uma constelação que podemos ver bem.

Um livro único, difícil e de leitura lenta, mas edificante. Por vezes se faz necessário pesquisar alguma palavra indígena e há outras que nem são encontradas, o que pode dificultar a compreensão. O autor diz em suas notas da edição algumas ferramentas que os leitores devem usar para entender melhor a obra, bem como esclarece que gastou pouco mais de seis meses para escrever Macunaíma. 

Fica a breve resenha e dica.  
Abraço! 
Paul Law

           

12 de agosto de 2019

O maior presente do mundo



— O que eu vou dar de presente pro papai? — perguntou Lívia à mãe que organizava a louça lavada. 
Marcela deu de ombros, os olhos baixos, concentrada em seus afazeres, mas atenta ao dizeres da filha. Respondeu: 
— Um boné? Uma bermuda, um jogo de videogame. Acho que seu pai ia gostar de um jogo novo, o que acha? 
 Lívia tinha oito anos e sabia que precisaria da ajuda da mãe para presentear o pai com alguma daquelas sugestões. Não que fosse má ideia, só que não era isso que ela queria; pensava em algo que pudesse providenciar por si mesma... 
— Vamos fazer uma carta pra ele — sugeriu Tina, a irmã mais nova. 
Cristina tinha cinco anos e dera justamente a solução de que Lívia precisava. Era isso! Algo que ela poderia fazer. 
— Boa ideia, Tina! Podemos fazer mais do que isso! Você me ajuda?
Então, as duas começaram a preparar o presente. Lívia pegou uma caixa de papelão retangular de bom tamanho. Tina trouxe o guache e os pincéis.
— Você pinta este lado e eu vou escrever desse outro — falou Lívia.
Ela escreveu “Papai”. Com canetinha fez desenhos de bigode e gravata. Fez dois furinhos nas extremidades e os usou para prender o fio dourado que pegou de um embrulho velho. Ao final tinha uma elegante alça. 
— A caixa está pronta — constatou Tina. — Agora falta o que vai dentro. 
— O conteúdo vai ser o que você disse que ia ser. Vou fazer uma carta bem grande, cheia de desenhos! 
— Eu também!
As duas destacaram várias folhas do caderno de espiral que usavam para desenhar e começaram a escrever e fazer desenhos. Depois, usaram cola para formar um livreto e deixaram secar. 
— O que acha da gente colocar mais coisa? — perguntou Tina. 
— A caixa é grande mesmo, mas não tem mais nada pra colocar.
Marcela observou atentamente o trabalho das filhas naqueles dias. Deu uma sugestão:
— Vou ao mercado hoje e posso trazer bombons, balas. 
— Bala de café. O papai adora café — falou Lívia. 
De tarde o presente estava feito. Três bombons, quatro balas de café e uma de canela estavam por cima de dois livretos coloridos, dentro de uma caixa pintada e desenhada. 
— Agora é só esconder e dar pro papai no dia dos pais — finalizou Marcela. 
 No domingo dos pais Joaquim acordou por volta das nove horas. Fez sua higiene matinal e colocou o café no fogo. Não demorou muito para Lívia e Tina chegarem à cozinha com a caixa de papelão especial. Entusiasmadas entregaram ao pai e deram-lhe um gostoso abraço. Depois de constatar todas as coisas que estavam na caixa, ler as cartas e se emocionar com os dizeres de suas filhas, ele agradeceu. Falou:
— Tem muitos pais e presentes por aí não é? Uns devem ter ganhado camiseta, sapatos ou bermuda. Outros, mais ricos, um relógio, um celular, uma televisão. Deve ter pai mais rico ainda que ganhou ou comprou pra si mesmo um carro novo, uma casa.  Tem muitos carros e casas por aí. Sapatos também. Só que não tem outra caixa dessa no mundo inteiro, já pensaram nisso? Essa caixa, essas cartinhas são únicas, só minhas! Então, eu penso que sou um pai muito especial e feliz que acabou de ganhar o maior presente do mundo! Na verdade, o maior presente é a presença de vocês, minhas filhas. 

Paul Law, Mogi Guaçu, 12 de agosto de 2019.

23 de julho de 2019

Negrinha - Monteiro Lobato


Contos de um Brasil em busca de identidade


Negrinha é um livro de contos de Monteiro Lobato, publicado no ano de 1920, cuja temática, geralmente, é sobre o papel do negro na sociedade brasileira logo após a abolição da escravatura. O primeiro conto, o que dá título ao livro, já foi transcrito integralmente aqui no blog (veja). 

Além de Negrinha, a história de uma garotinha criada por uma antiga senhora de escravos, temos outros contos, dentre eles:  Fitas da Vida, O drama da geada, O Bugio moqueado, O jardineiro Timóteo e O colocador de pronomes. Estes citados fizeram parte da primeira edição do livro, sendo que Os pequeninos, A facada imortal, A policetemia de Dona Lindoca, Duas cavalgaduras, O bom marido Marabá, Fatia de Vida e outros, vieram na segunda edição. A edição que tive acesso conta com o total de 22 contos.

Uma coletânea peculiar de histórias curtas que descreve um Brasil de transição no inicio do século XX. Muitos contos mostram que a abolição da escravidão na prática não mudou a situação do negro. Pelo contrário, o negro passou a ser ainda mais maltratado, uma vez que os antigos senhores ficaram com raiva pela perda de direitos. Tal lei, segundo Monteiro Lobato, fez com que a identidade dos escravos até então muito bem sedimentada, ficasse em xeque. 

Obviamente que os contos não se resumem à escravidão. Em outras histórias Lobato discorre sobre o ego humano, como, por exemplo, em "A Policetemia de Dona Lindoca", cuja doença de nome chique proporciona importância à doente. Fala sobre a maldade, o instinto e tantos outros atributos da alma humana. Em o Colocador de Pronomes, o autor brinca com o emprego dos pronomes lhe e te de forma criativa. 

Em suma, uma pérola de nossa Literatura que descortina uma Monteiro Lobato maduro, senhor do seu tempo e bem avesso ao mundo de fantasia do Sítio do Pica-pau Amarelo. 

Fica a breve resenha e a dica! 
Abraço.
Paul Law.    


   

5 de julho de 2019

Benjamim e Vaidosa



Benjamim se senta em sua cadeira, mas outra princesa chega dançando. Ele a acompanha com a cabeça, enquanto ela se apresenta, meticulosa. É uma exímia dançarina, tem um corpo belo, as pernas fortes. Parece flutuar. A música termina e a bailarina faz uma reverência à plateia. Eles batem palmas. Ela pede mais palmas. A plateia a atende. 
— Bravo! — Benjamim também bate palmas, sentado. 
— Saudações. Sou Vaidosa, a mulher mais bonita do mundo. 
— De certo não é modesta. 
— Obviamente — ela pede mais uma salva de palmas, mas poucos correspondem ao pedido. 
— Venho informar que você terá a grande honra de ser meu esposo. Dentre os homens mais belos de todos os cantos da Terra, eu Princesa Vaidosa escolhi Benjamim para ser meu companheiro. É uma honra singular, percebe? 
— Não estou muito certo disso. 
— Ainda nem te contei a melhor parte, ouça. Tudo o que toco permanece belo para sempre! Se formarmos um casal, poderei dar um jeito nesse seu cabelo crespo, nessa sua cor. Talvez até na cadeira... 
— Agradecido, mas tenho um conceito diferente de beleza. Não me acho feio, posso adiantar. O belo para mim tem a ver com natureza. Tudo que existe sem interferência humana é bonito. Claro que o que o homem modifica também pode ser considerado bonito, vai de cada um, mas eu vejo tal beleza de forma artificial. Quando você mudar o meu cabelo, por exemplo, deixando-o liso, muitos julgarão bonito. Eles acostumaram a ver cabelos lisos por aí e pensam que é bonito por padrão. Só que é um engano, pois os cabelos crespos combinam perfeitamente com as cabeças que estão por baixo. O meu é perfeito! Veja que o nariz, a boca, os olhos, tudo está no seu devido lugar e se observado em conjunto notará a beleza de que falo. Ser único já é suficiente para ser belo. 
— Não tem vontade de ser considerado bonito pelas outras pessoas? De ouvir: ali vai Benjamim, o mais belo. Eu adoro ouvir elogios!
— Bobagem. 
— Não importa, ouviu bem minha proposta? Se não quer ser belo, eu entendo, mas não compreendo não desejar a esposa mais linda. Para falar a verdade, se não é e nem faz questão de ser bonito não me merece como companheira. Agora sou eu que não quero mais me casar com você. Passar bem!
Sai Vaidosa pela direita pisando alto. Duas das três princesas que ainda faltam se apresentar ficam apreensivas.

Paul Law, Mogi Guaçu, 20 de maio de 2019.

25 de junho de 2019

Crônica do Pássaro de Corda - Haruki Murakami




Um mundo oculto 

Haruki Murakami é um escritor japonês que mora dos Estados Unidos. Fortemente influenciado pela cultura ocidental,  tem um modo todo peculiar para escrever. Neste romance intitulado como Crônica do Pássaro de Corda ele deixa aflorar toda a sua capacidade imaginativa, criando um mundo (ou mundos) fantástico e intrigante.

A história começa com o desaparecimento do gato Noburu Wataya de Okada e Kumiko, um típico jovem casal japonês. Okada acabou de deixar o emprego de auxiliar num escritório de advocacia e ainda não encontrou uma nova profissão, ficando a sua cargo os afazeres domésticos. Kumiko é quem trabalha fora, numa revista. É dela a ideia de pedir ao marido que encontre o gato sumido, utilizando os serviços de uma detetive espiritual chamada Malta Kano. Como avançar da história, descobre-se que o sumiço do gato tem a ver com um problema mais complexo; que envolve outras pessoas e mundos. A esposa de Okada confessa traí-lo e deixa a residência, desaparecendo completamente. A vida de ambos corre perigo se Okada tentar reencontrar a esposa. É exatamente isso que o Pássaro de Cordas fará.

O livro de quase oitocentas páginas é um emaranhado de histórias sóbrias e pontuadas no tempo misturadas ao fantástico, sobrenatural. Não é clara a relação dos fatos, deixando ao leitor a tarefa de fazer relações. O conceito de "mundo dos espíritos" é fortemente explorado na obra. Um local sem tempo ou espaço acessível apenas pelos desenvolvidos espiritualmente. Coisas acontecidas neste além influenciam o mundo como conhecemos. O autor é criativo ao "dar vida" às personagens. Cada uma tem suas características peculiares; Creta Kano, por exemplo, é uma prostituta espiritual. Pessoas comuns e fantásticas perpassam pelos dias de Okada e o ajudam a descobrir o que verdadeiramente ocorreu com sua esposa e como ele poderá salvá-la. 

Bem, o próprio personagem principal tem seus problemas. Ele não tem renda, não tem perspectiva de vida e encontra-se no fundo do poço. Passa um tempo de verdade no fundo de um poço e é isto que o faz "ser iluminado" pela verdade. Ou parte dela; uma chama que o faz buscar tudo. É que Okada tem certa sensibilidade... No final, ficamos com a impressão de ter lido uma história longa, bem contada e não tão bem amarrada. O ponto positivo é que o desfecho não é o esperado, fugindo do clichê das histórias do gênero; aqueles em que o cavaleiro salva a donzela. 

Em suma, uma história não linear, fragmentada e longa, cujo final é original. Espaço, tempo e realidade são aspectos constantes em Crônicas do Pássaro de Corda, numa abrangência original e cativante. Fica a dica e a breve resenha, dado o tamanho da obra. 

Abraço.
Paul Law  

3 de junho de 2019

Espaço Pequeno



Que possamos fazer por merecer antes de pedir. O merecimento está nos olhos dos outros e quando ele estiver nos nosso, que não seja em relação a atos próprios. Reclamar também não é prudente; que o tempo gasto com o inconformismo seja dispendido com adaptação. Por último e mais importante, que o espaço que ocupamos no mundo seja pequeno, mas de ausência sentida. 


Paul Law, Mogi Guaçu, 03 de junho de 2019 

   

28 de maio de 2019

MOSTRA DE LITERATURA POPULAR ASSIS ODERAN

Ocorreu no final de semana passado, nos dias 25 e 26 de maio de 2019, a 2ª Mostra Literária Popular Assis Oderan. O evento foi realizado na Chácara Silvestre em São Bernardo do Campo e contou com a participação de vários artistas da região.

O Artista Plástico José Pereira de Souza, o Zep, é o organizador da Mostra Literária. Jamelão, criador do projeto Anjos da Rua e Inspirados aqui de Mogi Guaçu esteve presente e representou nossa cidade no evento cultural. Ele conferiu a obra de dois escritores guaçuanos na Mostra: Marcos Cunha e Paul Law.

Veja algumas imagens do evento:

Zep ao lado do poeta Assis Oderan, o artista que leva o nome da Mostra Literária
A apresentação do Grupo de Capoeira São Bernardo


Vários artistas participaram!

Ester, O Segredo da Lancheira e A Menina que Tinha Medo de Barata estavam lá

Os livros de Marcos Cunha

Zep e Jamelão expondo os nossos livros!

Sucesso!

Fica registrado o meu agradecimento ao Zep por acreditar em nós; por dar espaço e voz à Cultura do povo. Ao Jamelão por nos representar e sempre acreditar nos nossos meninos.

Fica o registro!
Abraço.       

17 de maio de 2019

Benjamim e Famosa



A música do começo do ato começa a tocar e Benjamim dança com as outras cinco princesas. Quando a música cessa, uma delas está nos braços do rapaz. É uma mulher ofegante, forte, magra, de cabelos louros, arrumados num coque tradicional. 
— Saudações, sou Princesa Famosa. Case-se comigo, Benjamim, e terá reconhecimento. Por todos os séculos se lembrarão do menino e sua cadeira; falarão o nome Benjamim em teatros do mundo todo. Esta peça receberá prêmios, você títulos. Que tal? 
— Devo admitir que você mexe comigo. Desde o momento em que entrou no palco, chamou minha atenção por causa dos seus olhos de ressaca tal qual Capitu de Machado — Benjamim, desvia os olhos do rosto de Famosa. — És perigosa, penso. O ego é terrível, minha cara princesa.
— Ora, vamos. Pense mais em si mesmo. Não acha que merece ser reconhecido? Que sua história é importante? Não é disso que se trata este grande espetáculo? Sei que sim, eu te conheço...
— Não duvido. Mas, veja, se eu fizer algo pensando em reconhecimento não estarei agindo com segundas intenções? Não foi Kant que ensinou às pessoas a evitarem a agir pensando num resultado? Uma ação é uma ação, não duas! Então, se eu ajudar alguém com a intenção de ser ajudado por esta pessoa numa outra ocasião não seria apenas uma ação? A ação de cobrar mais tarde. Eu seria uma péssima pessoa se minhas ações fossem assim, não acha? 
— Todos fazem isso. 
— Talvez, mas eu não quero ser como todos. Já não sou, não vê? Busco a liberdade; fazer o que tenho vontade. Penso que se eu não tiver vontade de ajudar alguém, não devo ajudar. Sei que parece horrível falar assim, mas é melhor deixar de agir do que agir com segundas intenções. É mais honesto. 
— Quem liga para o que é honesto, para o que é melhor? Cada qual se importa consigo mesmo. Os outros vão te admirar se fizer algo para eles, mesmo que cobre o favor depois. Além disso, quando estiver no topo, ninguém vai se lembrar dos seus defeitos! Não seja burro, Benjamim. Eu sei que você não é! 
— Sabes de mim, não nego. Admito que gosto de você, mas quero ouvir as outras pretendentes. 
— Eu vou, mas sempre estarei presente.

Paul Law, Mogi Guaçu, 22 de abril de 2019

2 de maio de 2019

Cheiro de Tarde



Quando o sol vai se pondo, as cores do dia, descolorindo e os pássaros começam a se amontoarem nas árvores, a Tarde começa a emanar o seu cheiro. O cheiro da Tarde me parece um misto de fim com começo, um cheiro de mato esfriando; de folha de eucalipto batida com cana-de-açúcar; minhoca revirada num potinho de pescar; água de açude. Tem som também, muitos, mas só consigo me lembrar do de água passando. 


Paul Law, Mogi Guaçu, 02 de maio de 2019