O pedido de Ádria
Jorge era exímio
lutador, mas não era páreo para todos os demais cavaleiros virtuosos. Venceu
alguns com sua espada, feriu outros, mas logo teve sua arma desprendida do
braço. Rendeu-se. Miranda acompanhou tudo apreensiva.
— Ela escolheu a mim!
— argumentou o líder.
— Não a ouvimos dizer
isto.
— Pois diga, Miranda.
Diga a eles que vamos nos casar!
— Não — falou Miranda
— Caso-me com o cavaleiro mais habilidoso.
José Mendonça que a
tudo ouvia, exaltou-se.
— Eles se matarão! Tens
consciência disso?
Miranda deu de
ombros. Falou-lhe:
— Não aceitarei nada
além do melhor. Não sou gorda e feia como antes.
Notando que
disputavam a mão da mulher mais bela do mundo os cavaleiros desfizeram a união
de até então. A luta deveria ser individual e neste ponto, Jorge recuperou sua
vantagem. Hipnotizado por Miranda, atacou os próprios companheiros, vencendo-os
um a um, até permanecer sozinho diante da dama.
— Matei todos os meus
adversários para que reconhecesse minha bravura. Sou digno de ser teu marido.
— Tens razão, és
digno. Casaremos.
Um dos cavaleiros
virtuosos sobreviveu à disputa por Miranda e correu relatar tudo para rainha. Ele
chegou ao reino de Ádria dias depois e informou que Sir Jorge havia
enlouquecido, dizimando toda a sua tropa de cavaleiros e que casaria com uma
dama muito bonita, cujo nome era Miranda. A rainha se enfureceu. Dispensou o virtuoso
e caminhou até a saída do salão do trono.
— Preciso de sua
ajuda, meu pai.
Depois de dizer a si
mesma estas palavras, a rainha dirigiu-se até o antigo calabouço no qual
permaneceu morta e presa com o marido tempos atrás. Ela sabia que o local era
mágico. Sabia, também, como pedir ajuda dali. Suas decisões como chefe de
governo, muitas vezes vinham de lá.
O lugar estava
infestado de serpentes. As cobras capazes de transitar entre o mundo dos vivos
e o dos mortos. Ádria tinha poder sobre elas, desde sua ressureição.
— Tragam-me meu pai —
ordenou.
Todas as cobras
entraram na tumba da rainha e uma luz rubra emanou de lá. Mãos humanas apareceram,
antecedendo um corpo forte e nu. O homem se sentou. Sua pele era alva e
brilhante. Não dispunha de cabelos, o corpo todo marcado por símbolos mágicos.
— Filha boa, o que
desejas?
— Vingar-me. Dê-me o
poder para tanto.
— Sabes melhor do que
ninguém que nada do que disponho é de graça. O que tens para me dar em troca?
— Do que precisas?
O homem falecido
abriu os braços precários. Respondeu:
—
Dê-me um corpo de carne.Para conferir todas as crônicas e entender o momento da história clique aqui.
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