28 de fevereiro de 2020

A Gelateca da ETEC de Mogi Guaçu


Na sexta-feira passada, precisamente no dia 21 de fevereiro de 2020, fui conhecer uma geladeira diferente em uma escola técnica de minha cidade. Ela conserva alimentos culturais, não é o máximo? Os alunos da ETEC de Mogi Guaçu sob a orientação do poeta e bibliotecário Nunes Guerreiro transformaram uma geladeira velha em estante de livro! A ideia não é nova, verdade, mas projetos assim são necessários.  

O que é novo e que achei mais interessante é o visual da Gelateca (este é no nome que os alunos deram à geladeira). O objeto foi pintado em cores vibrantes, pichado de amarelo por frases culturais. Além disso, há diversos adesivos de poesias dos próprios alunos espalhadas por ela. "A geladeira fica aberta o dia todo, o pessoal passa por ela, pega um livro. Não é obrigatório devolver ou repor os livros, mas os alunos estão colaborando bastante. Eu vou controlando a quantidade de livros", foi o que me contou Nunes Guerreiro. 

Reparei que além das poesias há biografia dos jovens escritores grudadas da Gelateca. O responsável pelo projeto me disse que os alunos curtiram muito encontrar seus textos e biografias na geladeira; sentiram orgulho. 
Claro que eu também peguei um livro. Escolhi "O Amanuense Belmiro de Cyro dos Anjos. 


Eis aí o meu novo livro!

A Gelateca é parte de projeto maior desenvolvido na ETEC. Já falamos dele aqui no blog (veja a postagem aqui). A ideia é incentivar a leitura produção literária, preparando os jovens não só para o mercado de trabalho, mas para vida. 

As biografias dos alunos poetas!
Nunes Guerreiro e a Gelateca funcionando

Ah, eu preciso voltar lá para doar alguns livros e quem sabe pegar outros. Lembrando que em setembro terá a Feira do Livro da ETEC Euro Albino de Souza. Estão todos convidados. 

Muito legal! 
Paul Law    

13 de fevereiro de 2020

O Chalé no Fim do Mundo de Paul Tremblay


O fim do mundo está chegando

O Chalé no Fim do Mundo é um daqueles livros que possuem temática apocalíptica. Nele o autor Paul Tremblay trabalha fanatismo religioso, homossexualismo e horror (este último sua especialidade). 

A menina Wen passa agradáveis férias na companhia de seus dois pais, Andrew e Eric, em um chalé afastado quando um grupo de jovens invadem o local com a premissa de que um dos três deve se sacrificar para evitar o fim do mundo. Os quatro arautos do apocalipse tentam ser gentis e verossímeis, mas a família resiste. A situação foge do controle, mortes começam a ocorrer, assim como as calamidades que anunciam o fim de tudo. 

Confesso que o livro não me agradou muito. Com um começo promissor, cheio de mistério e abordando uma família formada por dois homens e uma criança chinesa, a expectativa para o deslinde da história era grande. No entanto, o autor não se preocupou em explicar nada aos seus leitores; são informações incompletas, jogadas sem polimento nas páginas do livro. Quando o mistério inicial vai se arrastando sem qualquer indício de solução, a leitura se torna frustrante e todo o rico enredo vai se desmoronando. Queria saber mais de Andrew ou Eric. Dos jovens que invadiram a casa da família. Uma morte bem previsível ocorre e a história acaba sem qualquer explicação. 

Talvez seja esse o estilo do autor, não sei. Talvez quisesse chocar pura e simplesmente, não sei também. Um livro que possui uma premissa muito interessante, mas que foi desenvolvida de um modo que não o favoreceu. Bem, pelo menos na minha opinião. 

Fica a breve resenha. 
Paul Law            

3 de fevereiro de 2020

Flores para Algernon de Daniel Keyes


Eu quero ser inteligente

Você sabia que Daniel Keyes escrevia roteiros de quadrinhos para o Stan Lee? Pois é, o autor de "Flores para Algernon" já tinha experiência com ficção científica quando decidiu escrever um livro. Na verdade, Keyes tem uma prosa bem desenvolvida e dinâmica, apresentando uma temática muito interessante nesta obra que resenho. Afinal, quem não gostaria de ficar inteligente cirurgicamente? 

Escrito em 1959, primeiramente em formato de conto, "Flores para Algernon" conta a história de Charles Gordon, um homem de trinta e dois anos que tem desenvolvimento mental retardado. Por causa do seu baixo Q.I. ele é escolhido para participar de um projeto revolucionário que promete aumentar sua inteligência cirurgicamente. Ah, Algernon é o nome do ratinho que passou pela cirurgia antes de Charlie. O procedimento foi um sucesso no roedor, o que motivou a equipe do professor Strauss a testar o método em humanos. Para deixar tudo registrado o professor sugere a Gordon que faça relatórios de progresso contando todo o processo. É por estes relatórios que toda a história se desenvolve. No começo Charles escreve muito errado. Não usa acentuação, escreve palavras erradas e orações curtas. Depois da cirurgia a escrita vai mudando devagar, bem como a vida do personagem. Seu desenvolvimento intelectual é rápido, as mudanças assustam, mas tudo bem. Charlie está feliz por finalmente ser inteligente e poder fazer parte da sociedade. Bem, até certo ponto...Com o avanço da compreensão ele reflete sobre o seu emprego na padaria; sobre seus colegas de trabalho, família e o relacionamento com a professora Alice no centro de desenvolvimento para adultos retardados. 

Como é de se esperar em contos dessa natureza, questões de identidade são levantadas. Quem é Charlie agora? Quem era antes? Quem será depois? Por vezes, Keyes quebra o conceito de realidade para promover encontros entre Charlies, mostrando traumas que influenciaram a personalidade do personagem e que ele nem se dava conta. Desenvolvendo-se com velocidade Charlie vai se conhecendo, lembrando da sua vida antes da operação e deduzindo. Sente raiva, orgulho, enfim, torna-se um ser completamente novo e que repudia qualquer forma de pena e sarro. Psicologicamente interessante Flores para Algernon é uma montanha russa!

Um livro que te prende desde o início, bem escrito e de desenvolvimento completo. Há um bom começo e um fim satisfatório. Claro que o final não é inusitado, mas não prejudica a reflexão. É com ele que entendemos o título do livro! Parece ser assim com a vida; as coisas tendem a voltar ao começo, não é? 

Recomendadíssimo. Melhor leitura do ano até agora. Fica a resenha e a dica. 
Abraço!
Paul Law