19 de dezembro de 2016

Pensemos no que a vendedora de fósforos quis nos ensinar

Hans Christian Andersen há muito tempo percebeu que as pessoas distorciam os valores natalinos. Em seu conto "A Vendedora de Fósforos" ele choca o leitor apenas com a realidade. O ser humano sempre foi incapaz de sentir a dor alheia; de se colocar no lugar do outro. Será que um dia isto será diferente?

O conto fala por si mesmo. Indico a tradução de Pedro Bandeira:


Segue a pequena animação do conto:


Feliz Natal a todos.
Abraço. 

30 de novembro de 2016

A Guardiã de Histórias de Victoria Schwab


Os mortos são como livros

A Guardiã de Histórias é um livro escrito pela autora Vctoria Schwab que narra o que acontece com as memórias das pessoas depois que elas morrem. A primeira coisa que vai chamar a atenção do leitor para este livro é a frase de efeito que está em sua capa. "Imagine um lugar onde, como livros, os mortos repousam em prateleiras..." Esta colocação no topo da capa é suficiente para aguçar a curiosidade; para dar uma chance a esta história que é o primeiro volume de uma série que se chama "The Archived" (Arquivado). 

Tudo começa com a mudança da personagem principal Mackenzie Bishop para o Coronado, um antigo hotel há muito convertido em residencial. Ela e sua família estão deixando a cidade e a casa onde viviam por causa da morte acidental de Benjamin Bishop, irmão de Mac. O Coronado é o local escolhido para recomeçar. Em segredo a personagem principal é uma Guardiã e trabalha para o Arquivo, cuja finalidade é manter preservada a memória de todas as pessoas que já morreram. Mac possui uma chave mágica que abre portais para os Estreitos, os corredores do outro mundo, onde as Histórias que fogem do Arquivo estão. Sua missão é devolver os mortos para o Arquivo e impedi-los de sair ao Exterior, o nosso mundo (redundante?). O problema é que o Coronado tem segredos que levarão Mackenzie a repensar sua profissão e toda a função do Arquivo.

Temos aí um pouco do enredo de A Guardiã de Histórias". Uma obra que possui uma proposta muito interessante. Vctoria teve a brilhante ideia de criar um mundo em que as histórias de vida devam ser preservadas. O Arquivo é o lugar em que  lembranças de uma vida inteira são guardadas. As Histórias são réplicas de corpos de pessoas que já morreram e são guardadas em gavetas. As lembranças se confundem com a própria pessoa e em alguns casos "despertam", tentam sair, fugir. Os Guardiões são aqueles que devem devolver estas lembranças que pensam ser uma pessoa às suas gavetas no Arquivo. Há também os Bibliotecários, os que trabalham no Arquivo, zelando pelas prateleiras. O preferido de Mac é Roland. A Equipe, por sua vez, é responsável por pegar as Histórias que conseguem fugir dos Estreitos. Formada por uma dupla de experientes Guardiões, eles possuem chaves especiais capazes de abrir passagens para o outro mundo em qualquer lugar. É estranho que o nome seja Equipe se trabalham em dois, mas é assim que quis a autora...

Num primeiro momento todas estas informações podem parecem confusas, mas em poucas páginas de A Guardiã de Histórias isto se dissipa. As explicações são naturais e coerentes com o avanço no enredo. Ao caminhar para o deslinde da história Schwab tomou o cuidado de preservar material para livros seguintes. Há uma saga maior a ser contada. O final não é surpreendente e a insistência do triângulo amoroso é uma aposta contrária à ideia que norteia todo o livro. A divisão da protagonista entre dois possíveis amores não agrada e empobrece o enredo, já que facilmente identificamos o vilão. 

Em resumo, A Guardiã de Histórias é uma história com proposta ousada e original. Sua riqueza é apresentada imediatamente ao leitor. A autora é hábil em encaixar as explicações do mundo novo ao mesmo tempo em que avança com o enredo. Peca, apenas, no cansativo dilema amoroso de três pessoas. Um final aberto que servirá de gancho para os livros seguintes é interessante. 

Fica a resenha e a dica.   

18 de novembro de 2016

Retalho de gente


Suzi Nogueira adorava aquilo. Mexer com visual das pessoas, cuidar da aparência, mudar de qualquer forma. O seu salão de beleza no Centro da cidade era bem requisitado e rendia-lhe um bom sustento. Era uma mulher alta, ruiva de cabelos curtos e olhos verdes. Aparentava ter uns quarenta anos, usava uma echarpe verde em volta do pescoço e um vestido de verão, branco. Brincos extravagantes enfeitavam suas orelhas e botas negras cobriam os seus pés. 
— O que vai querer dessa vez? — ela perguntou a Treze, enquanto abria sua maleta.
— O de sempre. Quero parecer normal.
Suzi sorriu. Conhecia Treze desde o começo. Chegaram até a ter um romance, quando pertenciam a Copas. Depois, seguiram caminhos diferentes. A cabeleireira havia superado tudo aquilo. Tinha criado uma vida para si; um nome, não mais um número. Suas habilidades que antes eram usadas para suavizar o processo de adaptação dos transplantados, agora serviam a todos os clientes.
As mãos ágeis da cabeleireira agarraram os longos cabelos dourados de Treze e começaram a cortar. Em seguida, usou produtos químicos para dar volume e cachos. Por último pintou tudo de preto, num penteado moderno. De uma pequena caixa de plástico, tirou lentes de contato. 
— Adeus olhos azuis.
Treze não gostava de se ver, embora tivesse que encarar o seu reflexo para conferir o trabalho de Suzi. Mudara tanto ao longo dos anos que não conseguia imaginar sua própria aparência. Não se importava com isso, aliás, mas a experiência tinha lhe ensinado que os outros se importavam. Não havia negros de olhos azuis, cabelos lisos e loiros e encontrar com Alanna Soares assim causaria resistência. Treze precisava de tudo para convencer a atriz do que estava acontecendo. Até mesmo, fingir ser o que não era.
— Ótimo — falou Suzi. — Ninguém vai perceber que você é um retalho de gente.

9 de novembro de 2016

Trono de Vidro de Sarah J. Maas


Não julgue pela capa

Trono de Vidro é o primeiro livro da série homônima da jovem escritora estadunidense Sarah J. Mass. Lançado no Brasil em 2013 pela editora Galera Record, com quase quatrocentas páginas, o livro nos apresenta Cealena Sardothien, uma assassina de quase vinte anos em busca de redenção.

A narrativa em terceira pessoa começa com a visita do capitão da Guarda Real às minas de Endovier onde Celaena é mantida escravizada. Chaol, este capitão, tem uma proposta para a maior assassina de Adarlan: trocar a escravidão por uma competição que elegerá o campeão do rei. Caso Celaena vença, terá que usar suas habilidades assassinas para o reinado por quatro anos. Depois, será livre. É explicado que Dorian, o príncipe herdeiro, escolheu Sardothien para ser sua representante no torneio do pai, ao passo que duques o outros nobres tinham os seus próprios patrocinados. Celaena então é levada ao Palácio de Vidro, sede do reinado e treinada pelo capitão da guarda a fim de se preparar para a competição. Lá a assassina passa vários meses, faz amigos, inimigos e vive grandes aventuras até o deslinde da disputa. 

Trono de Vidro tem um ritmo acentuado. Uma história maior permeia o enredo deste primeiro livro e suas consequências serão exploradas nos volumes seguintes. A leitura é descomplicada, as coisas acontecem em todas as páginas. A organização do enredo é boa, tudo bem distribuído e alocado no momento certo, o que ajuda a prender o leitor (na falta de personagens cativantes).   

O mundo descrito na obra é interessante. Há um mapa completo antes da história e ele ajuda a entender o cenário. O leitor tem um mundo mágico para conhecer e apreciar. Destaque para a arte da capa e todo o acabamento do livro. É uma peça agradável, assim como os livros seguintes da série

Contudo, a história de Celaena pode não agradar por muitos motivos. O primeiro deles é que o leitor estará imediatamente diante de uma personagem principal muito poderosa. Qualidades como "a maior", "a melhor"," a mais" são usados sem pudor para descrever a assassina, não havendo espaço para um crescimento pessoal. Outro ponto negativo é o próprio título de assassino de Celaena. Não há coerência entre sua posição criminosa e sua personalidade. A autora a descreve como uma heroína, distanciando-se completamente da alcunha de matadora.

Estabelece-se, mais uma vez, como em Crepúsculo e Jogos Vorazes, o triângulo amoroso. Embora a ideia seja interessante por causar expectativa nos leitores, a forma como é usada em Trono de Vidro é superficial. Não há explicações sobre o que embala os sentimentos. Celaena tem seus segredos, isso fica claro, mas os outros personagens não são como ela e deveriam ter suas emoções melhor construídas. A ideia de um torneio para escolher o campeão do rei, lembra a linha de raciocínio de Jogos Vorazes, a de lutar pela sobrevivência. O rei em Trono de Vidro pode facilmente ser o presidente da Capital. O fator continuidade foi trabalhado desde o começo. Há muito a ser explicado e explorado, o que empobrece o enredo deste primeiro livro. Trata-se, apenas, de uma apresentação dos personagens e do cenário. 

Em poucas palavras, Trono de Vidro é um livro bonito fisicamente, de bom ritmo e cenário cativante. Entretanto peca com personagens superficiais e desinteressantes, além da originalidade. 

Fica a resenha

Abraço.   

1 de novembro de 2016

Elogio à Loucura de Isa Oliveira


O que houve com a Brigite?

A obra "Elogio à Loucura" da escritora Isa Oliveira está em sua terceira edição. Este número demonstra o interesse do público em sua leitura. Não é difícil entender o motivo, já que se trata de um livro interessante, que conta a história de uma idosa ao descobrir que possui poucos dias de vida. Todas as implicações de saber da brevidade da vida, do tempo perdido até ali e das frustrações de uma vida que poderia ter sido diferente estão lá.

Dulce, a narradora e também personagem principal, começa a escrever impelida pelo álcool. Ela compra uma garrafa de vinho de boa qualidade com quase todos os proventos de sua aposentadora e resolve escrever um livro de contos. Inspirada também pelo poeta Fernando Pessoa, a narradora divaga e o seu objetivo inicial vai se dissipando aos poucos. Ela acaba contando a própria história. É uma velha de sessenta e seis anos que acabou de descobrir que tem câncer. Dulce não tem medo de morrer, pois segundo ela, está morta a mais de trinta anos, desde que fechou o seu coração para o amor, após separar-se do marido, com quem tinha dois filhos.

Logo após relatar sua experiência fracassada com o casamento, Dulce conhece Anselmo, um peculiar psicólogo que está procurando uma cadela para namorar com o seu pastor belga. Eles se conhecem justamente por causa deste motivo. Dulce tem uma cadela, a Brigite, que nunca namorou e coloca um anúncio no jornal à procura de um pretendente. Anselmo responde ao anúncio e enquanto os cachorros se conhecem, os donos fazem o mesmo. Na verdade, Anselmo vai mostrar a Dulce uma outra maneira de ver a vida e um tipo de amor que ela desconhece. 

Um livro bem amarrado, uma história simples, mas capaz de emocionar em muitos momentos. Isa tem uma sensibilidade incrível e um modo muito franco de inserir assuntos controversos. É preciso mencionar o seu empenho em colocar exemplos convincentes de pessoas que sofrem com o câncer; de instituições que cuidam de pessoas com esta doença; casos de quem a venceu e de quem não teve a mesma sorte. Ainda somos brindados com adendos especiais sobre como proceder ao lidar com este mal, seja em nós ou em um ente querido. 

Embora num primeiro momento o título possa parecer um pouco deslocado, ele se justifica. Sutilmente a autora introduziu a loucura em mais de uma forma, inclusive. Há loucura boa... Há momentos em que é preciso ser incoerente, inconsequente. O final é previsível desde o começo, mas como ele se desenrola não. A função de Anselmo na trama também é clara quase que imediatamente. Entretanto este fato não tira o mérito da autora em conseguir trabalhar no campo da fantasia. 

Em resumo, um livro rápido emocionante que relata os dias finais de alguém muito doente. Você pode escolher viver os seus últimos dias ou se lamentar por tê-los. Dulce descobre um pouco tarde que durante quase toda a sua vida escolheu olhar para trás ao invés de seguir adiante. Pelo menos nestes últimos dias ela mudou sua visão. Sua vida foi salva. 

Fica a resenha e a dica.      

20 de outubro de 2016

12 Capítulos de Estela estão disponíveis para leitura!




O meu livro Estela tem doze capítulos disponíveis para a leitura no Wattpad, confira o link:


Acabo de atualizar a história com o décimo segundo capítulo, espero que gostem. 

Ah, se vocês quiserem ler o livro todo é possível adquiri-lo em e-book por apenas R$ 1,99 ou o livro físico por R$ 26,00:


Abraço!

14 de outubro de 2016

Meio Sol Amarelo de Chimamanda Ngozi Adichie


Outra história

A escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie já falou do perigo em conhecer apenas uma história. Explicou como os livros que tanto gostava de ler contavam vidas tão alheias a sua. por este motivo, ela decidiu contar outra história. Uma que pudesse ser reconhecida por seus pares, por seu povo. Este livro é uma outra história e é preciso que se diga de uma vez: é uma história fascinante. 

Meio Sol Amarelo relata os dias de guerra civil ocorridos na Nigéria entre os anos 1967 a 1970. Na ocasião, uma nova República foi fundada dentro do país, cujo nome foi Biafra e foi formada em sua maioria pelo povo Igbo. Neste cenário se desenvolvem três histórias: a de Ugwu, de Olanna e a de Richard. O primeiro personagem é um jovem igbo que sai da sua tribo para ser empregado de um professor universitário, o que lhe garantirá um teto e alimento pelo resto da vida. Olanna, por sua vez, é filha de um rico empresário, mas não tem interesse nos negócios do pai. Seu desejo é casar-se com o professor Odenigbo, o patrão de Ugwu. Richard, por fim, é um jovem escritor inglês que está no país em busca de uma boa história. Ele se apaixona pela irmã gêmea de Olanna, Kainene. Consegue ver como as histórias se articulam? 

As três tramas se desenvolvem em bom ritmo e se completam. Personagens que num primeiro momento são tidos como secundários, como é o caso de Kainene, vão ganhando mais importância ao longo da história e outros, no entanto, vão saindo de cena (é o caso do inglês escritor). O impacto da guerra pode ser observado em todos os personagens, ao passo que as consequências deste impacto são trabalhados com exatidão pela escritora. São humanos... 

Há um fato envolvendo a história dos três personagens que é mantido em segredo por boa parte da trama. Há surpresa quando ele é revelado, mas a quebra de ritmo da narrativa neste ponto é brusca. Não há harmonia com o texto de até então, embora possa ser estratégico com o objetivo de manter o segredo por mais tempo.  

Um ponto a ser destacado é a ótica utilizada na obra. Presume-se que a guerra seja observada do ponto de vista dos líderes políticos ou soldados. Há ainda a possibilidade de ser contada do ponto de vista da população envolvida no conflito, o que geralmente é feito através de narrativa focada na pobreza agravada pelo conflito. Em Meio Sol Amarelo, você pode esquecer qualquer dessas visões. A história se desenvolve do ponto de vista dos nigerianos ricos e inteligentes. É uma experiência singular.

A fome, a morte e demais crueldades advindas da guerra são coadjuvantes nas páginas concebidas por Chimamanda. Ela escapa do óbvio mais uma vez, oferecendo uma leitura mais dramática, ao invés de algo exagerado. A força das personagens (que em muitos casos não acreditam em si mesma) ao lidarem com os problemas é louvável. Em contrapartida, os fortes de até então, ao lidarem com a desilusão, tornam-se vencidos. Mais uma vez, humanos...

Em resumo, Meio Sol Amarelo é um relato autêntico do quanto a mente humana é alterada pela guerra, da inversão de valores causada pela situação emergencial. O quanto vale um prato de arroz (sem qualquer outro adorno) vai depender muito do tempo em que se passa sem saboreá-lo. Um livro intenso, articulado, capaz de emocionar em vários momentos, cujo legado pode ser o de que há vida em outros lugares, mesmo que a maioria das pessoas (ou aqueles que contam histórias) não se dão conta disso. Esta é uma outra história e fiquei satisfeito por conhecê-la.

Fica a resenha e a dica.
Abraço.  
      

        

  

7 de outubro de 2016

Eterna Promessa - Flávio Magalhães


Até quando?


Flávio Magalhães é repórter, trabalha no jornal centenário "A Comarca" de Mogi Mirim/SP. Escreveu e publicou o livro "Eterna Promessa" neste ano de 2016. Trata-se de um livro/reportagem que conta a história do Parque das Laranjeiras, um bairro de Mogi Mirim, ocupado por população que vive em condições precárias, abandonada pelo poder público há mais de trinta anos. 

O autor investigou o caso, visitou personagens dessa longa história e contou de forma objetiva como se deu a situação do Parque das Laranjeiras. Era para ser um complexo habitacional particular, mas as irregularidades da construtora, somadas às do poder público, transfonaram o local na maior área irregular do município. nenhum prefeito consegue resolver o problema...

Por todos os problemas, a população é quem sofre. Grande parte das ruas não são asfaltadas, rede de esgoto não existe, água encanada também é privilégio de poucos. É incrível que em Mogi Mirim, cidade interiorana e de boa qualidade de vida, ainda existam pessoas vivendo em situação desumana. Flávio faz um livro reportagem no sentido de contar o que aconteceu e acontece no local, na tentativa de "abrir os olhos" das pessoas que não conhecem aquela realidade.

Em suma, uma obra bem escrita, imparcial e necessária. Um relato consciente da situação de pessoas humildes próximas da gente. Colocar-se no lugar do outro é o objetivo de "Eterna Promessa" e o que ainda permanece é a pergunta: até quando? 

Fica a pequena resenha e a dica.   
Abraço. 

Para comprar o livro, clique aqui.
                

4 de outubro de 2016

O livro e a vida



Já pensou em quanta coisa existe em comum entre o livro e a vida? E na diferença? Um livro é divido em capítulos e páginas, a vida em anos e dias. No livro, aparecem personagens, desaparecem personagens, reaparecem. Na vida também. Hoje, estou vendo vários personagens da minha história, da minha vida, do meu livro. Pessoas que estiveram nas primeiras páginas, outras em momentos importantes e outras, ainda, que ocupam o capítulo atual. Acho que hoje é uma página especial deste livro.    

Num livro nos emocionamos, sentimos coisas e nos posicionamos em relação ao que estamos lendo. Enquanto vivemos, passamos por diversas situações difíceis ou prazerosas e desfrutamos de vários sentimentos, às vezes contraditórios, ás vezes intensos e também agimos. O que mais me fascina, seja em um livro, seja na vida é ser surpreendido. A surpresa é maravilhosa e tem a ver com felicidade, porque não é planejada. As coisas boas, me parece, não podem ser planejadas.     

No livro, assim como na vida há cenários, lugares em que se passa parte da história. Em certas ocasiões o cenário persiste, já em outras ele muda bruscamente e gostamos de ver como os personagens se adaptam às mudanças. Há cenários que são deixados para trás, mas podem ser retomados nas páginas seguintes. Existem lugares novos que jamais poderíamos imaginar em páginas anteriores. Tem cenário, no entanto, que é único. Há um carinho especial por certos lugares, um desejo secreto de retorno, como se fosse possível reviver e aqui reside a crucial diferença entre um livro e uma vida.

O livro pode ser relido, as páginas, os capítulos podem ser revisitados. O sentido da leitura pode ser alterado. Já a vida não e isto é um pouco triste. Não podemos voltar nas páginas da nossa própria história, nem retornar aos lugares antigos para reviver um acontecimento. O sentido da vida, pelo que conhecemos, é único, não admite retorno. Então, o que podemos fazer?

Há duas coisas: ler e escrever. Leia vidas e não se importe se são ficcionais ou reais, já que no futuro isso não fará diferença, pois tudo se resumirá em histórias contadas por alguém. Assim, enquanto está aqui terás uma vida completa, várias vidas na verdade. 

Escreva. Escreva para que a vida perdure. Escreva para que a obra fique. Não se trata de vaidade, nem de desejo pela imortalidade, mas de deixar rastro. De ter uma história que valha a pena ser contada.

28 de setembro de 2016

A rocha que não passa - Afonso J. Santos


As histórias que ficam

Afonso J. Santos é poeta, membro da Academia Guaçuana de Letras, da Casa do Escritor e da UBT (União Brasileira de Trovadores) e foi premiado algumas vezes pela Biblioteca Municipal de Mogi Guaçu. Seu primeiro livro individual "A roca que não passa" acabou de ser publicado pela Editora APMC. 

Trata-se de um pequeno apanhado de poemas e crônicas do autor que permeiam temas importantes como o rio Mojiguaçu, o meio ambiente, o leitor, a vida e o passado. O autor, que também é trovador, deixa registrado sua arte dinâmica, simples, direta e sensível. Poucos são aqueles capazes de dizer muito com poucas palavras. A arte do livro também merece destaque, já que representa com propriedade o tema central da obra (as coisas que ficam) e também a nossa cidade. Tudo foi concebido pelo renomado artista Rômulo Coutinho. 

Uma leitura prazerosa e rápida, capaz de emocionar e propiciar reflexão. Tempos que se foram, valores que mudaram, pessoas que deixam saudade. O material usado no livro, embora simples, não deixa a desejar. Talvez as letras sejam pequenas para olhos cansados. A editora APMC entregou um bom livro, mas não pude identificar imagens ou opção de venda no site, nem em outros lugares. Talvez seja a opção do próprio autor, não sei. 

Afonso é um poeta não só com as palavras, mas em atitudes. Um homem sutil, discreto, mas atento à beleza da vida é o que percebemos ao estar nas páginas de "A Rocha que não passa". Uma ótima leitura. 

Fica a pequena resenha e a dica. 
Abraço.           

26 de setembro de 2016

Lançamento de "Por que, Pai?"


No sábado, dia 24 de setembro de 2016 às 10h no Centro Cultural de Mogi Guaçu, ocorreu o lançamento do meu livro "Por que, Pai?". Foi uma manhã muito especial preenchida por pessoas incríveis. Escritores, familiares, professores e amigos. Foi maravilhoso! 

Eu já agradeci cada um dos presentes, mas não custa agradecer novamente. Este apoio que recebi é muito importante para dar ânimo e seguir escrevendo. Compartilho algumas imagens que o amigo Igor Cairo registrou:
Discursando
Os presentes
Com o poeta Nunes Guerreiro
Com o Acadêmico Augusto Legaspe
Com a escritora Fátima Fílon
E o poeta Afonso J Santos
A Acadêmica Mayra 
Com a Yara
E os amigos Alessandro, Andreia e Yasmim
O amigo Rafael esteve presente
A escritora Rosiléia Roberto 
Meu amigo Rodrigo Machado
E o Everton com a Evelin
O poeta e Acadêmico Cícero Alvernaz
Minha prima Flaviana e seus filhos Otto e Amon
Tia Gaetana e prima Carol
Minha mãe
e meu pai
Com a escritora Isa Oliveira
E seu esposo Luís Henrique
Meu irmão Giovanni, Pêmela, Nicole e a Bia
O amigo e Acadêmico Luís Braga
Com a família Fressatto (tios e primos).
Tia Nenê e tira Rita
O amigo Nicola Delatesta
Tia Maria Lázara
Com a Sílvia, amiga da família
E o meu primo Flaviano
Minha professora do Mato Seco, Isabel!  
Os primos Sandra e Sebastião
O amigo Igor Cairo
Vô João Moreira
Com o comunicador e escritor Athayde Martins
Minha esposa e filha 

É pertinente mencionar que a Regina, assim como a Dona Maria Ignez e o senhor João Francisco compareceram. Mais pessoas estiveram no local e lamento não me lembrar do nome de todos. Fica o registro. 

Abraço! 
   

21 de setembro de 2016

Matéria no Jornal Tribuna do Guaçu

A jornalista Luciane Bueno fez matéria comigo, sobre o livro "Por que, Pai? para o Jornal Tribuna do Guaçu. Vejam:

Clique na matéria para aumentá-la
Gostaria de agradecer ao jornal e à jornalista pela oportunidade de falar um pouquinho sobre o livro. Lembrando que o lançamento será sábado próximo, dia 24/09/2016, às 10h no Centro Cultural de Mogi Guaçu/SP. Esteja lá para me dar um abraço. 

Até breve!