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George Orwell pensou em dias que viriam em 1984; Machado de Assis também ao escrever "Bondes Elétricos", crônica de 16/10/1892. De certa perspectiva Frank Herbert também em Duna, sendo este autor já nos anos sessenta preocupado com o impacto das ações humanas sobre o clima. No cinema vimos Matrix, Robocop, Blade Runner. e tantos outros tecendo cenários vindouros não muito animadores. Por que pensamos o futuro com pouca esperança? Por que escrevemos sobre ele?
Recentemente comecei a ler Éden do escritor Paulo Uzai Junior. Em breve o autor Fagner JB vai lançar sua obra "Saudoso Futuro" e eu mesmo lançarei Extraordinário Novo Eu ainda em 2020. Nós três também estamos pensando nos dias que virão. O motivo?
Conversando com o escritor de Saudoso Futuro colhi dele que não seria normal se as pessoas não pensassem no futuro. Principalmente se levarmos em consideração que o presente não parece animador. Para ele, segundo o meu entendimento, escrever sobre dias futuros é deduzir consequências de atos e posturas atuais. É interpretar resultados e estimular esperanças de que alguma coisa mude.
Paulo Uzai Junior tem uma postura distópica, crítica sobre aspectos contemporâneos, o que, ao meu entender, não é alheio ao ponto de vista anterior. Ao que parece, ambos os autores possuem a intenção de compreender o presente, estudando passado e projetando o futuro. Creio que os escritores citados no início do texto também tinham isto em mente.
Queremos entender o mundo em que vivemos.
Em Extraordinário Novo Eu, também tento compreender aspectos contemporâneos e seus desdobramentos. Numa abordagem talvez exagerada teço um cenário não tão pessimista (pelo menos do ponto de vista apocalíptico), mas ainda assim perturbador, focado em crises de identidade; o ser e o ter; marcas que possuem em si um valor social; posições e seleções. Embora pregue-se a não discriminação e será assim no meu futuro, imagino grupos bem definidos. Rótulos. Não posso dizer que o meu futuro e menos ou mais pessimista do que o de Éden ou o de Saudoso Futuro, mas não foge a regra de querer entender o mundo (e desejar estar errado?).
No fim acredito que temos receio dos dias que chegarão já prevendo sofrimentos e desigualdades. Historiadores muito mais gabaritados já disseram que para entender o presente é necessário conhecer o passado. Para o futuro? Aplicamos a mesma regra só mudando as palavras fatos históricos por ficção científica.
Para não terminar fatalista, a surpresa ainda é o maior dos substantivos e é ela que pode enterrar todas as previsões. Para o passado ela não funciona, mas para o futuro...
Não digam que não falei de esperanças.