1 de julho de 2020

De alguém para outra pessoa


Oi, tudo bem? Eu espero que sim. Não sei como começar a te escrever, então pensei em falar da minha teoria maluca do tempo. O tempo não existe. Não é para rir, é sério e vou te provar! Eu estou aqui, digamos num tempo e espaço diferente de você, correto? O que faço agora será lido por você depois. O meu presente será o seu futuro e o seu presente será o meu passado. Parece complicado, dizendo assim, mas não é. É bem óbvio até… Qualquer um percebe isso. De todo modo, dá pra perceber só por isso que não é claro definir tempo. Tempo é coisa de cada um? Você tem o seu e eu o meu? Eu posso aceitar isso. Posso ir além, se quer saber. Eu penso que o meu tempo é tudo o que existe é até meio louco pensar como penso, mas não consigo evitar. Sou Gabriela, eu nasci assim, vou morrer assim. 

Aposto que você não sabe onde estou agora! Nem eu, pra ser sincero. É porque o meu agora é diferente do seu. Por outro lado, é estranho imaginar o local em que você está. Seja agora ou depois (estou me usando com referência). Se eu estiver certo, e o tempo não existir, vou conseguir te encontrar. Certo, não será um encontro daqueles. Não como a maioria das pessoas imaginam (as normais pelo menos). 

Eu disse que não sabia como começar, não disse? 

Acho que Chico Buarque falou uma vez que o começo é só o começo e que nem sempre continua sendo começo depois que a história se desenvolve. Nas edições, pode-se criar um texto inicial, ou mudar a ordem de capítulos. Ele entende que é preciso começar de algum modo. Talvez seja isso que eu estou fazendo agora, percebe? Talvez quando você ler esta carta, este texto não seja a primeira coisa a ser lida. Bem que eu gostaria de ter um começo melhor, mas por enquanto este vai servindo. 

Vou escrever um pouco mais sobre a minha teoria revolucionária sobre o tempo. A inexistência dele, como já disse. Pra começar (vamos lá!) imagine uma fita cassete. Exemplo ruim? Ok, então vamos imaginar um CD. Esqueça o CD, acho que ele é velho demais, também. Um vídeo no Youtube, certo? Temos a tela preta onde se desenrolará o vídeo. Há uma linha branca na parte inferior do retângulo que vai sendo preenchida por uma linha vermelha enquanto o vídeo vai passando. Quando a linha vermelha chega na extremidade do retângulo, o vídeo termina. Eu penso no tempo como aquela bolinha vermelha que vai correndo pela filmagem e preenchendo a linha branca de vermelho. Ela corre de um ponto a outro e só! Não pode extrapolar os pontos pré-definidos e as coisas acontecem dentro dessa limitação. Não é incrível? Então, não faz sentido a minha teoria? O tempo é uma ilusão, como um vídeo na internet. 

Acho que você vai ficar brava comigo depois de ler o parágrafo anterior.

Se ficar, tudo bem.

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