Deus é o culpado
Caim do renomado escritor português José Saramago é uma obra de cunho crítico, irônica e reflexiva sobre os prematuros acontecimentos bíblicos. Nela encontramos o início da humanidade analisado sob ótica distinta da apresentada pelas igrejas. Na verdade, o autor faz um estudo do que está escrito na Bíblia.
A história relata como Deus lidou com Adão, Eva e depois o protagonista Caim e seu irmão Abel. Como bem está escrito no texto bíblico, Caim assassina Abel quando Deus o desmerece em prol do irmão. A partir daí, Caim é marcado por Deus (uma marca em sua testa) e condenado ao exílio. Entretanto, este banimento é na verdade a sina de vagar pelo tempo e conferir outras atitudes divinas. Caim adquire consciência crítica e tira suas próprias conclusões dos acontecimentos que presencia e as fornece para nós leitores.
A reflexão principal da obra refere-se justamente sobre as atitudes do divino ao longo dos acontecimentos do Velho Testamento e se você é um religioso fervoroso esta obra não lhe é indicada. A análise aqui é de um autor capaz de ter suas próprias conclusões daquilo que está realmente escrito nas páginas bíblicas.
Não se pode deixar de lembrar que trata-se de uma ficção, mesmo levando em consideração o fato de o autor esconder esta informação; de tecer como se estivesse relatando o que de fato ocorreu. Ele mesmo justifica que como não há ninguém para o contradizer, já que estão todos mortos há muito tempo, o que narra é a pura verdade. Ainda esclarece que seu texto foi totalmente baseado na única prova confiável existente, o texto bíblico. A habilidade do escritor é notável e só é possível ter certeza da ficção pelo final da história.
José Saramago tem seu próprio modo de narrar. Os diálogos não obedecem a padrões conhecidos, a grafia de nomes próprios não são marcadas com início em letra maiúscula e a pontuação é distinta. Todas essas peculiaridades incomodam no início da leitura. Com o avanço dela o leitor se acostuma e uma “harmonia original” se estabelece.
Finalizando, Caim é a última obra do único escritor da língua portuguesa ganhador do Prêmio Nobel de Literatura, cuja leitura proporciona reflexão sobre tema tão polêmico, Deus. Lê-la, se entendida, pode ser esclarecedor ou perturbador.
Fica a resenha e a dica.
Achei o link da resenha pelo google man rs Vou tentar ler esse livro, pois é de um tema que muito me interessa, abraço!
ResponderExcluirOlá, Doug! É bom saber que você chegou até aqui pelo google. Tenho certeza que o livro será de ótima leitura. Um abraço, amigão!
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