O conceito de liderança, de chefe, responsável, presidente, sempre me fez pensar. Não é difícil atribuir um valor a estes termos. Há exemplos aos montes de líderes que se vangloriam do seu status; que invocam suas credenciais sem antes mesmo serem solicitadas. A ideia é estabelecer de imediato que há um desnível entre os envolvidos. Entretanto, como nos ensina G. K. Chesterton em seu O Que há de Errado com o Mundo (este título é uma lástima), liderança pode ser outra coisa.
O autor nos mostra que a liderança decorre de algo simples: da impossibilidade de poder entender o que todos estão falando ao mesmo tempo. Assim, cabe ao líder aquietar as vozes, através da sua audição atenta para só então proferir o desejo do grupo. Nesta visão não lhe cabe nenhum papel de destaque, de superioridade. Trata-se de um cargo prático e útil. O além, segundo Chesterton, não passa de ego exagerado.
Trazendo as lições de 1910 para os dias atuais fica quase impossível observar esta essência. Os motivos são muitos e complexos. A supervalorização do eu que tem por base o o comércio violento? As transformações estéticas, unidas à crise ética? Não é fácil apontar o dedo na direção correta. Fato é que esta premissa de mais de cem anos, por certo também baseada em outra mais antiga, tem um quê de verdade. Seria como se aquela palavra tão familiar e que usamos com frequência fosse apagada de nossa mente, embora sua familiaridade ainda se fizesse presente. Sabe quando você sente a palavra na ponta da língua, mas não consegue pronunciá-la?
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