29 de dezembro de 2014

Fim de Ano e a Esperança

 

Quando nos aproximamos do fim do ano (final de ciclo), instala-se nas pessoas um sentimento de renovação. Renovar-se, mudar, ser uma nova pessoa. Por conseguinte por consequência), ter esperança de que as coisas tomem outro rumo. Elas podem mesmo tomar outro caminho? É possível mudar de verdade? Vários filósofos já se debruçaram sobre esta questão.

O primeiro passo é definir esperança. Não é difícil deduzir que a palavra provém de “esperar”. Seu sentido pode ser o mesmo de desejar, querer, almejar. Nesse passo, ter esperança, de forma simples, seria esperar. Esperar o quê? Que as coisas mudem. Ok, mas esperar que as coisas mudem é em vão. Como já foi dito e recentemente citado pelo meu amigo Cláudio Fressatto, quem espera por algo o faz porque não tem certeza de que acontecerá. Se há convicção não pode existir esperança. A relação entre o almejado e sua realização é tão certa que não se espera. Pelo contrário, sabemos que acontecerá. Ninguém espera as contas do começo de ano; ninguém diz: tenho esperança de que o IPTU virá em janeiro. Percebe? Não há esperança quando há certeza.

Entretanto, esperança não é só isso (ainda bem!). O segredo é simples. Transforme o substantivo em verbo, como ensina Cortella. Assim, ao invés de Esperança, teremos esperançar; teremos buscar, alcançar, realizar. Nesse processo é importante salientar que esperança só fará sentido se partirmos de um objetivo claro. A frase de Shakespeare cabe aqui para exemplificar o que não devemos fazer: “para quem não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve”. 

O ano termina e as esperanças se renovam como fica evidente em vários comerciais televisivos. Novo tempo, paz, realizações. As palavras pipocam sem parar, mas não podem fazer muita coisa se não for esta a sua vontade. Se for ter esperança em um futuro melhor, plante. Contudo não plante por plantar, mas plante o que espera colher Esperar aqui é de esperançar que, por sua vez, é da soma obtida entre esperar e alcançar.

Que você possa ter este tido de esperança, é o meu desejo.

Abraço.      

26 de dezembro de 2014

O Núcleo dos Escritores e a Tenda Literária

 

No sábado passado, dia 20 de dezembro de 2014, o Núcleo dos Escritores participou do projeto “Dose de Arte” da Cia Imagem Pública. Na ocasião foi montada uma tenda com os livros dos membros do grupo pendurados. Foi possível identificar os livros dos escritores Athayde Martins (Gangorra e A Ponte dos Sonhos), Eliana Silva (Nossa Vez de Viver) Lucas André (A Essência de Uma Vida), Joseph Martins (O Outro Lado da Porta), o meu Ester, os de Luís Antônio Padovani  e muitos outros. A iniciativa chamou atenção dos visitantes. Confira algumas imagens:

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O Núcleo dos Escritores é um projeto literário que nasceu em Moji Mirim, mas acabou ganhando membros de outras cidades da região. A ideia é juntar amantes da Literatura para que compartilhem experiências, sonhos e projetos. A união faz (verdadeiramente) a força. Atualmente a página do Núcleo dos Escritores na Rede Social Facebook conta com cerca de 330 membros. Autores publicados, publicando ou que ainda preparam seus textos estão presentes. Além de poetas de gabarito. Nas reuniões mensais que ocorrem no Centro Cultural de Moji Mirim, parte desses membros comparece e discute as ações do grupo.

Quer conhecer mais sobre o grupo? Acesse:

https://www.facebook.com/groups/285887324896517/

Foi ótimo particpar do evento. Abraço.

18 de dezembro de 2014

Gangorra de Athayde Martins

 

A vida tem os seus altos e baixos

Athayde Martins é membro do Grupo de Escritores e autor de dois livros publicados. Já comentei do autor e sobre o seu primeiro “A Ponte dos Sonhos” (postagem pode ser lida aqui). Agora é a vez de “Gangorra” o seu segundo livro. Aqui temos o protagonista Roberto contando os fatos mais importantes de sua vida.

Em “Gangorra” o leitor é inserido no cotidiano de um jovem que se descobre a cada capítulo. De educação simples, mas honesta, Roberto aprende desde logo o que realmente é importante. Já na chácara de seu pai, no contato com o campo e com a vida simples, aprende a lição que permeia todo o livro. A de que a vida é tal qual uma gangorra, pois precisa de outra pessoa para funcionar e intercala entre o alto e o baixo. A vida de Beto segue mesmo esta fórmula.

Com a mesma velocidade de “A Ponte dos Sonhos” o autor narra toda uma vida. Acompanhamos Roberto e sua evolução como ser humano; seu desejo de fazer algo de bom e como isso o aproxima de pessoas que possuem o mesmo objetivo. Há emoção, sofrimento, vida, morte, paixões e supressas, ingredientes que permeiam a existência de qualquer um. Nesse sentido, “Gangorra” ilustra bem o que uma boa educação e amor podem fazer na vida das pessoas. 

Produzidos pela mesma editora, “Gangorra” tem a mesma qualidade gráfica de “A Ponte dos Sonhos”. O tamanho também é similar, ou seja, não se trata de um livro grosso. As histórias do autor seguem o padrão de não se alongarem, mas isto não significa que não são bem contadas. Pelo contrário, Gangorra, cumpre bem o seu papel que, segundo a minha opinião e leitura, foi o de demostrar a inconstância da vida. O fato de ser importante saber se adaptar e admitir que o tempo passa. Em suma, tal qual o anterior, neste, Athayde Martins nos apresenta uma boa história, palpável, verdadeira e cheia de emoção. Já aguardo o terceiro.

Fica a resenha e dica.      

15 de dezembro de 2014

O desejo de Natal

 

Denis procurou uma vaga para estacionar o seu veículo. Não era um carro do ano, mas servia-lhe bem. Também não era feio. Estava no Shopping, eram dias de Natal. Junto dele estavam Soraia, sua esposa, Julieta e Jussara, as filhas.
— Pare em qualquer lugar, pai — disse-lhe Julieta, a primogênita.
— Sim, mas não acho vaga.
Mais algumas voltas e reclamações, achou uma vaga distante. Estacionou e desceu junto da família para aquele programa característico. Jussara ia ao colo da mãe, tinha dois anos. Julieta, já com os seus cinco anos, ia de mão data com Denis.
As lojas piscavam atrativas e muitas pessoas preenchiam os corredores do Shopping. Toda a cidade estava ali? Denis não se sentia á vontade em lugares cheios. Soraia o acalmava com sorrisos e beijos. As meninas observavam tudo, comportadas. Família.
— Vou ver uns brincos aqui — disse-lhe a esposa, passando a pequena Jussara para ele.
— Não demore — respondeu, já ciente de que seu apelo não seria acatado.
Denis se sentou em uma pequena mureta que cercava o jardim central. Jussara quis se desvencilhar do seu abraço. Ele deixou. A menininha ficou ali por perto observando a irmã equilibrando-se sobre a mureta.
— Desça, Julieta.
— Estou andando sobre a prancha. Há tubarões lá embaixo.
A imaginação sempre foi fértil em sua filha mais velha. Mundos, personagens, histórias fantásticas baseadas nos incontáveis DVDs que assistia. De tempo em tempo, era um personagem diferente.
— Sou a Wendy, pai. O Peter Pan virá me salvar.
O pai sorriu. A filha caçula trepava na mureta para imitar a irmã. As coisas funcionavam daquela maneira para todo mundo. Era um ritual, uma rotina quase implacável. Tal qual uma planta, o destino de um homem não cabe muitas novidades. Nasce, cresce, casa, tem filhos e morre, era o que pensava. Mais ainda: comemoram o Natal com compras e festas. A essência daquele ritual não era importante para aqueles que por ali transitavam. Pano de fundo, justificativa, pretexto para gastar. Ele, pelo menos, estava ali para agradar sua família.
— Desça, filha! Sua irmã está tentando fazer o que você está fazendo — protestou.
— Por causa dela eu não posso brincar?
— Pode, mas brinque de outra coisa.
— Que chato!
Julieta desceu e emburrou. Jussara fez o mesmo e isso a deixou ainda mais irritada.
— Para! — reclamou.
— Para! — Jussara respondeu com sua linguagem enrolada.
— Ela tem você como exemplo, Julieta. Devia se orgulhar disso.
— É pai, mas por causa dela eu não posso brincar.
O pai tentou mudar de assunto.
— Então, já decidiu o que vai pedir ao Papai Noel.
O solhos de Julieta se iluminaram. Ela disse:
— Sim, claro.
— E o que foi?
— Eu pedi para que me faça voar!
— Voar — repetiu a irmãzinha.

11 de dezembro de 2014

Paulo Uzai lançará livro

 

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Quem acompanha o blog sabe que eu já comentei dos escritos do autor Paulo Uzai. A postagem pode ser lida aqui. Sabe, igualmente, que o escritor é meu amigo. A novidade é que ele lançará livro inédito através da Editora Multifoco. Trata-se do seu primeiro livro oficial, cujo título é “Encontros e Desencontros no Deserto”.

O livro já está em pré-venda, veja:

http://editoramultifoco.com.br/loja/produto/encontros-e-desencontros-no-deserto-pre-venda/

Uma curiosidade é que fui um dos leitores betas da obra. Posso adiantar que o texto é de qualidade, além de relatar um cotidiano próximo de muitas pessoas. Uma leitura profunda, uma viagem ao psicológico da juventude. Eis a sinopse:

“O livro que tem em mãos não se afasta da cosmovisão contemporânea, compartilhando de seu drama e desespero. Contudo quanto dessa angústia está em nós presente? Se ninguém nasce imune depois de Marx, Darwin, Nietzsche e Freud, por que há um esforço tão grande para esquecermos o verdadeiro debate de nosso tempo? Dessa forma, o esforço do livro é mostrar a consciência dessa angústia, que se apresenta na inconsciência de muitos dos seres humanos. É a reflexão no deserto, onde buscamos superar nossas dificuldade e limitações. Também pode ser lido como a vida no deserto da civilização de hoje que, destruindo os antigos valores, tenta construir uma sociedade nova através das cinzas da anterior.”

Curioso? Eu já estou reservando o meu.

Fica a dica.

Abraço.

4 de dezembro de 2014

Seja água, meu amigo!

 

Talvez você já tenha visto a entrevista do formidável Bruce Lee, na qual ele dá este conselho: “seja água, meu amigo!” A ideologia vem do seu livro de artes marciais (e filosófico, porque não) “O Tao do Jeet Kune Do”. No livro há muito mais do que na entrevista e o objetivo deste pequeno texto é comparar os ensinamentos do saudoso artista com as pessoas atuais.

A ideia de Lee, que sabemos, não é dele, mas um apanhado organizado da Filosofia Oriental é a seguinte: a verdadeira forma é não ter forma. O verdadeiro é o que é; não há nada antes nem após. Sou, simplesmente. Em outras palavras, para chegar o mais perto possível da perfeição (embora jamais possamos alcançá-la), devemos descarregar nossas mentes. Certamente “pensar em nada” não é fácil, talvez exija muita meditação ou até mesmo seja impossível. A ideia é se deixar levar pelo Momento, pela Natureza, pelo Movimento. Só assim, segundo Lee, o artista marcial conseguirá alcançar o máximo de suas habilidades. Livre de padrões e do peso que tudo isso impõe, ele esclarece.  Neste sentido, ele ensina que devemos ter o mesmo comportamento da água. Ela não possui forma, se adapta ao recipiente que é alocada. Pode salvar vidas ou destruí-las, de acordo com a ocasião.

Quantas pessoas você conhece que é realmente livre (considerando o conceito simples de liberdade)? E você? Consegue pensar dessa forma? Carregamos tanta coisa em nossa mente, tantas distrações que ficamos cada vez mais distantes de nós mesmos e por tabela da Natureza. Ser água? Poder se adaptar com agilidade à velocidade do mundo, não parece ser coisa fácil. Tudo muda, embora tudo se esforce tanto para que fiquemos com certas coisas. O que quero dizer é que as forças são desproporcionais e violentas. Estamos confusos já faz algum tempo. A distração parece ser o lugar mais seguro.

Distraídos; vamos sendo distraídos e o tempo passa. Ser água não significa ser imprudente e viver a vida intensamente (carpe diem). Pelo contrário, significa entender-se como parte de algo maior e em constante sintonia com isso. Tudo é feito da mesma coisa. Pare e reflita por um momento: posso ser mais água hoje? Estou me adaptando ao mundo ou exigindo que o mundo e as pessoas mudem por mim? Indo mais longe, sou sincero comigo mesmo?

Seja água, meu amigo!

Abraço.