20 de outubro de 2016

12 Capítulos de Estela estão disponíveis para leitura!




O meu livro Estela tem doze capítulos disponíveis para a leitura no Wattpad, confira o link:


Acabo de atualizar a história com o décimo segundo capítulo, espero que gostem. 

Ah, se vocês quiserem ler o livro todo é possível adquiri-lo em e-book por apenas R$ 1,99 ou o livro físico por R$ 26,00:


Abraço!

14 de outubro de 2016

Meio Sol Amarelo de Chimamanda Ngozi Adichie


Outra história

A escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie já falou do perigo em conhecer apenas uma história. Explicou como os livros que tanto gostava de ler contavam vidas tão alheias a sua. por este motivo, ela decidiu contar outra história. Uma que pudesse ser reconhecida por seus pares, por seu povo. Este livro é uma outra história e é preciso que se diga de uma vez: é uma história fascinante. 

Meio Sol Amarelo relata os dias de guerra civil ocorridos na Nigéria entre os anos 1967 a 1970. Na ocasião, uma nova República foi fundada dentro do país, cujo nome foi Biafra e foi formada em sua maioria pelo povo Igbo. Neste cenário se desenvolvem três histórias: a de Ugwu, de Olanna e a de Richard. O primeiro personagem é um jovem igbo que sai da sua tribo para ser empregado de um professor universitário, o que lhe garantirá um teto e alimento pelo resto da vida. Olanna, por sua vez, é filha de um rico empresário, mas não tem interesse nos negócios do pai. Seu desejo é casar-se com o professor Odenigbo, o patrão de Ugwu. Richard, por fim, é um jovem escritor inglês que está no país em busca de uma boa história. Ele se apaixona pela irmã gêmea de Olanna, Kainene. Consegue ver como as histórias se articulam? 

As três tramas se desenvolvem em bom ritmo e se completam. Personagens que num primeiro momento são tidos como secundários, como é o caso de Kainene, vão ganhando mais importância ao longo da história e outros, no entanto, vão saindo de cena (é o caso do inglês escritor). O impacto da guerra pode ser observado em todos os personagens, ao passo que as consequências deste impacto são trabalhados com exatidão pela escritora. São humanos... 

Há um fato envolvendo a história dos três personagens que é mantido em segredo por boa parte da trama. Há surpresa quando ele é revelado, mas a quebra de ritmo da narrativa neste ponto é brusca. Não há harmonia com o texto de até então, embora possa ser estratégico com o objetivo de manter o segredo por mais tempo.  

Um ponto a ser destacado é a ótica utilizada na obra. Presume-se que a guerra seja observada do ponto de vista dos líderes políticos ou soldados. Há ainda a possibilidade de ser contada do ponto de vista da população envolvida no conflito, o que geralmente é feito através de narrativa focada na pobreza agravada pelo conflito. Em Meio Sol Amarelo, você pode esquecer qualquer dessas visões. A história se desenvolve do ponto de vista dos nigerianos ricos e inteligentes. É uma experiência singular.

A fome, a morte e demais crueldades advindas da guerra são coadjuvantes nas páginas concebidas por Chimamanda. Ela escapa do óbvio mais uma vez, oferecendo uma leitura mais dramática, ao invés de algo exagerado. A força das personagens (que em muitos casos não acreditam em si mesma) ao lidarem com os problemas é louvável. Em contrapartida, os fortes de até então, ao lidarem com a desilusão, tornam-se vencidos. Mais uma vez, humanos...

Em resumo, Meio Sol Amarelo é um relato autêntico do quanto a mente humana é alterada pela guerra, da inversão de valores causada pela situação emergencial. O quanto vale um prato de arroz (sem qualquer outro adorno) vai depender muito do tempo em que se passa sem saboreá-lo. Um livro intenso, articulado, capaz de emocionar em vários momentos, cujo legado pode ser o de que há vida em outros lugares, mesmo que a maioria das pessoas (ou aqueles que contam histórias) não se dão conta disso. Esta é uma outra história e fiquei satisfeito por conhecê-la.

Fica a resenha e a dica.
Abraço.  
      

        

  

7 de outubro de 2016

Eterna Promessa - Flávio Magalhães


Até quando?


Flávio Magalhães é repórter, trabalha no jornal centenário "A Comarca" de Mogi Mirim/SP. Escreveu e publicou o livro "Eterna Promessa" neste ano de 2016. Trata-se de um livro/reportagem que conta a história do Parque das Laranjeiras, um bairro de Mogi Mirim, ocupado por população que vive em condições precárias, abandonada pelo poder público há mais de trinta anos. 

O autor investigou o caso, visitou personagens dessa longa história e contou de forma objetiva como se deu a situação do Parque das Laranjeiras. Era para ser um complexo habitacional particular, mas as irregularidades da construtora, somadas às do poder público, transfonaram o local na maior área irregular do município. nenhum prefeito consegue resolver o problema...

Por todos os problemas, a população é quem sofre. Grande parte das ruas não são asfaltadas, rede de esgoto não existe, água encanada também é privilégio de poucos. É incrível que em Mogi Mirim, cidade interiorana e de boa qualidade de vida, ainda existam pessoas vivendo em situação desumana. Flávio faz um livro reportagem no sentido de contar o que aconteceu e acontece no local, na tentativa de "abrir os olhos" das pessoas que não conhecem aquela realidade.

Em suma, uma obra bem escrita, imparcial e necessária. Um relato consciente da situação de pessoas humildes próximas da gente. Colocar-se no lugar do outro é o objetivo de "Eterna Promessa" e o que ainda permanece é a pergunta: até quando? 

Fica a pequena resenha e a dica.   
Abraço. 

Para comprar o livro, clique aqui.
                

4 de outubro de 2016

O livro e a vida



Já pensou em quanta coisa existe em comum entre o livro e a vida? E na diferença? Um livro é divido em capítulos e páginas, a vida em anos e dias. No livro, aparecem personagens, desaparecem personagens, reaparecem. Na vida também. Hoje, estou vendo vários personagens da minha história, da minha vida, do meu livro. Pessoas que estiveram nas primeiras páginas, outras em momentos importantes e outras, ainda, que ocupam o capítulo atual. Acho que hoje é uma página especial deste livro.    

Num livro nos emocionamos, sentimos coisas e nos posicionamos em relação ao que estamos lendo. Enquanto vivemos, passamos por diversas situações difíceis ou prazerosas e desfrutamos de vários sentimentos, às vezes contraditórios, ás vezes intensos e também agimos. O que mais me fascina, seja em um livro, seja na vida é ser surpreendido. A surpresa é maravilhosa e tem a ver com felicidade, porque não é planejada. As coisas boas, me parece, não podem ser planejadas.     

No livro, assim como na vida há cenários, lugares em que se passa parte da história. Em certas ocasiões o cenário persiste, já em outras ele muda bruscamente e gostamos de ver como os personagens se adaptam às mudanças. Há cenários que são deixados para trás, mas podem ser retomados nas páginas seguintes. Existem lugares novos que jamais poderíamos imaginar em páginas anteriores. Tem cenário, no entanto, que é único. Há um carinho especial por certos lugares, um desejo secreto de retorno, como se fosse possível reviver e aqui reside a crucial diferença entre um livro e uma vida.

O livro pode ser relido, as páginas, os capítulos podem ser revisitados. O sentido da leitura pode ser alterado. Já a vida não e isto é um pouco triste. Não podemos voltar nas páginas da nossa própria história, nem retornar aos lugares antigos para reviver um acontecimento. O sentido da vida, pelo que conhecemos, é único, não admite retorno. Então, o que podemos fazer?

Há duas coisas: ler e escrever. Leia vidas e não se importe se são ficcionais ou reais, já que no futuro isso não fará diferença, pois tudo se resumirá em histórias contadas por alguém. Assim, enquanto está aqui terás uma vida completa, várias vidas na verdade. 

Escreva. Escreva para que a vida perdure. Escreva para que a obra fique. Não se trata de vaidade, nem de desejo pela imortalidade, mas de deixar rastro. De ter uma história que valha a pena ser contada.