29 de dezembro de 2014

Fim de Ano e a Esperança

 

Quando nos aproximamos do fim do ano (final de ciclo), instala-se nas pessoas um sentimento de renovação. Renovar-se, mudar, ser uma nova pessoa. Por conseguinte por consequência), ter esperança de que as coisas tomem outro rumo. Elas podem mesmo tomar outro caminho? É possível mudar de verdade? Vários filósofos já se debruçaram sobre esta questão.

O primeiro passo é definir esperança. Não é difícil deduzir que a palavra provém de “esperar”. Seu sentido pode ser o mesmo de desejar, querer, almejar. Nesse passo, ter esperança, de forma simples, seria esperar. Esperar o quê? Que as coisas mudem. Ok, mas esperar que as coisas mudem é em vão. Como já foi dito e recentemente citado pelo meu amigo Cláudio Fressatto, quem espera por algo o faz porque não tem certeza de que acontecerá. Se há convicção não pode existir esperança. A relação entre o almejado e sua realização é tão certa que não se espera. Pelo contrário, sabemos que acontecerá. Ninguém espera as contas do começo de ano; ninguém diz: tenho esperança de que o IPTU virá em janeiro. Percebe? Não há esperança quando há certeza.

Entretanto, esperança não é só isso (ainda bem!). O segredo é simples. Transforme o substantivo em verbo, como ensina Cortella. Assim, ao invés de Esperança, teremos esperançar; teremos buscar, alcançar, realizar. Nesse processo é importante salientar que esperança só fará sentido se partirmos de um objetivo claro. A frase de Shakespeare cabe aqui para exemplificar o que não devemos fazer: “para quem não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve”. 

O ano termina e as esperanças se renovam como fica evidente em vários comerciais televisivos. Novo tempo, paz, realizações. As palavras pipocam sem parar, mas não podem fazer muita coisa se não for esta a sua vontade. Se for ter esperança em um futuro melhor, plante. Contudo não plante por plantar, mas plante o que espera colher Esperar aqui é de esperançar que, por sua vez, é da soma obtida entre esperar e alcançar.

Que você possa ter este tido de esperança, é o meu desejo.

Abraço.      

26 de dezembro de 2014

O Núcleo dos Escritores e a Tenda Literária

 

No sábado passado, dia 20 de dezembro de 2014, o Núcleo dos Escritores participou do projeto “Dose de Arte” da Cia Imagem Pública. Na ocasião foi montada uma tenda com os livros dos membros do grupo pendurados. Foi possível identificar os livros dos escritores Athayde Martins (Gangorra e A Ponte dos Sonhos), Eliana Silva (Nossa Vez de Viver) Lucas André (A Essência de Uma Vida), Joseph Martins (O Outro Lado da Porta), o meu Ester, os de Luís Antônio Padovani  e muitos outros. A iniciativa chamou atenção dos visitantes. Confira algumas imagens:

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O Núcleo dos Escritores é um projeto literário que nasceu em Moji Mirim, mas acabou ganhando membros de outras cidades da região. A ideia é juntar amantes da Literatura para que compartilhem experiências, sonhos e projetos. A união faz (verdadeiramente) a força. Atualmente a página do Núcleo dos Escritores na Rede Social Facebook conta com cerca de 330 membros. Autores publicados, publicando ou que ainda preparam seus textos estão presentes. Além de poetas de gabarito. Nas reuniões mensais que ocorrem no Centro Cultural de Moji Mirim, parte desses membros comparece e discute as ações do grupo.

Quer conhecer mais sobre o grupo? Acesse:

https://www.facebook.com/groups/285887324896517/

Foi ótimo particpar do evento. Abraço.

18 de dezembro de 2014

Gangorra de Athayde Martins

 

A vida tem os seus altos e baixos

Athayde Martins é membro do Grupo de Escritores e autor de dois livros publicados. Já comentei do autor e sobre o seu primeiro “A Ponte dos Sonhos” (postagem pode ser lida aqui). Agora é a vez de “Gangorra” o seu segundo livro. Aqui temos o protagonista Roberto contando os fatos mais importantes de sua vida.

Em “Gangorra” o leitor é inserido no cotidiano de um jovem que se descobre a cada capítulo. De educação simples, mas honesta, Roberto aprende desde logo o que realmente é importante. Já na chácara de seu pai, no contato com o campo e com a vida simples, aprende a lição que permeia todo o livro. A de que a vida é tal qual uma gangorra, pois precisa de outra pessoa para funcionar e intercala entre o alto e o baixo. A vida de Beto segue mesmo esta fórmula.

Com a mesma velocidade de “A Ponte dos Sonhos” o autor narra toda uma vida. Acompanhamos Roberto e sua evolução como ser humano; seu desejo de fazer algo de bom e como isso o aproxima de pessoas que possuem o mesmo objetivo. Há emoção, sofrimento, vida, morte, paixões e supressas, ingredientes que permeiam a existência de qualquer um. Nesse sentido, “Gangorra” ilustra bem o que uma boa educação e amor podem fazer na vida das pessoas. 

Produzidos pela mesma editora, “Gangorra” tem a mesma qualidade gráfica de “A Ponte dos Sonhos”. O tamanho também é similar, ou seja, não se trata de um livro grosso. As histórias do autor seguem o padrão de não se alongarem, mas isto não significa que não são bem contadas. Pelo contrário, Gangorra, cumpre bem o seu papel que, segundo a minha opinião e leitura, foi o de demostrar a inconstância da vida. O fato de ser importante saber se adaptar e admitir que o tempo passa. Em suma, tal qual o anterior, neste, Athayde Martins nos apresenta uma boa história, palpável, verdadeira e cheia de emoção. Já aguardo o terceiro.

Fica a resenha e dica.      

15 de dezembro de 2014

O desejo de Natal

 

Denis procurou uma vaga para estacionar o seu veículo. Não era um carro do ano, mas servia-lhe bem. Também não era feio. Estava no Shopping, eram dias de Natal. Junto dele estavam Soraia, sua esposa, Julieta e Jussara, as filhas.
— Pare em qualquer lugar, pai — disse-lhe Julieta, a primogênita.
— Sim, mas não acho vaga.
Mais algumas voltas e reclamações, achou uma vaga distante. Estacionou e desceu junto da família para aquele programa característico. Jussara ia ao colo da mãe, tinha dois anos. Julieta, já com os seus cinco anos, ia de mão data com Denis.
As lojas piscavam atrativas e muitas pessoas preenchiam os corredores do Shopping. Toda a cidade estava ali? Denis não se sentia á vontade em lugares cheios. Soraia o acalmava com sorrisos e beijos. As meninas observavam tudo, comportadas. Família.
— Vou ver uns brincos aqui — disse-lhe a esposa, passando a pequena Jussara para ele.
— Não demore — respondeu, já ciente de que seu apelo não seria acatado.
Denis se sentou em uma pequena mureta que cercava o jardim central. Jussara quis se desvencilhar do seu abraço. Ele deixou. A menininha ficou ali por perto observando a irmã equilibrando-se sobre a mureta.
— Desça, Julieta.
— Estou andando sobre a prancha. Há tubarões lá embaixo.
A imaginação sempre foi fértil em sua filha mais velha. Mundos, personagens, histórias fantásticas baseadas nos incontáveis DVDs que assistia. De tempo em tempo, era um personagem diferente.
— Sou a Wendy, pai. O Peter Pan virá me salvar.
O pai sorriu. A filha caçula trepava na mureta para imitar a irmã. As coisas funcionavam daquela maneira para todo mundo. Era um ritual, uma rotina quase implacável. Tal qual uma planta, o destino de um homem não cabe muitas novidades. Nasce, cresce, casa, tem filhos e morre, era o que pensava. Mais ainda: comemoram o Natal com compras e festas. A essência daquele ritual não era importante para aqueles que por ali transitavam. Pano de fundo, justificativa, pretexto para gastar. Ele, pelo menos, estava ali para agradar sua família.
— Desça, filha! Sua irmã está tentando fazer o que você está fazendo — protestou.
— Por causa dela eu não posso brincar?
— Pode, mas brinque de outra coisa.
— Que chato!
Julieta desceu e emburrou. Jussara fez o mesmo e isso a deixou ainda mais irritada.
— Para! — reclamou.
— Para! — Jussara respondeu com sua linguagem enrolada.
— Ela tem você como exemplo, Julieta. Devia se orgulhar disso.
— É pai, mas por causa dela eu não posso brincar.
O pai tentou mudar de assunto.
— Então, já decidiu o que vai pedir ao Papai Noel.
O solhos de Julieta se iluminaram. Ela disse:
— Sim, claro.
— E o que foi?
— Eu pedi para que me faça voar!
— Voar — repetiu a irmãzinha.

11 de dezembro de 2014

Paulo Uzai lançará livro

 

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Quem acompanha o blog sabe que eu já comentei dos escritos do autor Paulo Uzai. A postagem pode ser lida aqui. Sabe, igualmente, que o escritor é meu amigo. A novidade é que ele lançará livro inédito através da Editora Multifoco. Trata-se do seu primeiro livro oficial, cujo título é “Encontros e Desencontros no Deserto”.

O livro já está em pré-venda, veja:

http://editoramultifoco.com.br/loja/produto/encontros-e-desencontros-no-deserto-pre-venda/

Uma curiosidade é que fui um dos leitores betas da obra. Posso adiantar que o texto é de qualidade, além de relatar um cotidiano próximo de muitas pessoas. Uma leitura profunda, uma viagem ao psicológico da juventude. Eis a sinopse:

“O livro que tem em mãos não se afasta da cosmovisão contemporânea, compartilhando de seu drama e desespero. Contudo quanto dessa angústia está em nós presente? Se ninguém nasce imune depois de Marx, Darwin, Nietzsche e Freud, por que há um esforço tão grande para esquecermos o verdadeiro debate de nosso tempo? Dessa forma, o esforço do livro é mostrar a consciência dessa angústia, que se apresenta na inconsciência de muitos dos seres humanos. É a reflexão no deserto, onde buscamos superar nossas dificuldade e limitações. Também pode ser lido como a vida no deserto da civilização de hoje que, destruindo os antigos valores, tenta construir uma sociedade nova através das cinzas da anterior.”

Curioso? Eu já estou reservando o meu.

Fica a dica.

Abraço.

4 de dezembro de 2014

Seja água, meu amigo!

 

Talvez você já tenha visto a entrevista do formidável Bruce Lee, na qual ele dá este conselho: “seja água, meu amigo!” A ideologia vem do seu livro de artes marciais (e filosófico, porque não) “O Tao do Jeet Kune Do”. No livro há muito mais do que na entrevista e o objetivo deste pequeno texto é comparar os ensinamentos do saudoso artista com as pessoas atuais.

A ideia de Lee, que sabemos, não é dele, mas um apanhado organizado da Filosofia Oriental é a seguinte: a verdadeira forma é não ter forma. O verdadeiro é o que é; não há nada antes nem após. Sou, simplesmente. Em outras palavras, para chegar o mais perto possível da perfeição (embora jamais possamos alcançá-la), devemos descarregar nossas mentes. Certamente “pensar em nada” não é fácil, talvez exija muita meditação ou até mesmo seja impossível. A ideia é se deixar levar pelo Momento, pela Natureza, pelo Movimento. Só assim, segundo Lee, o artista marcial conseguirá alcançar o máximo de suas habilidades. Livre de padrões e do peso que tudo isso impõe, ele esclarece.  Neste sentido, ele ensina que devemos ter o mesmo comportamento da água. Ela não possui forma, se adapta ao recipiente que é alocada. Pode salvar vidas ou destruí-las, de acordo com a ocasião.

Quantas pessoas você conhece que é realmente livre (considerando o conceito simples de liberdade)? E você? Consegue pensar dessa forma? Carregamos tanta coisa em nossa mente, tantas distrações que ficamos cada vez mais distantes de nós mesmos e por tabela da Natureza. Ser água? Poder se adaptar com agilidade à velocidade do mundo, não parece ser coisa fácil. Tudo muda, embora tudo se esforce tanto para que fiquemos com certas coisas. O que quero dizer é que as forças são desproporcionais e violentas. Estamos confusos já faz algum tempo. A distração parece ser o lugar mais seguro.

Distraídos; vamos sendo distraídos e o tempo passa. Ser água não significa ser imprudente e viver a vida intensamente (carpe diem). Pelo contrário, significa entender-se como parte de algo maior e em constante sintonia com isso. Tudo é feito da mesma coisa. Pare e reflita por um momento: posso ser mais água hoje? Estou me adaptando ao mundo ou exigindo que o mundo e as pessoas mudem por mim? Indo mais longe, sou sincero comigo mesmo?

Seja água, meu amigo!

Abraço.      

26 de novembro de 2014

Os soldados de Estela

 

No livro Estela que lançarei em breve também há participação militar. O leitor que conferiu Ester e Edissa sabe que os soldados figuraram em determinados pontos das tramas. Conforme muda o livro, a cor da farda desses ilustres personagens também muda. Em Ester havia os soldados de farda vermelha e os de vestes azuis; em Edissa apareceram os militares de roupa amarela e verde. Lembrando que em ambas as ocasiões as cores representavam grupos inimigos. Em outras palavras, soldados de vermelho lutavam contras os de azul.

A aparência dos combatentes obedece certo padrão. Ele seria, mais ou menos aquele que aparece no espetáculo “O Quebra-Nozes”. Eis algumas imagens:

Os soldados do Soberano 

O Exército Azul

O motivo de os militares do Mundo de Ester possuírem este padrão pode ser obtido já nas páginas de Ester. Isso se estende nos demais livros. Em Estela, entretanto, teremos apenas um grupo de soldados: os de farda negra.

Lendo Estela você saberá o porquê.

Abraço.

20 de novembro de 2014

Vejo tudo

 

Sim, é isso mesmo. Eu posso ver tudo. O início me é claro, assim como o fim. O mesmo se aplica às possibilidades. Para mim tudo é claro, posto que figuro além do local onde as coisas acontecem e posso observá-las totalmente.   

Há algo acima de mim? Esta possibilidade que já não está no campo das que observo me aborrece porque se existir algo superior a mim eu não serei diferente daqueles que observo. 

13 de novembro de 2014

Não Espere pelo Epitáfio! Provocações Filosóficas



Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje

“Não Espere pelo Epitáfio!” é um livro que compõe a trilogia Provocações Filosóficas do renomado autor Mario Sergio Cortella. Já resenhei os outros dois livros: “Não se Desespere!” e “Não Nascemos Prontos!”. Como é característico de todos os seus livros que levam o título de Provocações Filosóficas, neste o autor aborda novamente temas corriqueiros sob a ótica filosófica e reflexiva.

Confirmando que o autor cede sempre o espaço inicial da sua obra à alguém da sua família (nos outros dois livros para os  filhos), em “Não Espere pelo Epitáfio” a vez é da esposa. O prefácio do livro é feito pela escritora e também editora Janete Leão Ferraz. É sempre interessante observar a visão que os próximos possuem do autor, sobretudo quando a referência é Cortella, cujo vasto conhecimento filosófico e educacional o transformam em incomum. Os “prefácios familiares” possuem a magia de trazer o nobre autor à condição humana. O fazem muito bem.

Mais uma vez, porque nunca é demais, somos despertados do sono robótico; da letargia diária por abordagens inusitadas de assuntos comuns. Já na primeira “provocação”, como se tornou característico da trilogia (nos depararmos com o título do livro), chamada “Não Espere pelo Epitáfio!” somos convidados a pensar no presente. A ideia é frisar que devemos arriscar hoje; viver agora, obviamente sem descartar o amanhã. Não se trata da filosofia “carpe diem” condenada pelo autor em outros livros e palestras, mas a ideia de que esperar para realizar um sonho ou objetivo é bobagem. Não se deve viver o hoje como se não houvesse amanhã, mas viver o melhor hoje para que haja amanhã.

O pensamento apurado segue permeando assuntos diversos como Futuro, Experiência, Simplicidade, Liberdade e Amor. O riquíssimo repertório do autor impele ao leitor uma experiência igualmente rica de conhecimento. Os exemplos aparecem com data, nome e endereço.  Como mesmo nos belisca Cortella quando fala do simples, aqui, a experiência é o produto vendido. Falar bem é falar com simplicidade o que, num primeiro momento, é complexo. Traduzir o difícil, se fazer entender, temas tão tímidos hoje em dia, voltam vigorosos nas páginas de “Não Espere pelo Epitáfio!”.

Embora relevante este livro, talvez, seja o menos provocativo da trilogia. Diferente dos livros anteriores, no qual imediatamente o leitor estabelece conexão entre as provocações e as deduções que elas causam, em “Não Espere pelo Epitáfio”, as coisas parecem mais distantes ou não tão evidentes. Em algumas provocações não pude alcançar uma reflexão completa sobre o tema, talvez por me faltar algum conhecimento.

Resumindo, “Não Espere pelo Epitáfio” segue a mesma receita dos outros dois Provocações Filosóficas e é leitura indispensável para uma visão panorâmica do cotidiano filosófico. Menos provocador, talvez, mas assim fomentador de ideias e de um olhar diferenciado. Leitura recomendada.

Fica a resenha e a dica.    
Abraço.






6 de novembro de 2014

Eu matei minha filha



Meu nome é Denis Ferreira, sou professor universitário e matei minha filha. Passei por diversos julgamentos de conduta, ora realizados por mim mesmo, ora por outras pessoas. Do ponto de vista de um jurista ou cristão, penso se o que fiz foi certo; se havia outra maneira que acarretasse menos danos. Teses de defesa, desculpas, justificativas, me atormentam todos os dias, embora o caso já tenha sido encerrado na Justiça. Eu fui inocentado no Tribunal. Será que sou mesmo inocente? Não poderia ter agido de forma diferente?

Eu não sei. Este livro foi baseado na conversa que tive com minha filha sobre o assunto. A oportunidade que tive de explicar-lhe tudo o que aconteceu e o que justificou a minha escolha. Há muito ansiava por explicar a ela os meus motivos; o que me levou a optar entre uma das minhas filhas. Estão aqui o meu ponto de vista e o dela e a conclusão que chegamos juntos. A história que contarei foi colhida do nosso encontro, da nossa reconciliação. Não posso dizer que fui perdoado, nem compreendido, mas tenho certeza que me fiz claro. Também pude, principalmente, ouvir o que ela tinha para me dizer. Se o meu pensamento é o mais aceitável ou se é o dela, caberá aos que possuem este relato nos dizer. Confesso que tenho grande curiosidade por isso.

29 de outubro de 2014

Duas possibilidades




O que eu posso fazer? O que fazem por mim? Não há muitas opções. Na verdade, sempre estamos presos à dualidade. Esta prisão me aflige tanto; deixa-me tão triste. Minha imaginação é vasta ao ponto de me recusar a aceitar o cárcere. Recuso ao dia ou a noite; ao ódio ou amor. O que há além? O que há a mais? Só Deus sabe…

A mente não para. Mesmo presa.

16 de outubro de 2014

Politicamente incorreto


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Olá, caríssimos humanos. Minha profecia sobre a Copa do Mundo foi tal qual pesquisa IBOPE. Uma lástima e lamento. Hoje venho tecer algumas considerações sobre política. Ah, Fezesman, até você? Até você vai tentar convencer os outros a votar no PT ou no PSDB? Não sabe que política e religião não se discutem? Vai colocar no facebook: faltam tantos dias para votar 13? Não, pequeno pedaço de carne. Explico-lhe já do que falarei.

Primeiramente, essa história de que não se discute política é uma grande babaquice. É uma desculpa esfarrapada para deixar a política para ser discutida por um número reduzido de pessoas (e feita por elas). Discuta política com seu amigo, ao invés de falar mal dele ou de alguém para ele.  O que não recomendo é que você tente convencer os outros a votar no seu candidato. Cara, isso é chato. Além de chato e desagradável é idiota. O seu amigo tem discernimento para escolher sozinho o candidato dele e chega a ser uma ofensa ficar puxando saco do seu candidato para ele. Deixa o cara.

Em segundo lugar, os candidatos são dois. Ou você escolhe um ou outro. Tem o voto nulo ou em branco, mas isso não muda muito em relação às opções. Abster-se de decidir dá direito aos que o fazem de decidir por você. Alguém será escolhido, isso é fato. Você tem o direito de escolher, então escolha, cara. As opções que estão aí representam a vontade da população e deve ser respeitada ou, numa posição pessimista, a vontade daqueles que tiveram a audácia de escolher ao invés de desperdiçar o voto. Sobre a capacidade de escolher das pessoas, é outra história e isso não conta muito no negócio que vocês chamam de democracia.

Outro ponto importante, agora serei clichê como tudo que é bom (ou não) deve ser, é sobre o ato de escolher em si. Não se deixe mover por paixões que você nunca parou pra pensar de onde veio, nem por julgamentos prontos e repassados. Vá ver o que cada candidato já fez e o que pretende fazer. Veja quem tem mais merda no currículo e descarte-o para chegar o dia de eleger aquele que não roubou nada. Assista aos debates e tire suas conclusões.

Por último, mas não menos importante, não brigue com seus coleguinhas por causa de opinião política. Há motivos muito mais interessantes para brigar. Respeite a opinião alheia, mesmo que não seja a mesma que a sua. Tem mais um detalhe importante e dessa vez não serve só para política, mas para tudo na vida. Na maioria das vezes uma boca calada vale mais do que várias abertas.

Abraços fecais para todos.
Fezesman 

10 de outubro de 2014

A Ponte dos Sonhos de Athayde Martins

A Ponte dos Sonhos

Uma viagem às origens

O apresentador e radialista Athayde Martins é membro assíduo do Grupo Literário de Mogi Mirim. É também autor, além de “A Ponte dos Sonhos” do livro “Gangorra”. Sua obra aqui resenhada é marcada por ser um relato fiel da realidade do homem do campo e o seu desejo de vencer na vida. Athayde Martins escreve em ritmo de conversa, rápido e pontual. Na verdade, a própria história é mesmo uma prosa ocorrida entre o Messias, um misterioso contador de história e um bando de caipiras que frequenta uma vendinha no fim do mundo.

Messias conta a história da família de Godofredo, o personagem principal da história. Começa falando das aventuras do pai do personagem, o matuto Francisco e avança até o nascimento de Godô. A partir daí nos é apresentado o mundo do campo; a luta de uma família para se manter na roça. Tudo é tão longe, o dia é quente e o trabalho cansativo. Não há sábado nem domingo quando se tem uma plantação. O dinheiro que advém da terra fica pelo caminho, na mão dos atravessadores. A família de Godofredo, como tantas outras do nosso interior, sofre.

Godô se mostra uma pessoa inconformada com aquela situação. Inteligente, não demora muito para perceber que não há futuro para ele no meio do mato. Decide partir para a cidade e mudar de vida. Arruma um nome novo, afinal o atual sempre lhe trazia incômodo. Agora como Silva Junior ele vai à cidade de São Paulo tentar uma vida melhor. Lá é que efetivamente suas aventuras se desenrolam. Começos, fins, recomeços e novos fins marcam toda a trajetória do protagonista que não parece ter receio do futuro. Fica claro, também, o seu dedo podre para arrumar uma companheira e sua habilidade mediúnica para se meter em confusão. Tudo isso, unido á maneira rápida de narrar do autor possui um efeito interessante. Há de se ponderar sobre o amadurecimento do personagem e suas conquistas, mesmo com tudo conspirando contra. Talvez seja isso que motivou Messias a contar a história de Silva Junior aos caipiras.

Athayde Martins que é comunicador há muito tempo, deixa evidente a influencia que isso teve na sua literatura. A sua forma de narrar, que parece muito uma “conversa” e sua velocidade dão dinamismo à obra. Nunca tinha observado tal efeito. Aos desavisados pode parecer tudo muito rápido, mas há um motivo para isso: estamos escutando uma história. A forma como se comportam os caipiras e a labuta do povo da terra me soou muito familiar; um ponto de vista de alguém que realmente teve tal experiência.

Resumindo “A Ponte dos Sonhos” é um livro para ser ouvido. Uma leitura gostosa, que retrata o homem do campo e os seus sonhos. Por que o homem pode deixar a roça, mas a roça não deixa o homem. Leitura recomendadíssima. Fica a resenha e a dica.

Abraço.

6 de outubro de 2014

O primeiro capítulo de Estela está no Issuu


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Estela é o terceiro livro narrado no “Mundo de Ester”. Por sua vez, o tal mundo foi criado juntamente com o meu primeiro livro publicado. Ester, Edissa e agora Estela acontecem no mesmo cenário e, embora independam de leitura pré-ordenada, se completam. Na verdade, a relação entre os três livros fica a critério de leitor. Para o conjunto de livros que não sei se pode ser chamado de trilogia, dou o nome de “Estrela”. Com Estela fecho as histórias fantásticas narradas no Mundo de Ester e espero tê-lo feito à altura dos meus leitores. O esforço foi grande.

Deixando a conversa fiada de lado, o motivo da postagem é para divulgar o primeiro capítulo de Estela, disponível para leitura no Issuu. O Issuu é um site de publicação on line que permite aos seus usuários montar revistas e livros eletronicamente. O visual simula um livro convencional. Tal recurso já foi usado por mim em outros livros e é possível ler material completo que disponibilizo pela plataforma. Eis o meu link:

http://issuu.com/paullaw

Agora o capítulo 1 de Estela:


Abraço. 

3 de outubro de 2014

Fazendo a Memória de José Maria Duprat


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A memória fica

José Maria Duprat foi o primeiro a ocupar a cadeira de número 15 da Academia Guaçuana de Letras, cujo patrono é o poeta Mario Quintana. É também autor da obra “Vida Vivida”, publicado após sua morte que ocorreu em 29 de agosto de 2012. O Honório Cidadão Guaçuano viveu 88 anos, dos quais boa parte foi dedicada à Literatura. “Fazendo a Memória” foi o seu primeiro livro. Nele nos deparamos com um conjunto de crônicas singular, capaz de remeter o leitor a tempos memoráveis e à visão acurada de um bom observador. Do autor, tudo o que sei foi o que adquiri da leitura de Fazendo a Memória. Pessoalmente tivemos apenas um encontro, numa das reuniões da AGL; sua última. Trocamos livros e foi assim que adquiri a obrai que resenho.  
    
Nas páginas do livro de Duprat, que ele mesmo admite ter sido publicado tarde e após muita cobrança, encontramos uma realidade perdida, um mundo calmo, crianças arteiras. São crônicas que retratam passeios de bonde, ruas vazias e fazendas. Um cenário tão fantástico e perdido quanto belo. As linhas possuem gosto de nostalgia, mesmo para aqueles que nunca vivenciaram aquela época. Mudamos tanto e o próprio autor tem consciência disso. Por várias vezes suas crônicas são comparações de como era e como é. Uma vida de observações; de Português lapidado. Temas que assolam todas as pessoas são explorados pelo autor. Com o avanço da sua idade e com a partida dos seus entes queridos ou amigos, o tema morte é constantemente trabalhado pelo autor. Sua visão de fim é um relato consciente e reflexivo sobre o destino das criaturas. No fim somos todas apenas histórias.  

O destaque também fica por conta dos belos desenhos que permeiam toda a obra. Eles são de autoria da filha do autor Caru Duprat. É magnifico quando os desenhos eternizam o tempo, as pessoas. Unidos às memórias do autor o resultado é um relato fiel e emocionante de um tempo; de uma pessoa. É curioso o poder que as palavras possuem para impedir a morte. O autor está vivo nas páginas de Fazendo a Memória e não há quem possa matar sua observação; suas ideias. Isso é fascinante.

Fica a resenha e a dica.
Abraço.      



30 de setembro de 2014

Paul Law no Encontro Marcado

 

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Estive na SECTV para a gravação do programa “Encontro Marcado” com Athayde Martins. A entrevista foi ao ar pela primeira vez às 19h35 do dia 26/09/2014, sexta-feira. Reprisou no final de semana.

Nosso papo foi sobre Literatura. O apresentador manifestou o seu gosto pela leitura e pela escrita. Informou que já tem dois livros publicados: “A Ponte dos Sonhos” e “Gangorra” e que também está na luta para divulgar o seu trabalho. Convidou-me para conhecer o Núcleo de Escritores de Mogi Mirim, o que aceitei prontamente. O grupo se reunirá no próximo sábado dia 04/10. Trarei informações.

Eis algumas imagens da entrevista:

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Foi muito legal falar dos meus livros, mercado literário e criatividade.

Grande abraço.

22 de setembro de 2014

O lançamento de “A Essência de Uma Vida”

 

Sábado, 20/09/2014, aconteceu o lançamento do livro “A Essência de Uma Vida” do jovem autor Lucas André. Reuniram-se no CECOM (Centro Comunitário da Vila Dias) de Mogi Mirim, amigos do autor, membros da Academia Guaçuana de Letras, autoridades locais. Todos prestaram singela homenagem ao escritor que perdeu a vida num acidente automobilístico em agosto de 2013. Confira algumas imagens do lançamento:

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Eu e Conceição falamamos no evento

 

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A mesa dos livros

 

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A Acadêmica Eliana Silva discursando

 

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Os meus livros estavam expostos no local

 

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Valeu Lucas!

O meu agradecimento vai aos participantes do lançamento, aos seus organizadores Conceição e João. Também á AGL que na figura de Eliana Silva apoiou tudo.

Abraço.

16 de setembro de 2014

Eu já passei por isso

 

Às vezes estou num lugar que me é familiar. Sinto como se soubesse o que vai acontecer, mas isso só me ocorre depois que acontece. Então questiono Tempo. Como saber se o que vivo é real; está mesmo acontecendo? O que garante a certeza no que  ocorreu ou até mesmo no que ocorre. Acontece. Há mais do que o presente? Imagino que há outra de mim; que há várias, na verdade. Que todas estão presas nos seus presentes. Às vezes nos conectamos…

11 de setembro de 2014

No alto daquele edifício


No alto daquele edifício, num canto esquecida, também não se fazia notar, havia uma menina. Os médicos se espantaram com a melhora que tivera, mas ainda não era suficiente para devolver-lhe a consciência; não era suficiente para trazê-la de volta e, talvez porque não quisesse ou porque melhor fosse continuar ali a sonhar, ela não acordava. Melhor dizendo, ela sonhava e seus sonhos eram mágicos. Sentia que novas emoções afloraram em seu ser adormecido. Adormecido para nossos olhos que enxergam apenas o superficial, mas vivo para o que criara. A menina a quem me refiro, sofreu um terrível acidente automobilístico  e desde então vive em coma. Como não sou médico, tampouco entendo dos ciclos e estágios comatosos, não sei explicar com clareza esses detalhes, talvez um dia, quando eu tiver um amigo médico peço para que ele nos esclareça, mas por hora fiquemos com os fatos superficialmente, mesmo porque importância maior para isso não se faz necessária.

9 de setembro de 2014

Capa completa e sinopse de Estela

A postagem de hoje serve para apresentar a arte conceitual do livro Estela. Como não é novidade, o trabalho foi feito pela talentosa Kamila Zöldyek. Ela também é a autora das capas de Ester e Edissa. Confiram a imagem:

     
                         
(clique na imagem para ampliá-la)
Sinopse


"Se eu dissesse que você está em casa; que toda a sua vida foi uma ilusão, lhe pareceria verdade?" Sofia indaga à Estela num dos corredores do Hospital que se encontra para ser operada às pressas devido ao seu estado delicado de saúde.

Este é o início para a história de Estela, uma mulher já idosa. Seu tempo de vida é curto, mas o que é tempo de verdade? O que é realidade? No seu último dia de vida Estela mergulha profundamente nestas questões ao mesmo tempo em que tenta salvar a sua vida e o mundo que conhece.

Somos arrebatados pela última vez ao Mundo de Ester onde criaturas incríveis encarnam conceitos como Tempo, Sabedoria, Vida e Morte. Estela é a história de várias jornadas incríveis que se entrelaçam numa viagem única e ainda mais fantástica e que só pode ser feita por um grande aventureiro: o leitor.


Em breve mais novidades. Abraço.



27 de agosto de 2014

Gotículas de tudo



As gotículas de chuva escorriam preguiçosas pelo vidro do furgão. Já era noite, Ester estava cansada. Observava os rabiscos de chuva no vidro toda vez que um farol iluminava o interior do veículo. A mãozinha direita espalmava a superfície transparente, numa brincadeira impossível. Ela controlava os desenhos que formavam com o escorrimento da chuva sobre o vidro. A escuridão lhe tirava a visão, mas a brincadeira estava salva. Ela acontecia  em sua mente.

20 de agosto de 2014

Max e os Felinos de Moacyr Scliar

 

O menino e a fera originalmente falando

Max e os Felinos é obra do saudoso autor Moacyr Scliar, cuja notoriedade se deu palo fato de supostamente ter sido plagiado por Yann Martel em seu Life of Pi. A comparação das duas histórias se tornou inevitável pelo fato de em ambas o leitor se deparar com a seguinte situação: um bote à deriva contendo um garoto e um felino de grande porte. Já resenhamos “As Aventuras de Pi” e você pode conferir a postagem aqui. Agora é a vez de “Max e os Felinos”.

Max é um menino alemão, filho de um rígido comerciante. Na loja da família há um tigre abatido por seu próprio pai em uma de suas caçadas e empalhado como troféu. O garoto é fascinado pelo animal que mesmo morto ainda é assustador e incrivelmente bonito. Enquanto aprende a lidar com o fascínio e medo que tanto o tigre como a vida exige, Max vivencia um período delicado da Alemanha: a ascensão nazista. O protagonista também se envolve com uma mulher mais velha, Frida com quem é iniciado na arte do amor. Junto dela que é esposa de um nazista e de um amigo crítico ao regime de Hitler, ele acaba se vendo na mira do regime. Tudo é muito rápido, a traição de Frida é descoberta, sua família está sendo ameaçada, ele próprio não tem muitas alternativas. Max acaba fugindo da Alemanha para preservar a sua vida e a dos que ama. O seu destino é o nosso Brasil, mas um terrível naufrágio acontece na viagem, colocando o menino em um bote junto de um perigoso jaguar. O cargueiro transportava animais de circo que desembarcariam no Brasil.

Este é o ponto no qual a ideia usada em Pi parece ter origem, embora as histórias se desenrolem de forma diferente. Advirto que o texto a partir de agora pode revelar parte importante do enredo do livro e aconselho quem quiser manter a curiosidade a interromper a leitura. Em Max e os Felinos o protagonista chega ao seu destino e a história continua após o incidente com a fera. Obviamente tal situação, unida ao seu passado traumático (a saída prematura da sua cidade natal e o abandono da sua família) marcou-lhe profundamente. Paranoico? Maníaco? Amedrontado? Max jamais esqueceu o que aconteceu e suas marcas deram-lhe as condições para que agisse da forma que agiu no fim da história.

Em Max nos deparamos com um enredo voltado aos problemas sociais; à política, ao autoritarismo, ao “belo e perigoso”, aqui representado ora pelo tigre empalhado, ora pelo jaguar vivo e faminto. Crítico sutil, pertinente e incisivo nos assuntos que não se podia tratar livremente, já que vivíamos o período da Ditadura Militar, o nosso próprio jaguar a solta da época. Inteligente e maduro, Scliar não se preocupa em narrar em detalhes o que de fato ocorreria se um menino permanecesse com um jaguar perdido na mar. Sua atenção está voltada ao efeito psicológico que tal situação teria. Este efeito também não é da simples loucura como narrado em Pi. Trata-se de algo mais denso que entendo como metáfora ao cenário social vivenciado entre governantes e governados.

Simbólico em muitos pontos, peço licença para listar um, o dos peixes, no qual Max divaga sobre sua posição de pescador, cuja finalidade é a única de manter o jaguar alimentado para que não venha a comer-lhe. Mesmo faminto e na posse do peixe, o jovem não pode se alimentar, já que todos os peixes são da fera. Curioso é que mesmo saciado o felino não permite que Max se alimente. Que animal cruel é este que apesar de satisfeito ainda não permite que os outros se mantenham vivos? Que anima é este que sempre quer mais? Que animal é este que permite ao bicho mais fraco viver constantemente em perigo de morte imposto por sua presença assustadora ou pela fome? Seria mais justo que o jaguar lhe tirasse a vida de uma vez…

Moacyr Scliar tem propósito distinto de Martel, embora ambos usem a mesma imagem para chamar a atenção do leitor. Enquanto Max é compatível com um cidadão fragilizado pelo Estado, Piscine não passa de um religioso em dúvida do que é certo e propenso ao fantástico. Neste sentido, a saga de Martel abusa muito mais dos detalhes de um naufrágio e da situação peculiar da fera e o barco do que Scliar, deixando claro que uma ideia foi lapidada aqui. 

Resumindo, Max e os Felinos é mesmo o primeiro cenário para um animal selvagem e um garoto dividirem o bote no meio do oceano. Entretanto, sua abordagem é distinta do cinematográfico Life of Pi que tem seus méritos. Moacyr dá o seu recado em poucas páginas e trabalha muito bem o subentendido; o não dito, tornando Max e os Felinos um livro que não termina. Leitura recomendadíssima.

Fica a resenha, a sucinta comparação e a dica.

Abraço.

6 de agosto de 2014

“A Essência de Uma Vida” já tem data de lançamento


O autor Lucas André convida todos os seus amigos, familiares e leitores para o lançamento do seu livro “A Essência de Uma Vida”. O evento acontecerá no dia 20 de setembro de 2014 às 15h no CECOM (Centro Comunitário da Vila Dias). O evento conta com o apoio do referido CECOM e da Academia Guaçuana de Letras.

Para quem quiser conferir um sonho se tornar real, deve comparecer ao CECOM, na Rua Chile, n°220 – Vila Universitária – Bairro Mirante – Mogi Mirim/SP no horário já mencionado. Na oportunidade, membros da Academia Guaçuana de Letras farão uma pequena apresentação.

Eis a capa definitiva no livro:
capa    

Eu vou estar lá e você? Lembrando que trata-se de um livro de baixa tiragem e que não terá, a princípio, outro evento de lançamento.

Abraço.

4 de agosto de 2014

Quem é um bom pai?



Muitas vezes me pego refletindo sobre o papel de pai. Penso no que ele representa verdadeiramente. Obviamente, só posso ter alguma noção quando assumo novamente o meu papel de filho. Não há outro modo de se fazer isso, creio, pois os meus olhos, embora míopes para a essência da vida, são só meus. São meus melhores navegadores. A ideia que me vem é simples: ser o pai que gostaria de ter tido.

Simples e acessível a todo mundo, mas insuficiente. Quem é um bom pai? É alguém que realiza todos os desejos do filho? Todo mundo sabe que não. É aquele que dá educação, valores e disciplina? Ainda que tudo isso seja fornecido ao filho, não há garantias de que ele viverá bem e consequentemente de que teve um bom pai. O pai correto é aquele que apresenta prematuramente ao filho o mundo, para que aprenda por si mesmo como sobreviver? Seria crueldade se o filho não conseguisse sobreviver, devido ao fato de lobos maiores comerem o seu pedaço de ovelha. 

Então quem é um bom pai? Eu não sei, mas não me incomodo com isso. Acredito que ser pai está perdido no próprio conceito de unidade familiar por mais piegas que possa parecer. Um ente, um participante, um membro da família, só isso. Sob esta ótica ele é visto mais parto da sua essência. Torna-se importante quando começa a agir, já que seus atos são vistos por seus filhos que repetirão boa parte daquilo que observam. Ter consciência disso significa ser responsável. Suas ideias, valores que já vieram de outros pais, vão passando naturalmente para outros filhos, num compartilhamento universal de identidade. Apesar de não ser o seu pai há mais dele em você do que imagina. Há todos os outros pais da sua família compilados em você, não é incrível? Isso pra falar só de pai… 

Deduzo que ser pai é isso. É ser um monte de gente dentro de uma pessoa, cuja finalidade não é outra senão se juntar a um novo pai, o seu filho. É a dança misteriosa da Vida, que tem os pulmões do Tempo. Coisas que se juntam para depois se separarem e se juntarem novamente.

Este pai está nos olhos das suas meninas e gosta muito de se observar ali.
Paul Law

30 de julho de 2014

Não Nascemos Prontos! Provocações Filosóficas

 

Somos a edição mais nova de nós

Não Nascemos Prontos! é um dos três livros da série Provocações Filosóficas do autor Mario Sergio Cortella. Outro, o intitulado de Não se Desespere! já foi resenhado aqui no blog (postagem pode ser lida aqui). Tal qual o anterior, Não Nascemos Prontos! passeia por temas filosoficamente relevantes e atuais.

O prefácio é feito por um dos filhos do autor. Isso também ocorreu no Não se Desespere!, mas nele o prefácio é feito por outro filho. Tal tendência me leva a deduzir que Não Espere pelo Epitáfio!, o último Provocações Filosóficas também deve ser apresentado por um terceiro filho do escritor. Tal perspectiva é bem interessante, uma vez que conferimos como cada filho apresenta o pai; o que cada um enaltece da vivência que compartilharam. São óticas únicas as dos filhos e me questiono a singularidade da dos filhos de filósofo.

O livro em si reúne textos breves e inquisitivos sobre os mais variados temas. O que os une é a visão filosófica que Cortella dá ao cotidiano. Como é característico da trilogia Provocações Filosóficas, a ideia é dar ao leitor perguntas para que responda por si mesmo. Reflita e deduza. É um livro que não acaba. 

Pensatas do tipo “nascer pronto e acabado”, que, inclusive, dá título a obra, permeiam todo o livro. Alcançando as deduções que o tema exige, já que ao não nascer pronto, somos constantemente formados, alcança-se a informação de que não envelhecemos. Isso mesmo. Explico: o conceito de velho só se aplica às coisas prontas, que não mudam, já que para o que não muda a única opção existente é a deterioração. Nós homens, mudamos. Nascemos, crescemos, aprendemos. Para nós o conceito integral de velho não se aplica, já que há sempre “novidade”. Óbvio que isso não abrange o que se tem por deterioração. Mesmo assim, é uma forma inusitada de pensar. Assim é com vários assuntos, como insatisfação, ambição, internet, tempo, imprensa, egoísmo.

Em poucas palavras, leitura cativante e recomendada para todos aqueles que pretendem ver as coisas de uma forma diferente. Para os cansados do mesmo, do óbvio e das respostas padronizadas que servem para tudo, menos para satisfazer a ânsia por conhecimento. Um conhecimento que vem de dentro; que é reflexivo e maravilhoso. Cortella nos alerta, como alguns já fizeram, sobre a nossa identidade perturbada. Quem és tu? Quem sou? Quem sou eu de verdade. Eu já não sei…

E você?

Fica a resenha e a dica.                      

Abraço.

24 de julho de 2014

Menina Veneno já tem e-book

 

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A autora Mariana Ribeiro, já comentada aqui com a obra “A Herdeira”, lançou esta semana o livro digital do seu mais novo trabalho: Menina Veneno. Confira a sinopse da história:

Audrey Mantovani tem dezessete anos, é filha de um diplomata e estudante de Jornalismo, que adquiriu vasta bagagem cultural em suas viagens ao exterior na companhia do namorado, Frederico Fernandes. Ela seria apenas mais uma adolescente normal vivendo nos anos oitenta, não fosse pelo fato de ter um dom premonitório através dos sonhos, os quais estão relacionados a grandes acontecimentos com repercussão mundial. Decidida a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para mudar o rumo dos acontecimentos, ela passará por cidades como Nova York e Londres.
Como Audrey lidará com a responsabilidade de prever certos eventos futuros? Por quanto tempo ela conseguirá manter o seu segredo preservado da mídia mundial? E quais serão as consequências ao interferir no destino?
Menina Veneno é um New Adult contemporâneo, que envolve problemas cotidianos com uma dose extra de sobrenatural. Não faltam referências sobre música, filmes, entre outros assuntos relacionados à cultura da década perdida.

O book trailer do livro:

A autora tem um site pessoal onde é possível conhecer os dois primeiros capítulos do livro gratuitamente. Lá também compartilha todas as suas novidades. Eis o link:

http://www.marianaribeiro.net/

O e-book completo de Menina Veneno está disponível no site da Amazon por menos de três reais:

http://www.amazon.com.br/Menina-Veneno-Mariana-Ribeiro-ebook/dp/B00LYDWPAA/

Taí uma dica de leitura para o fim de semana.

Abraço.

17 de julho de 2014

A Menina dos Olhos de Jabuticaba




Riqueza não é tudo

A Menina dos Olhos de Jabuticaba é o terceiro livro de Sidnei Salazar lançado pela Livrus. Já li os dois anteriores: De Volta à Pangeia (resenha aqui) e Ariosvaldo, Um Estranho no Céu (resenha aqui) e devo dizer que a prática tem levado o autor ao amadurecimento e á conexão com seus leitores. Explico. Em A Menina dos Olhos de Jabuticaba, temos uma obra bem acabada, voltada para um público amplo e de mensagem acessível. Não estou inferindo que as anteriores sejam o oposto, mas aqui, fica claro o cuidado do autor com estes detalhes.

Somos apresentados a duas personagens principais: Hermes e Vitória. A primeira, um homem já de idade, dono de uma próspera rede de farmácias de São Paulo, cuja vida não teve outro sentido a não ser angariar recursos financeiros.  A segunda, uma criança de oito anos, órfã de pai e mãe, pobre e que vive em Goiânia com uma avó. Duas perspectivas tão distantes que acabam se encontrando para emocionar o leitor. Uma história que trata de temores reais de qualquer ser humano. Solidão, pobreza, loucura, traição, morte e doença. Tudo encarado com esperança, fé e força, pelo menos por Vitória. Com ela, Salazar também resgata aquele brilho da infância, da novidade e dos dias vividos com plenitude. Um contraste interessante ao modo de vida de Hermes, a outra personagem.

A leitura é rápida, fluída e direta. As explicações contidas nas páginas do livro estão ali por necessidade. Lugares e pessoas reais também fazem parte de A Menina dos Olhos de Jabuticaba, o que torna o texto ainda mais próximo de nós. Em diversas passagens é possível ter noção completa de como uma pessoa de verdade lida com a dificuldade apresentada. Em outras, contudo, ficamos apenas com as características que gostaríamos que se tornassem fundamental em todos.

Se a obra peca, se podemos dizer assim, seria no quesito extensão. Tive o ligeiro desejo de continuar lendo após o término do livro. Talvez tal impressão tenha se dado por causa da intensidade da história, que realmente prende. Resumindo, leitura recomendada para entreter e emocionar. Obra de qualidade tanto como produto (o livro físico é lindo), quanto culturalmente. Eu só queria mais…

Fica a resenha e a dica.
Abraços.




15 de julho de 2014

Estela quase pronto

 

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Três livros, um mundo

Quando escrevi as duas palavras “por acaso”, as primeiras do livro Ester, o primeiro que publiquei no não tão longínquo ano de 2009, elas tinham mesmo o sentido próprio dos termos. Foi uma brincadeira inspirada no jogo de escrita “continue a história de onde o outro parou”. Quis criar uma história com as palavras “por acaso”. Involuntariamente, ingenuamente acreditando que aquele momento fosse mesmo aleatório. Pois bem, a história seguiu e me revelou um mundo.

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A personagem Morte esterá em Estela

Este mundo pequeno para caber onde cabe, chega ao seu ápice e desfecho com o livro Estela. Digo ápice porque será nele que as explicações se concentrarão. Menciono desfecho porque ele conclui alguma coisa. Lembro que os livros Ester e Edissa já publicados se passam em um mundo fantasioso; de características próprias, centrado em personagens peculiares que possuem lá suas razões existências. Inclusive de serem nomeados. Esclareço também, que o segundo livro não é continuação do primeiro e nem este terceiro será do segundo. Trata-se de histórias que possuem ligação, mas ela não é evidente e nem direta. Estabelecê-la ou não, caberá ao leitor. 

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Crianças

Nesta etapa que me encontro, depois de algumas publicações, muito estudo e de tentar por exatas treze vezes escrever Estela, posso dizer que estou o mais próximo possível daquele acaso do início do texto. Não sei se me faço claro, mas o que quero dizer é que o texto da décima quarta versão já também muito costurado e cortado, tem aquilo que faltou às outras treze versões. Há algo que eu queria nele. Não se trata de autopromoção, nem egocentrismo que me move agora. Se posso estabelecer algum sentimento, seria o de dever cumprido ou quase cumprido, já que a história ainda não está acessível.

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Teremos violino…

Não é o trabalho de um único homem, não tinha como ser. Tem as capas, a diagramação e a opinião de leitores. É um conjunto bonito que em breve poderá ser visto na sua totalidade. Lembro-me, de novo, do acaso e não sei o motivo.

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e tatuagens…

A ideia do texto é informar que Estela está quase pronto. Espero que o livro continue à altura dos leitores que tenho e que seja capaz de angariar mais. Para saber mais continue acompanhando aqui no blog. Comprar Ester e Edissa, clique aqui. 

Abraço.