19 de dezembro de 2013

Filosofia em 60 segundos

 

Filosofia Em 60 Segundos

O porquê de tudo

Prestar atenção nas coisas que exigem certa reflexão é algo em desuso na atualidade. Robotizados, automáticos, rotineiros, não nos damos conta do por que fazemos o que fazemos. “Filosofia em 60 segundos” é um trem em alta velocidade que nos passa por cima.

Andrew Pessin, mordaz, irônico, com bom humor nos mostra com velocidade um pouco de Filosofia. Voltado para o leigo no assunto (o caso deste que vos escreve), a obra aborda as principais questões filosóficas que ocuparam a mente dos pensadores por mais de três mil anos. Cuidadosamente montado, com capítulos curtíssimos que exigem pouco mais de sessenta segundos para leitura, o autor desperta o filósofo que existe dentro de nós.    

Os assuntos abordados, por vezes se contradizem. Por outras, não se concluem, como é comum em Filosofia. Por outras, ainda, nos deixam fascinado, fazendo com que o pensamento que tínhamos até então desapareça completamente. Foi o que me sucedeu sobre o assunto Tempo; sobre as deduções filosóficas que me fizeram concluir pela sua inexistência. O fascinante no ramo é que nada é 100% certo e esta conclusão pode mudar a qualquer momento com novos estudos…

Pessin deixa mais perguntas do que respostas e inquieta o nosso espírito curioso. É informado no livro que o nosso corpo troca todas as suas moléculas num período de sete anos e que se houvesse uma maneira de juntar novamente estas moléculas descartadas, teríamos novamente um “eu” mais jovem. E se este eu mais jovem se encontrasse com o eu de agora, quem seria eu realmente?

Li opiniões no sentido de que livro é raso, já que pincela os assuntos filosóficos de forma superficial. Não é o que penso. O autor trabalhou com habilidade a dúvida, a instigação. Sua intenção, como é mencionado no livro, é despertar o filósofo em cada um e não ministrar um curso de Filosofia. Na sua tarefa, Andrew Pessin se mostrou eficiente, já que é difícil não querer saber mais sobre o assunto após conhecer sua obra. Sua habilidade também é notável se analisada do ponto de vista da compilação de tantos assuntos filosóficos em um livro tão curto. A máxima do sábio que sabe dizer o complexo com palavras simples se aplica aqui.

Fica a resenha e a dica.

Abraço

17 de dezembro de 2013

O diário do Fezesman: Futebol de merda

 

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Como é sabido nos quatro cantos do país, um time aí de futebol entrou com recurso na justiça esportiva para evitar sua queda para a divisão inferior. Os “juizes de merda” deram provimento ao recurso e o time se safou mais uma vez. No lugar dele, vai um outro; um menos abastado que fez merda ao escalar um jogador que não podia. Merda à parte, a coisa toda é uma grande sujeira.

Eu não consigo entender como alguém em plena faculdade mental, ainda consegue assistir a um jogo de futebol. Tem circo melhor! Vocês perderam totalmente a noção das coisas e me surpreendem! Eu já sei que vocês não possuem caráter, honra nem dignidade, mas a apelar numa brincadeira? Isso é novo! Lembra do café com leite? Aquele sujeito que ia brincar e não aceitava os termos da brincadeira e acabava sendo ignorado? Diziam: “Ah, deixa ele! Ele é café com leite. Pois é bem este o sentimento que se tem quando se observa o tal time. Ele é café com leite e emporcalha a coisa toda porque o leite já estragou.

Eu sou um cocô, certo? Não sou jurista, não sou esportista. Para nós, cocôs, a coisa funciona assim: Eu entro numa disputa e o meu oponente é melhor do que eu. Perco, aceito a minha derrota e de cabeça erguida (se eu tivesse cabeça!), tiro o meu time de campo para melhorá-lo. Se a coisa é no campo, é lá que deve ser resolvida. Mas se eu faço merda a competição toda e quando me vem a responsabilidade, eu simplesmente “apelo”, eu não mereço nenhuma credibilidade e sou mesmo café com leite. Aqueles que torcem para mim, deveriam ter vergonha, a menos, claro, que sejam tão ou mais irresponsáveis do que eu. Muitas outras “qualidades” me vêm à mente. Acho que para a sua também…

Eu vou além. Qualquer um que goste dessa merda toda e presencie o que está acontecendo deveria parar com isso. Competição presume paridade de condições e os café com leite devem ser simplesmente ignorados como aprendemos na infância. Se a coisa não é assim e não se resolvem na própria competição, não merece credibilidade. Vá assistir ao programa da Eliana! Melhor, desligue a TV e vá dormir.

Abraços fecais.

Fezesman

13 de dezembro de 2013

Super Poderosa: O plano, parte final

 

Está no ar o último capítulo do núcleo “O plano” de Super Poderosa. Caminhamos para o fim da segunda temporada da série/livro. Espero que esteja à altura da atenção de vocês. Eis os links de leitura:

http://www.bookess.com/read/13598-super-poderosa/

http://issuu.com/paullaw/docs/superpoderosa

Como se encontra atualmente:

Abraços!

11 de dezembro de 2013

O Natal de Raquel e Raira

 

Raira: Onde fui criada não se falava do Natal. O que me lembro do Orfanato é que todos os dias pareciam os mesmos. Talvez fossem... Somos crianças esquecidas, abandonadas, que nada influem no mundo com sua existência. Para nós, não é permitido participar deste ritual de fim de ano; desta alegria que invade a mente das pessoas uma vez por ano. As imagens, ah, as imagens! Elas me fascinam. A TV! Puxa, como é mágica, mas era negada a nós como o natal. Das vezes que a vi, foi quando, de surpresa, eu entrava no quarto de uma funcionária do Orfanato. E foi numa dessas vezes que eu vi o tal Papai Noel; um velhinho de vermelho que voava em um trenó mágico e ainda bebia Coca-Cola. Passei a querer conhecê-lo e a experimentar Coca-Cola.

Raquel: Uma mulher pode esconder muitos segredos. O que ela não pode é impedir que o remorso lhe destrua um pouco a cada dia; que lhe consuma lentamente; dolorosamente. As minhas crianças, Deus, onde estarão? Quando chega esta época do ano, o meu peito se aperta ainda mais e o pior de tudo é que tenho de fingir que tudo está bem. Viajo tanto, as vezes para o país deles, mas não posso vê-los. Revivo mentalmente os poucos momentos que passamos juntos todos os dias da minha vida. Tenho gravado os seus pequenos rostos e tento imaginar como estarão agora; como ficarão quando adultos. O que farão? Eu espero que não o que eu faço, nem se envolvam com as pessoas que eu me envolvi.

Raira: Eu e Raul fugimos do Orfanato. Fomos buscar a nossa Coca-Cola; o nosso Natal. Somos diferentes das outras crianças e isso me faz questionar, quem, afinal de contas, é o nosso pai? Nossa mãe? Que tipo de monstro são? Eu ainda posso imaginá-los bonitos, confiantes e arrogantes. Não verdes... tenho vontade de conhecê-los e acho que pedirei isso ao velhinho do trenó. Pelo que me lembro, ele realiza desejos de todas as crianças. Outra coisa que Raul me conta e tenho medo de saber como ele aprendeu tudo isso, é sobre os nossos pensamentos. O poder que eles possuem. Eu não entendo bem, mas é como se estivéssemos conectados com nossos pais; como se fôssemos extensões deles. Nossos olhos, os olhos deles. Ele diz que o pai fala com ele através de sua mente; que o guia.

Raquel: E penso em Reinald, que não sabe dos filhos. Isso me dói também. Eu não tive escolha, tinha de protegê-los do Xadrez. O mesmo Xadrez que esconde o que aconteceu com o Rei. Temo, pressinto que algo de ruim aconteceu com Reinald, eu sinto isso. É como se estivéssemos ligados de alguma forma. Eu estou acompanhada de outras modelos e do meu empresário, estamos em uma mesa reservada. Aqui, nesta cerimônia glamorosa, destinada a um grupo seleto de celebridades, com o vinho na taça e ao som de risadas falsas, eu penso e me imagino preparando um peru para os meus filhos.

Raira: Ainda não entendi, mas não vou negar que isso é divertido. Estamos em uma casa grande, a neve cai lá fora. É véspera de natal e estamos á mesa, um homem bondoso nos chama de filhos. É assim, ter um pai? Ele ri, afaga os meus cabelos e abraça o meu irmão. Raul, que quase sempre está sério, se permite sorrir também. Isso é de verdade? Isso é maravilhoso! Há muita comida sobre a mesa, uma árvore de natal enfeitada na sala e a lareira acesa. Eu me vejo naquele comercial que vi no quarto da empregada do orfanato. E para minha felicidade ser completa, na minha mão direita está ela: a garrafa de Coca-Cola.

Raquel: Então tiro o peru do forno, o pino do termômetro levantado. O cheiro bom invade minhas narinas. Trajo luvas para não me queimar, a neve cai lá fora, observo pela janela. Estou mesmo em Paris. Aproximo-me da mesa com a forma nas mãos, todos estão em seus lugares. O meus olhos encontram os do meu filho. Ele é lindo e tem os olhos do pai. Está sorrindo, feliz. Há um homem que brinca com ele, ali, representando seu pai. Parece um bom homem, eu me casaria com ele. Eu teria aquela vida, por Deus, se teria... Então eu ouço a palavra “Mãe!” Desfaço-me do que carrego, afasto os cabelos desarrumados do rosto e me encontro com ela.

Raira: Eu a vejo, desarrumada, o cabelo negro despenteado, linda. Cansada, doce, sorrindo. Eu sei que é ela; tenho certeza. Chamo e desperto sua atenção para mim. Nossos olhos se encontram, é tudo verdade. Minha mãe está comigo. Ela não diz nada, mas lágrimas se fazem nos seus olhos, apesar do sorriso. Ela se senta, pega a minha mão e a beija. Agora tudo faz sentido; o pai está na minha mente também. Ele sussurra, sua voz é firme, mas dócil. Explica sobre o impossível; de como ele é uma ilusão. Do tempo, que não existe. Do presente que estava me dando. Ele me diz:
— Feliz Natal, filha.
Então concluo que é ele, que sempre foi ele o Papai Noel que vi na TV.

Paul Law
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Para conhecer Raquel, leia Xeque-Mate.
Para conhecer Raira, leia Rainha.

5 de dezembro de 2013

A Civilização do Espetáculo de Mario Vargas Llosa


A Civilização do Espetáculo

A Cultura está morta e enterrada

Tido como Ensaio, “A Civilização do Espetáculo” é uma consciente reflexão sobre a nossa atual sociedade. Mais que isso, é um estudo eficiente sobre o homem atual, suas instituições e objetivos. A triste e derradeira conclusão é a chamada para esta resenha: a cultura está morta e enterrada.

Mario Vargas Llosa, ganhador do Prêmio Nobel de Literatura de 2010, nos envolve com o seu texto crítico e bem estruturado. Fornece-nos aquelas informações que às vezes sentimos faltante, os porquês. Ele começa de forma estarrecedora ao afirmar que vivemos num mundo sem Cultura, já que o que se entende pelo termo, há muito deixou de existir devido ao avanço desenfreado do capitalismo e da inversão de valores. Já não existe o mesmo conceito de valor no campo das artes. Sua concepção, como o autor nos faz crer em relação a diversos outros campos, ganhou um significado simples; sinônimo de cifrão.

Perpassa por vários temas, ás vezes sutil, noutras vezes enfático, com o intuito de demostrar suas conclusões. A morte da sensualidade, do erotismo pela banalização do sexo; a extinção da literatura de verdade, agora substituída pela literatura de entretenimento, são dois dos exemplos que cito. Llosa vai além, despeja de forma precisa o seu vasto entendimento em vários campos do conhecimento humano para comparar o antes e o agora. Sem deixar de lado, com prudência, as melhorias alcançadas pela nossa civilização do espetáculo. A queda da tirania ocorrida no Ocidente de forma quase generalizada; a liberdade do pensamento e de comportamento, ainda que formalmente; a equiparação dos gêneros no campo empresarial e o repúdio à tortura são alguns exemplos que o autor esmiúça com propriedade.

Na civilização do espetáculo as pessoas estão preocupadas em se divertir e exaurem suas ações nelas mesmas. Este é campo fértil para o materialismo e individualismo. Obras de arte ínfimas, livros fúteis, música pobre são os produtos desta estrutura pirotécnica. Não sem o seu devido valor e sentido: elas vendem; há quem compre. E daí entra mais uma triste conclusão do autor, que salienta o fato de que, com a nivelação cultural das pessoas (ocorrida por baixo), perdeu-se qualidade. A quebra da divisão social, ou seja, a confusão entre cultos e incultos, ocasionou o morte da cultura. Todos, hoje, são, se acham ou querem ser intelectuais. Não sem razão ele atribui isso à ascensão da burguesia que agora se aventura por campos antes exclusivos da nobreza.

Frequentemente o autor utiliza o termo “pós-moderno” para caracterizar a sociedade, contrariando a corrente de que ainda vivemos no período “moderno” culturalmente falando. Seus motivos são óbvios e condizem com as características do termo, afinal vivemos um período no qual não sabemos nomear. O que sabemos, e só, é que não estamos mais da modernidade. Ela se foi, assim como os valores morais e éticos que carregava consigo. Vivemos uma confusão.

Para resgatar a ética o autor sugere que o homem simples deve buscá-la nas religiões. As instituições ainda conservam certos valores e alicerçam o caráter. Sua importância para “salvar” a civilização do espetáculo é crucial, é o que determina o não regresso ao tempo das cavernas. E aqui vem a última informação importante sobre esta brilhante obra: é ilusório, do ponto de vista cultural (ela nem mesmo existe!), o avanço da sociedade. Não se produz como antes, não se lê, não se tem bom gosto. A tecnologia é fantástica e contribuiu efetivamente para o desenvolvimento da ciência, da comunicação e saúde, mas não é eficiente para lidar com o que está dentro do homem. É um paradoxo, o fato de avançarmos assustadoramente no campo da comunicação, mas não termos assunto para conversar.

Assim concluo este comentário sobre “A Civilização do Espetáculo”, constatando que podemos ser “dinossauros” que ainda lutam para manter uma vaga lembrança, uma chama pequena, um indício de possibilidade de vida da Cultura. São, na literatura, aqueles autores que transcendem o momento; que produzem com a intenção de interferir na sociedade que vive, seja criticando-a, seja relatando-a. Além disso, propagando valores que as pessoas se esqueceram por estarem se divertindo demais.

Fica a dica e a resenha!
Abraço.

4 de dezembro de 2013

Super Poderosa, o plano, parte 6

 

Caminhamos para a conclusão do núcleo “O plano” de Super Poderosa. Veja nos links de leitura o penúltimo capítulo deste núcleo:

http://www.bookess.com/read/13598-super-poderosa/

http://issuu.com/paullaw/docs/superpoderosa

Eis como se encontra o livro/série atualmente:

Obrigado e boa leitura!