Viva a revolução da geração coca-cola!
Você já deve ter ouvido falar de Dado Vila-Lobos, certo? Legião Urbana? Renato Russo? Pois bem, este livro é uma biografia da própria banda de punk-rock dos anos 80/90, embora tenha o propósito de ser uma autobiografia. É que as memórias de Dado Vila-Lobos, guitarrista da Legião Urbana, foram transformadas em livro por Felipe Demier e Romulo Mattos.
A obra reúne toda a trajetória da banda de Brasília. Contanto, inclusive, os primórdios do "bum do rock", ocorridos lá na capital do país. Segundo o próprio Dado, eles viviam uma espécie de momento "faça você mesmo", no qual todos queriam ser astros do rock, sem ter ideia do que era necessário para alcançar este objetivo. A vontade foi determinante para que a Legião se formasse efetivamente, assim como outras bandas locais. Ele cita constantemente o Capital Inicial, uma espécie de banda irmã da Legião, cujo sucesso se estende até os dias atuais. O legionário explica que os integrantes de uma banda chamada Aborto Elétrico se dividiram entre a Legião Urbana e o Capital Inicial. Inclusive as músicas.
Conta a luta para conseguir lançar o primeiro disco (Legião Urbana) e o sucesso que ele alcançou após o seu lançamento. Depois, comenta sobre a expectativa para o segundo álbum da banda, que seria determinante para a consolidação da Legião no mundo do rock. Havia uma lenda de que artistas só poderiam ser considerados de sucesso se superassem a barreira do segundo disco. Neste ponto ele lembra do RPM e seu famigerado "Rádio Pirata". A Legião Urbana passou com louvor pela prova do segundo disco, pois "Dois" vendeu mais do que o álbum de estreia. É neste tempo que as primeiras polêmicas envolvendo o grupo começam a aparecer. Principalmente com o vocalista Renato Russo.
Depois veio "Que país é este?" o disco que concebeu à Legião o status de revolucionária. Um disco forte e crítico que analisava de forma coerente o que ocorria do Brasil naqueles dias. A luta pela democracia, as pessoas nas ruas exigindo o fim da Ditadura Militar. Algo semelhante o que ocorre hoje, embora não tenhamos ditadores (legalmente falando) e nem legionários. Os problemas com shows atinge o seu ápice aqui. Dado narra o episódio do show que virou um verdadeiro quebra-quebra em Brasília.
A banda resolve mudar de ares no próximo álbum, o disco "As Quatro Estações". Nele há um ambiente mais ameno, músicas introspectivas. Se em "Que país é Este?" falavam das instituições, em "As Quatro Estações" o foco era a pessoa. Dado considera este disco como o melhor da banda e foi aqui que a Legião alcançou o seu auge (1990). No finalzinho da turnê de "As Quatro Estações" a banda descobre que o vocalista Renato Russo está com Aids, doença que era um sentença de morte nos início dos anos 90.
O legionário continua sua narrativa contando peculiaridades de todos os discos seguintes: "V" de 1991, "O Descobridor do Brasil" de 1993 e "A Tempestade" de 1996. O disco "Uma Outra Estação" de 1997 acabou sendo lançado após a morte do vocalista da Legião. Os demais álbuns são coletâneas ou especiais. Sobre os momentos finais da banda, Dado comenta que nunca ouviu "A Tempestade" depois de gravar. Tem uma energia diferente, é um disco triste, terminal. Ele explica que o Renato precisava se manter trabalhando para não pensar em sua doença e por isso decidiu que a Legião Urbana faria um disco duplo. "Temos que gravar tudo!" ele falou, pois pressentia que não tinha muito tempo. Como sabemos, ele estava certo, já que o álbum duplo que se chamaria "O Livro dos Dias" nunca foi lançado. No seu lugar o álbum "A Tempestade"chegou a ganhar as lojas antes da morte do vocalista da Legião e posteriormente "Uma Outra Estação", fechou as últimas músicas gravadas por Renato Russo. Assim "O Livro dos Dias" foi dividido nestes dois discos mencionados. Ambos possuem uma carga emocional exagerada, tanto pela voz frágil que se faz presente quanto pelo teor das letras.
Em suma, "A História de um Legionário é um livro que conta sem rodeios a história de uma das maiores bandas do Brasil, mas o faz sob a visão de quem esteve lá. Para nós que temos apenas uma breve noção do que foram aqueles dias, fica o relato e um pouco mais de conhecimento sobre o mundo da música lá nos anos 80 e 90.
No fim sempre houve a esperança de que tudo pudesse de uma hora para outra mudar, deixar de ser, ser outra coisa. Esta esperança compeliu Renato Russo a continuar até o fim, a deixar um legado que atravessa as décadas e se renova a cada disco refeito, a cada cover montado.
Fica a resenha e a dica.
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