11 de dezembro de 2015

A Tropa do Ambiente em: A Internet do Futuro


Uma aventura, um aviso

A Tropa do Ambiente é ideia da escritora Eliana Ruiz Jimenez que faz parte da Comissão de Meio Ambiente e Urbanismo da OAB e do Conselho Municipal de Meio Ambiente de Camboriú/SC. Sua intenção é alertar o público mais jovem sobre as consequências do uso irresponsável dos recursos naturais e  a degradação do Meio Ambiente. A turminha (personagens principais do livro) é formada pela garotada da 8ª série (hoje nono ano): Lucas, Bruna, Xandão, Pati e Marciano.

Neste primeiro livro de subtítulo "A Internet do Futuro" os meninos de Costa Esmeralda receberão uma mensagem eletrônica do amanhã, relatando uma tragédia ambiental. Cientes do dever de impedir que tal coisa aconteça, o grupo se envolve em diversas aventuras, cujos desdobramentos vão muito além do que se imagina. Uma história rápida, intensa e de reviravoltas interessantes que tem, ainda, importante mensagem sobre o cuidado com nosso planeta. 

Eliana tem uma narrativa simples, polida e objetiva, capaz de "fisgar" o leitor logo de cara. Cada personagem é descrito o suficiente para justificar os seus atos na trama. O cenário praiano contribui muito para termos a sensação de estarmos vendo um filme infanto-juvenil exibido nas férias. Destaque para a maneira sucinta e direta com a qual a autora  descreve dos lugares frequentados pela turminha. Vale dizer, também, que a obra teve o apoio do Município de Balneário Camboriú para ser concretizada, o que mostra o comprometimento da municipalidade com a Cultura  e o Meio Ambiente.

Em suma, A Tropa do Ambiente em: A Internet do Futuro" é uma leitura rápida que diverte sem rodeios. "Romântica" em alguns pontos, tendo em vista tudo que sabemos sobre a depredação dos recursos naturais, mas coerente em sua mensagem: é preciso fazer alguma coisa para diminuir a poluição e o impacto ecológico que causamos com nossas "necessidades". 

Fica a resenha e a dica.        
Abraço. 

Quer conhecer mais sobre a autora e a obra? Acesse:


2 de dezembro de 2015

Visita à Fábrica de Gente



O guia tinha orgulho do seu conhecimento quando dizia aos adolescentes sobre a fábrica, a primeira a automatizar todo o processo de produção. Enquanto andava pelos corredores metálicos, seguido dos ávidos estudantes dizia:
— Produz-se todo tipo de humano. Há os para o mercado de adoção, de mão-de-obra e os substitutos. 
Jaime franziu o cenho. Mathias, o seu melhor amigo percebeu a dúvida do colega. Falou-lhe:
— Substitutos são aqueles que ocupam o lugar de um ente querido que morreu. 
— Ah — disse o garoto. — Em casa os chamamos de clones.
— Meu pai disse que é errado chamá-los assim — Greta entrou na conversa. — Clonagem não tem nada a ver com a produção de humanos. 
— Quem é que te perguntou alguma coisa?
A garota mostrou a língua para Jaime. A professora Leda, ao perceber a conversa paralela interveio:
— Silêncio, Greta, Mathias e Jaime. Aproveitem a expedição! 
Os três adolescentes interromperam a conversa e seguiram os demais pelos corredores da Fábrica de Gente. 
— Atrás desta porta está o local em que os humanos produzidos estão armazenados — explicou o guia da expedição. 
Quando o portal de metal se abril eletronicamente os alunos do terceiro ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Aristides Gurjão não conseguiram esconder a admiração. Nada como aquilo fora visto antes por qualquer um deles. Tratava-se de um grande galpão preenchido por caixas de papelão prateada de diversos tamanhos, com a frente transparente mostrando o rosto dos humanos fabricados.
— Parecem bonecas — falou Greta.
Dessa vez o guia escutou o comentário. Falou:
— Exatamente. Eles são embalados assim para facilitar a exposição em nossas lojas especializadas. Este lote está reservado para a medicina. 
— Medicina? — a professora Leda se mostrou curiosa. 
— Sim. Seus corpos serão usados em transplantes de cabeça. 
Jaime aproximou-se de uma das caixas enquanto o homem explicava sobre o processo de transplantar uma cabeça idosa em um corpo novo. Atrás do plástico transparente ele viu uma garota de cabelos extremamente lisos, magenta, magra, de olhos fechados. Vestia um colante acinzentado, vincado nos seios e descoberto nos ombros. 
— Mil trezentos e trinta e três — ele leu o número da caixa.
A menina abriu os olhos violetas e sussurrou:
— Ajude-me.

26 de novembro de 2015

A Lei do 30 está na rede


A minha história de faroeste futurístico intitulada "A Lei do 30" foi postada integralmente aqui no blog (você pode acompanhar todos os capítulos pelo marcador A Lei do 30). A notícia que trago agora é a de que ela também está disponível para leitura em outras plataformas.

A Lei do 30 foi inspirada em La Bandida
Você pode ler toda a saga de Mae Dickson no ISSU, veja só:



Vale dizer que o texto está revisado, a publicação possui capa completa, além de sinopse. Uma curiosidade é que as capas foram baseadas naqueles livros de bolso de bang-bang, você se lembra?

Aqui um esboço de Mae Dickson 

Também é possível ler o livro no Bookess pelo link:

http://www.bookess.com/read/24724-a-lei-do-30/


A história está sendo postada no Wattpadd, veja no link:

https://www.wattpad.com/myworks/52457875-a-lei-do-30


Bang!
Sinopse

Há duas Mae Dickson. Uma delas está em uma cruzada pessoal. É pistoleira, procurada pela polícia de todo o Novo Oeste. A outra é uma menina interiorana que tem sua vida totalmente transformada após ser vendida ao xerife Ruben Madison. Elas vão descobrir, cada uma a seu tempo e da pior maneira possível, os ditames da Lei do 30, até culminarem no derradeiro duelo envolvendo o repensar a lei do mais forte ou o próprio sentir humano. 

Uma história de bang-bang, ambientada num mundo futurístico e decadente, cujas características podem ser facilmente comparadas aos dias de hoje.


O que acharam? 
Grande abraço.


18 de novembro de 2015

Guia Politicamente Incorreto da Filosofia



Seja mais sincero consigo mesmo

Luis Felipe Pondé é filósofo, escritor, professor, escreve semanalmente para o Jornal Folha de São Paulo e é comentarista do Telejornal da TV Cultura. Embora, num primeiro momento, seja difícil associá-lo a "Guia Politicamente Incorreto da Filosofia", ele é o seu autor. Assim como outros "guias politicamente incorretos". Sua intenção com obras deste tema é criticar o modo atual de encarar a realidade. Esta modo raso, superficial, hipócrita que é bem aceito coletivamente. 

Particularmente Guia Politicamente Incorreto da Filosofia, Pondé faz uma análise filosófica da figura "o politicamente correto". Em outras palavras é a obra que explica o que o autor entende pelo termo e sua atuação ao longo do anos e em diversos âmbitos. Abordando sexualidade, indo pela hipocrisia e educação, perpassando francamente pelo feminismo e política o autor, de forma geral, analisa a moral humana. 

Mas afinal, o que é politicamente correto? Segundo a obra é todo indivíduo que possui opinião que agrada o maior número de pessoas com a intenção de ser querido ou aceito coletivamente. A praga PC como determina o autor, é um ser desprezível, incapaz de expressar sua real intenção por não ver vantagem nela. Covarde, hipócrita não passa de uma "Maria vai com as outras". O pior de tudo é que esta "falsa posição" tornou-se um código aceito socialmente. Mais ainda, determinante na forma como os seres humanos se relacionam. O autor cita o exemplo da mulher que ao longo dos anos teve destaque por sua beleza física e que recentemente perdeu esta natureza. De forma sucinta ele salienta que o politicamente correto do sexo masculino não admite em público que fica atraído por um corpo feminino esbelto, mas que valoriza a mulher nos mesmos termos que "considera" um homem. Qualidades como inteligência, fidelidade, caráter são levadas em consideração antes do aspecto físico. Segundo Pondé, isso é uma grande mentira e não há nada de errado em admirar e desejar (guardadas as devidas proporções) uma mulher bonita. Na mesma linha de pensamento ele disserta sobre o racismo. 

Sendo pessimista em muitas ocasiões, esclarece que felicidade é um estado transitório e raro, não sendo possível como quer fazer crer a praga PC, mantê-la o tempo todo. Pelo contrário, vivemos uma vida quase totalmente triste, na esperança de um momento de felicidade verdadeiro. Ele arremata que não há nenhum problema nisso; que os momentos de real felicidade valem por todos os de tristeza ou se não valem, não podemos fazer nada em relação a isso. 

Sua crítica se estende à pobreza, entendida pro ele como algo cultural. não econômica. No seu ponto de vista a maioria das pessoas são pobres de espírito, supérfluas, fúteis e idiotas. Houve uma queda cultural geral com a industrialização e o comércio. O homem culto não possui opção de lazer, pois o mundo tornou-se um grande "churrasco na laje". 

Em resumo "Guia Politicamente Incorreto da Filosofia" é um livro provocador, inquietante e franco. Sem pudor ou sutileza, o seu autor aborda os temas que fogem ao senso comum, sendo em alguns pontos facilmente interpretado de forma pretensiosa ou discriminatória. No entanto, essencial para que possamos entender as novas engrenagens do mundo e nos portarmos de maneira consciente. Um livro de conteúdo vasto, de fácil leitura e perturbador. O próprio Pondé nos alivia em seu último capítulo: há esperança no mundo, pois o homem é surpreendente. 

Fica a resenha e a dica.    
Abraço.                     

17 de novembro de 2015

OS HUMANOS E A HABILIDADE DE INVENTAR


Sempre surpreendentes. Bélica passou com o dorso da mão sobre os lábios machucados. Dor. Sangue. O metal vivo escondido dentro de si se espalhou por todo o corpo e a transvestiu de espinhos. Era agora um pitoresco cavaleiro das trevas. A espada brotou da palma da mão. Os quatro agressores estavam paralisados. Quando o cérebro recuperou discernimento, fugiram. O metal negro foi recolhido automaticamente da cabeça da deusa.
— Eu não os entendo, embora seja capaz de falar todas as línguas.
Estava na Terra a fim de entender como aqueles primatas haviam se transformado tanto. Quando chegou ali, não eram diferentes dos outros animais que povoavam o planeta.
Bélica era a denominação que lhe deram. Tinha a ver com suas habilidades naturais. A diferença substancial entre ela e os donos do planeta Terra, era apenas biológica como toda e qualquer boa diferença. Sua missão era de campo, fazia milhões de anos. Registrar o desenvolvimento da humanidade sem qualquer interferência direta.
A armadura sumiu completamente. Ela retornou para sua alma e deixou exposto outra vestimenta: o corpo humano, negro, saudável, no ápice da virilidade, simulado dos dados colhidos em pesquisa.
— Ok, Sublime, acho que não há mais nada para ver aqui.
Sublime era ficção humana relacionada a outro indivíduo de sua espécie. Bélica estava ali por tanto tempo que se acostumara a usar o modo humano de fazer referência. Para ela e Sublime as referências são feitas de outra maneira. Explicar para os homens estas coisas é muito complicado, porque são criaturas completamente diferentes. Lembrou-se de uma vez que tentou explicar ao Papa Leão IV quando defendia Roma:
— Eu sou o que sou, não há mais nada. 
Na época o chefe de Estado entendeu que ela estava se autodenominando Deus e não havia pecado maior para a igreja. Foi expulsa das tropas e condenada à morte. Quando a sentença foi executada, no entanto, o metal demoníaco que lhe cobria o corpo em batalha tornou-se intransponível. 
Sublime achou o episódio engraçado.
— Eles criaram uma ideologia com base em você e tentaram me matar por sermos da mesma espécie — argumentou Bélica.
— Já me mataram, não se lembra? 
— Você quis experimentar a morte humana. Está satisfeita? Podemos ir?
Sublime não tinha um corpo físico desde que experimentara a morte. Nem posicionava-se em um ponto fixo no tempo, de modo que saltou das lembranças da irmã para o presente.  Podia criar um corpo novo se desejasse, mas preferia utilizar a forma livre para existir. Os humanos chamam isto de inspiração, de premonição ou intuição. Os humanos religiosos, de presença de Deus. 
— Ainda não. Há algo que precisamos entender. Embora não sejam como nós, os humanos criam coisas — falou-lhe Sublime. 
— E destroem.
— Temos que levar ao nosso povo essa habilidade de inventar. Já reparou que eles se mantêm por causa dela? Eles conseguem acreditar em algo que não existe.  
— Isto me assusta.
— A mim também.

16 de novembro de 2015

1ª Mostra Literária de Hortolândia

 

Ontem, dia 15 de novembro de 2015, estive em Hortolândia para conferir a primeira Mostra Literária da cidade. Ideia dos escritores de lá, organizada pela Prefeitura Municipal com o apoio no Shopping Center Hortolândia, o evento começou no dia 4 de novembro e vai até 21 do mesmo mês. Fui prestigiar o meu amigo autor Sidnei Salazar, um dos idealizadores da mostra.

Veja algumas imagens:

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Meu amigo escritor, Edissa, Estela, Ester e eu.

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Cada autor tem um painel com sua biografia e obra

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Os livros dos autores participantes estão sendo vendidos na livraria do shopping

Registro a minha visita e o meu agradecimento. Parabenizo os organizadores pela realização deste importante evento cultural. Que mais cidades e autores possam fazer o mesmo. Espero voltar ainda para o encerramento da Mostra. 

Abraço.

12 de novembro de 2015

Tomo XXIII - Seja água, meu amigo!


— Xerife, o senhor não terá apoio — disse o serviçal de confiança a Morrison. — Esses malucos da Associação estão pregando democracia; justiça. Não sei onde acharam estes termos. O próprio xerife Gilbert Wilde de Aquária é um adepto do movimento. 
— Está me dizendo que ele está agindo pelas minhas costas? — Roland deu um soco em sua escrivaninha. 
— Não sei, mas acho que não é vantajoso adotar uma postura contrária. O senhor poderia se aproveitar disso... 
O empregado então contou ao xerife sobre os benefícios de ficar do lado dos bandidos símbolos da Associação. Ele poderia recuperar o prestígio perdido com o desastroso duelo televisivo de anos antes. Ao invés de manter o seu poder pela força, poderia fazê-lo pela política. A melhor submissão é aquela que desejamos, não a que é imposta. 
Roland não precisou de mais para imaginar um novo espetáculo. Ousaria ligar a estação de TV. Eram novos tempos. 
   
Bruce Parker ficou apreensivo quando recebeu a notícia de que os telões seriam ligados. O que Roland Morrison tinha em mente dessa vez? Tentaria executar seus antigos companheiros ao vivo? Era a cara dele. Respirou fundo e voltou os olhos para os outros membros da Associação que estavam hospedados no hotel de Neo Texas, na ocasião sentados em frente a rara e velha TV ligada do saguão principal. Uma mão pequena se entrelaçou a dele, era a de Mary. Estavam todos reunidos para assistir a transmissão, afinal ela seria decisiva para as ações futuras do grupo. 
A tela se acendeu, chuviscada. O som alto. Depois a bandeira de Neo Texas e o silêncio. Então a imagem mudou para a delegacia da capital, para a mesa do xerife Roland Morrison. Ele estava com o seu melhor terno, a estrela dourada no peito e o sorriso no rosto. Começou:
— Estou reativando os telões das praças das cidades depois da desastrosa tentativa inicial. Dessa vez não vamos mostrar duelos, nem execuções. O objetivo da transmissão é informar ao mundo a libertação de Mae Dickson e Damian Wayne, os últimos bandidos. Quero registrar aqui o meu apoio à Associação e as ideias de democracia e justiça. Por entender injusto manter presa uma mãe que vitimou o próprio filho por causa do avermelhamento é que estou tomando esta decisão. Tendo em vista o estado psicológico de Mae Dickson optei também em conceder a liberdade ao seu companheiro Damian Wayne, a fim de que ele cuide dela. 
O xerife mostrou as chaves da cela. Depois continuou:
— Embora Aquária tenha mandado representes para auxiliar os bandidos, os dois terão também total assistência de Neo Texas, inclusive médica. O lamentável episódio do duelo mostrou o quanto deixamos de ser humanos ao longo dos anos e que a tecnologia dos obsoletos usada de forma desenfreada pode causar danos terríveis. Mae Dickson é o exemplo vivo dessa imprudência e uma chance de pensarmos sobre o assunto. Nesta mesma ocasião estou informando que o uso da tecnologia de avermelhamento, a partir de agora, está terminantemente proibido. 
— Por último, gostaria de pedir desculpas públicas pelas minhas atitudes anteriores. Tal qual qualquer um de vocês, as imagens do confronto entre mãe e filho me fizeram entender que algo está errado. Vamos juntos tentar descobrir o que é. 
A câmera foi afastada do xerife para ser focalizada nas celas. Havia alguns policiais presentes e alguns habitantes. Morrison se aproximou das grades e colocou a chave na fechadura. Os dois bandidos tinham sido colocados em mesma cela para simplificar a filmagem da soltura.  Mae Dikson continuou sentada em seu velho colchão de palha, alheia ao teatro que se desenrolava ali. Damian foi quem levantou a cabeça para encarar o sorriso do xerife.
— Vocês estão livres! — disse Roland. 
Wayne não disse nada ao libertador. Levantou-se. Falou a Mae:              
— Venha comigo. 
Ela se levantou imediatamente. Assim como o seu companheiro de cela, vestia um macacão largo e encardido, amarelado. Os dois se aproximaram da saída e do xerife Morrison. Ele estendeu a mão a Damian, mas ele não o cumprimentou, fato que o fez sem jeito perante as câmeras e aos presentes. Ele disfarçou e ofereceu sua mão a Mae. Ela o cumprimentou com um sorriso inexpressivo no rosto.

FIM

10 de novembro de 2015

Arco-Íris foi lançado



Como a imprensa local divulgou, assim como outros escritores (Luís Braga em seu blog e Luís Henrique no blog da Academia Guaçuana de Letras), além das postagens no Facebook, no sábado dia 7/11/2015, aconteceu o lançamento do livro Arco-Íris. 


O evento foi organizado pelo escritor Athayde Martins, atual responsável pelo grupo "Núcleo de Escritores que, por sua vez, é formado por autores das cidades de Moji Mirim e Mogi Guaçu. São sete mojimirianos e seis guaçuanos que estão na coletânea. Cheguei ao local meia hora antes do início do evento, e vi que tudo já estava devidamente preparado. Alguns companheiros do Núcleo já estavam presentes. Aos poucos o salão foi se enchendo de gente, de amigos, parentes (meus e dos outros escritores). Era visível no rosto de todos os autores a satisfação por participar daquele marco cultural. Muitas conversas. Tive ainda a grata satisfação de rever um amigo há um tempo sumido. Dei autógrafos, fiz dedicatórias.  



Valeu a pena. Parabéns ao grupo, ao organizador.
Abraço.

5 de novembro de 2015

Tomo XXII - Pare agora


— Pare! — uma voz em meio aos presentes soou estridente.
Morrison buscou com os olhos o ousado. Não o encontrou. Ele tomou a frente, vinha com mais alguns caubóis e uma jovem mulher.
— Tenho uma ordem de cancelamento de execução — era Bruce Parker. 
Roland desfez o sorriso imediatamente. A última vez que vira aquele homem foi na cadeia. Reconheceu a menina ao seu lado, estava mais bonita, mais moça, chamava-se Mary.
— Achei que estivesse preso, Parker. O trato não foi trocar sua liberdade pela da pequena Mary? Percebo que ela não está mais tão pequena... 
— Muita coisa aconteceu, xerife.
Então ele contou que os telespectadores de todo Novo Oeste tinham os olhos vidrados nos telões instalados nas praças centrais da cidade quando Mae matou o próprio filho. Tinham capitado todo o diálogo, toda a cena. Custavam a entender como uma mãe que acabava de reencontrar o filho, o tinha matado mesmo contra a sua vontade. Havia algo de errado, todos sabiam, embora não pudessem compreender exatamente o quê. 
Foi chocante. Horrível. O assunto dominou as manchetes dos jornais. Apesar de estarem acostumados à violência, as pessoas não estavam familiarizadas com a ideia de pessoas da mesma família se matando. Tal cena observada em uma tela grande e brilhante, alheia ao cotidiano, teve um efeito impactante. O telão que deveria ser usado a partir dali para entreter os trabalhadores, acabou se tornando um símbolo opressor. Ninguém ousava ligá-lo. 
— Fui posto em liberdade depois que uma ordem de Aquária chegou a Neo Texas.
— Ordem de Aquária? Quem dá as cartas sou eu!
— Não mais — falou-lhe Parker.
Então ele contou que até mesmo em Neo Texas o espetáculo almejado pelo xerife Morrison teve repercussão. Ao invés de mostrar ao povo o poder da Polícia frente aos Bandidos, acabou transmitindo a crueldade daqueles dias. A falta de humanidade dos que empunhavam o revólver. A própria Lei do 30 começou a ser questionada. As prisões começaram a ser revistas.
— Há em Aquária um novo movimento. Ele ganhou força após a transmissão do duelo entre Mae e Raul. Chama-se Associação. O próprio xerife de lá é um dos adeptos — continuou o ex-bandido sem que ousassem interrompê-lo.  
Ele explicou que obviamente não houve mudança significativa após a primeira e única transmissão televisiva de Novo Oeste. As cidades-indústria continuavam a existir com seus xerifes ambiciosos e donos de toda a riqueza da região, mas, eles agora tinham que ser mais humanos. Talvez fosse o início de algo, ou apenas passageiro. Fato é que os trabalhadores despertaram certa consciência. Era preciso compreender o que estava errado, já que o primeiro passo tinha sido dado: reconhecer o erro.
— Foda-se tudo isso, Parker. Eu sou o dono de Novo Oeste! Tenho a Polícia! Se eu disse que vou executar esses dois bandidos é porque eu vou executá-los. Depois vou pensar em algo especial para você e a jovem Mary.
— Não ouse colocar as suas mãos sujas novamente em Mary — Bruce sacou sua arma. — Prendam ele! — Morrison ordenou.
Ninguém obedeceu.
— Não me ouviram? O que está acontecendo aqui? 
— Até mesmo os policiais são seres humanos, Roland — Bruce continuou. 
O xerife olhou em volta. Viu todos os seus homens de braços cruzados. Sentiu a tensão do momento, da rebelião, da morte iminente, tinha o faro apurado para essas coisas. Sorriu, deu de ombros. 
— Certo, Parker. Deixe-me ver o documento. 
Bruce guardou o revolver no coldre e se aproximou. Entregou o envelope ao xerife. Ele leu com calma.
— Então é isso? Um bando de macacos achando que sabem alguma coisa de direito. Ok, então vamos fazer como querem. Tirem os dois da forca. 
Dessa vez sua ordem foi obedecida. Ele se retirou imediatamente. Parker assentiu aos policiais que levaram os prisioneiros de volta ao cárcere. Damian se livrou deles e avançou na direção do ex-parceiro e mesmo algemado tentou agredi-lo com chutes.
— Seu desgraçado! Traidor, filho da puta! Você viu o estado de Mae? 
— Eu acabei de salvá-la — Parker se afastou.
— Deve estar adorando isso, não é? Vai derrubar o Morrison e ficar no lugar dele? Me solte, Parker! Me deixa enfiar uma bala no meio da sua cabeça! 
— Levem-no — Bruce se virou.
Ele ainda custava acreditar que tomara partido naquilo tudo, julgando uma atitude impensada e deveras imprudente. Não conseguia manter-se longe de problemas; da traição.

4 de novembro de 2015

O lançamento de Arco-Íris é neste sábado

Já comentei do livro dos 13 escritores regionais aqui no blog (postagem aqui). O motivo da postagem de hoje é para divulgar o lançamento oficial da obra e a reportagem da competente jornalista Luciane Bueno no jornal Tribuna do Guaçu sobre o livro.

Vamos começar pela segunda parte. Segue a página do jornal com a reportagem sobre Arco-Íris:

Clique na imagem para ampliá-la

Fica registrado aqui o meu agradecimento à Luciane e ao jornal que sempre têm dado espaço à Cultura da nossa cidade. 

Então é isso. Como está na reportagem o lançamento de Arco-Íris será no dia 7 de novembro, às 15h na Associação Comercial e Industrial de Moji Mirim, situada na Avenida Luís Gonzaga de Amoêdo Campos, n° 500 - Jardim Nossa Senhora Aparecida, Moji Mirim/SP. 

O livro será vendido no local pelo preço promocional de R$30,00 (trinta reais). Os interessados poderão pegar autógrafo de todos os escritores da antologia. 

Eu vou estar lá e você? 
Abraço.   
      

29 de outubro de 2015

Doctor Who - Doze Doutores, 12 histórias


Doze visões do Doutor Quem

Doctor Who é uma série britânica há mais de cinquenta anos no ar, que tem por personagem principal "O Doutor", um alienígena com aparência humana que possui a capacidade de se deslocar no tempo e espaço com sua nave especial em forma de cabine telefônica dos anos 50, chamada TARDIS. Muita gente conhece o fenômeno cultural "Doctor Who" e sabe que a série atravessa décadas. Para marcar seus cinquenta anos, foi produzido um episódio especial e um livro.

Doctor Who, 12 Doutores, 12 Histórias é a reunião de contos com a dúzia de Doutores que já passou pela telinha. Desde os oito clássicos até os quatro últimos modernos. Para os desavisados, o Doutor muda de aparência ao longo do tempo, num processo chamado regeneração. Todas as células do seu corpo são trocadas e ele se torna outra pessoa (literalmente). Daí o porquê da existência de doze Doutores. A premissa dos contos é resgatar as especialidades de cada versão do Doutor, usando para isso os principais personagens da cada época. Doze escritores de ponta são responsáveis pela coletânea, dentre eles Neil Gaiman. O destaque acaba mesmo ficando com o conto de Gaiman, intitulado de "Hora Nenhuma" por ter uma abordagem concisa e coerente com o 11° Doutor (Matt Smith).

Inimigos mais conhecidos do Doutor não são recorrentes nos contos. Quase que o exótico e surpreendente Dalek passa batido. Palmas para a escritora Malorie Blackman que se lembrou dele. Aliás, não foi o único a se sair bem com as peculiaridades do personagem. A forma como alguns trabalharam o momento do conto, foi genial. Neste ponto Charlie Higson se saiu muito bem. O atual Doutor que na série é interpretado por Peter Capaldi acabou ficando com a escritora Holly Black, conhecida dos leitores atuais por sua série fantástica "As Crônicas de Spiderwick".  

Em suma, 12 Doutores, 12 História entrega o que promete e é peça essencial na coleção de qualquer fã da série. Para quem não é tão conhecedor deste universo (o que é o meu caso) a leitura do livro pode dar uma boa noção do que é Doctor Who.

Fica a resenha e a dica.      
    

27 de outubro de 2015

Fezesman no Letra e Cultura

O Letra e Cultura é um jornal regional especializado em Cultura. O pessoal manda muito bem, trazendo agenda de eventos, artigos de opinião e resenhas. O jornal é mensal e eu estou nele na coluna "Crônicas de Fezesman", onde desenho as tirinhas do meu singular personagem. Até agora saiu uma tirinha no jornal de outubro, confira:


Tem mais coisas sobre ele no site do jornal:


Quando eu era adolescente ansiava por ver os meus singelos desenhos publicados pelos jornais aqui da cidade. Ia de porta em porta mostrar o Fezesman e suas peripécias aos responsáveis pelo veículo impresso de comunicação, mas nunca consegui aprovação. O sonho se realiza agora e da melhor forma possível, num jornal sério e voltado exclusivamente para a Cultura. 

Leia o Letra e Cultura. Veja o Fezesman. 

Abraço. 


  

26 de outubro de 2015

O Festival de Literatura começa hoje



O evento de grande proporção organizado por novos escritores nacionais começa hoje. Veja no site oficial os autores participantes:


Ocorrerá entrevistas, bate-papo, sorteio de prêmios. Eis o link do evento:


E a programação:

26/10 - 9 hs - Abertura Oficial.
26/10 - a partir das 10 hs - Posts com as entrevistas:
Angie Stanley
Antônio Soares
Isadora Raes
Patrícia Baikal
Yeda Borges
27/10 - a partir das 9 hs - Posts com as entrevistas:
Igor Alcantara
Mylena Araújo
Raick Tavares
Tatiana Mareto Silva
Uiara Melo
28/10 - a partir das 9 hs - Posts com as entrevistas:
Geraldo Medeiros Jr.
Janice Ghisleri
Laís Rodrigues
Luis Maldonalle
Mércia Ferreira Fernandes
Dia 29/10/2015 - Bate-papos
09:00 às 11:00 hs - Letícia Godoy
11:00 às 13:00 hs - Paulo Scollo Junior
14:00 às 16:00 hs - Marcia MacEvan (Marcia Bio)
16:00 às 18:00 hs - Alessandra Vale
18:00 às 20:00 hs - Vólia Loureiro Do Amaral
Dia 29/10/2015 - Sorteios a partir das 20 hs
Dia 30/10/2015 - Bate-papos
08:00 às 10:00 hs - Gislaine Oliveira
10:00 às 12:00 hs - Betta Fernandes
12:00 às 14:00 hs - JM Alvarez Autor
14:00 às 16:00 hs - Ricardo Oscar Autor Brasileiro
16:00 às 18:00 hs - Priscila Magalhães Palmeira
18:00 às 20:00 hs - Tatiane Durães
Dia 30/10/2015 - Sorteios a partir das 20 hs
Dia 31/10/2015 - Bate-papos
08:00 às 10:00 hs - Autora Amanda Bonatti
10:00 às 12:00 hs - Carmem Teresa Elias
12:00 às 14:00 hs - Chaiene Barboza Santos
14:00 às 16:00 hs - Randerson Figueiredo
16:00 às 18:00 hs - RôMierling Erbe
18:00 às 20:00 hs - Jéssica Milato Costa
Dia 31/10/2015 - Sorteios a partir das 20 hs
03/11 - a partir das 9 hs - Posts com as entrevistas:
Ana Rapha Nunes
Carolina Utinguassú Flores
Márcia Pavanello Pires
Michelle Paranhos
Susy Ramone
04/11 - a partir das 9 hs - Posts com as entrevistas:
André Anlub
Carine Raposo
Carlos Alberto Carneiro Souza
João Leles
Mallerey Cálgara
Dia 05/11/2015 - Bate-papos
09:00 às 11:00 hs - Kamila Zõldyek (Camila Araújo)
11:00 às 13:00 hs - Oliver Fábio
14:00 às 16:00 hs - Ananda Stranger
16:00 às 18:00 hs - M. V. Barcelos (Marcus Vinícius)
18:00 às 20:00 hs - Jéssica Macedo
Dia 05/11/2015 - Sorteios a partir das 20 hs
Dia 06/11/2015 - Bate-papos
08:00 às 10:00 hs - Elaine Elesbão
10:00 às 12:00 hs - Luiz Asaf
12:00 às 14:00 hs - Nuccia De Cicco Karissa Kamra
14:00 às 16:00 hs - Elaine Velasco
16:00 às 18:00 hs - Catia Mourão
18:00 às 20:00 hs - Barbara Stefane de Oliveira
Dia 06/11/2015 - Sorteios a partir das 20 hs
Dia 07/11/2015 - Bate-papos
08:00 às 10:00 hs - MS Dehlia (Dehlia Deh)
10:00 às 12:00 hs - Ivair Gomes
12;00 às 14:00 hs - Claudio Manoel
14:00 às 16:00 hs - Nanci Penna
16:00 às 18:00 hs - Janethe Fontes
18:00 às 20:00 hs - Luiz Amato
Dia 07/11/2015 - Sorteios a partir das 20 hs

Não é o máximo?

Tem vídeo e tudo:


Como já anunciei participarei no dia 30 de outubro às 11h do evento bate-papo.

Fica antecipado o meu agradecimento pelo esforço dos organizadores em divulgar tantos escritores. Em particular o meu trabalho. 

Vamos ao festival! 
Abraço.  

23 de outubro de 2015

Tomo XXI - Totalmente máquina


Mae Dickson desabou. Não tinha mais lágrimas. Encostou o cano da própria arma na cabeça, mas não pôde puxar o gatilho. A autopreservação estava ativa. Despertou. Há quanto tempo sonhava com aquilo? Não era possível dizer com certeza, afinal de onde se encontrava não conseguia distinguir dia de noite. Também, tanto fazia. O fornecimento de comida não obedecia uma ordem, apesar de longo. Sabia que era pouca para sua estatura. De certo, para prolongar o sofrimento, mas não fazia diferença. Os seus olhos grandes e negros não expressariam a humilhação. Seu cérebro robotizado não admitia perturbações, por mais que suas reais condições fossem adversas. Dessem-lhe um revólver e uma bala e estaria salva. 
Levantou-se, foi até a parede. Com as costas sobre o fundo da cela ela observou a porta de ferro. O traje, um saco estopa aberto no fundo para transpassar a cabeça e cortado na altura dos braços, de fácil manuseio aos guardas que zelavam pela cadeia. Arisca, arredia, xucra, tantos outros adjetivos carinhosos que lhe pertenciam, tiveram de ser deixados para trás. Por padrão não era prudente reagir ali. 
O som das trancas já era esperado por causa do barulho dos passos.  O visitante não. 
— Deus, o que fizeram com ela? — indagou consternado o homem de batina ao fitar a prisioneira.
— Não fizemos nada — tentou argumentar o guarda. 
— Que Deus tenha piedade dela e de nós. 
O religioso pediu licença ao soldado e aproximou-se da prisioneira. Ela se afastou, ligeiramente. Pediu para que não tivesse medo, pois estava ali para conceder-lhe o perdão divino. Que tudo acabaria naquele mesmo dia. 
Um revolver e estaria salva, não Deus. O padre terminou suas orações e se dirigia para a saída do cubículo prisional. Imediatamente adentraram no recinto dois guardas para conduzir a prisioneira ao enforcamento. 
— Não batam. Também não há tempo para gracinhas — disse um terceiro que ficou à porta. 
Eles agarraram Mae e a algemaram. Forçaram o movimento. As pernas da prisioneira vacilaram por algumas vezes e um dos soldados deu-lhe uma joelhada nas costelas. Ela não tinha capacidade de gemer. 
— O chefe disse pra não bater. 
— Fica na sua. Acha que ele mesmo não vai se despedir dela? 
— Não importa o que eu acho. Vamos acabar logo com isso. 
Conduziram-na pelos corredores da prisão e pararam na sala principal da delegacia. Ali, atrás da mesa e com uma estrela amarela do lado esquerdo do peito estava Roland Morrison.
— Olhe só para você. Meus Deus, como está linda! — sorriu o xerife. 
A mulher manteve-se silente. Suas duas mãos vinham algemadas, voltadas para trás. Os homens da lei ainda ficavam ao seu lado.
— Mae, Mae, percebeu que não é bom negócio ficar no meu caminho? Disseram-me que você ficou louca, mas eu acho que não. 
Roland sacou o seu revólver e apontou para a prisioneira. Continuou: 
— É isso que você quer. Quer colocar a mão em um cabo de revolver e salvar o mundo.
Automaticamente Mae se levantou da cadeira. Deu uma cabeçada em Morrison. O xerife revidou à agressão com um soco direto no nariz da prisioneira. O sangue manchou o seu precário vestido de saco.
— Oh droga. Você deve estar apresentável para a execução. Cuidem do nariz e depois levem-na à cozinha para a última refeição. 
Ela foi levada ao local da refeição e lá encontrou Damian Wayne devorando arroz, feijão, carne de porco e salada de alface. Também comia pela última vez e ao vê-la ser colocada ao seu lado disse:  
— Podemos repetir quantas vezes quisermos, não são gentis?
Mae identificou o seu prato devidamente feito e começou a se alimentar. O amigo insistiu:
— Sei que você está aí, Mae. Saia pelo menos desta vez. Para uma última conversa.
— O que quer saber? 
— Se você está bem.
— Estou bem. 
Damian sabia que Mae tinha ficado tão abalada com o episódio da morte do filho ao ponto de perder a sanidade. Os nanorobôs paulatinamente foram assumindo o domínio do seu corpo, forçando-a a se alimentar corretamente e a tratar as pessoas como pré-programado. Quem a visse reparava na diferença pelo zunido constante dos minúsculos robôs e as veias reluzindo em vermelho. Tratava-se da autopreservação, estava em constante modo de combate. 
— Queria falar com você — ele gesticulou negativamente. 
Por volta das treze horas em Neo Texas a dupla de bandidos era conduzida à execução na forca da praça central. O local comportava muitos curiosos. Alguns repórteres registravam o evento em suas cadernetas e outros, luxuosos, através da máquina fotográfica de filme. Morrison que já estava na plataforma de execução acenava para todos os flashes barulhentos, embora sentisse a tensão do momento. 
Ele tomou a palavra quando Mae e Damian já se encontravam em cima do caixote de madeira velha e com a corda em volta do pescoço.
— Povo de Neo Texas, é com muita alegria que estamos aqui hoje para cumprir a condenação de Mae Dickson e Damian Wayne.


21 de outubro de 2015

O futuro chegou (será?)


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Isso mesmo que você leu. O esperado dia que Marty McFly chegou com o DeLorean ao futuro finalmente chegou. Hoje é 21 de outubro de 2015 e desde as sete e meia da manhã o adolescente de 1985 apronta das suas em nosso tempo.  Há muitos outros personagens ficcionais que se deslocam no tempo e espaço, num reflexo fiel ao fascínio humano pelo Tempo.


 Duas máquinas do tempo, dois Doutores

Ir ao futuro, voltar ao passado, mudar acontecimentos, são desejos antigos dos seres humanos e tema de diversos estudos. Embora não se tenha evidências concretas de que tal “viagem” seja possível, a ficção traz uma reflexão curiosa. O futuro concebido pelos idealizadores de “De Volta para o Futuro” tem similaridade com o presente? Algumas coisas previstas, realmente ocorrem? Numa análise superficial é possível dizer que em alguns pontos o filme acertou em cheio, já em outros sucumbiu aos clichês do gênero (todo filme sobre o futuro que se preze deve ter carros voadores). Fato é que muito do sucesso atribuído ao filme vem desta obstinação do ser humano em dominar ou tentar dominar o tempo; antever acontecimentos. O que é uma tremenda bobagem.

Sejam legais uns com os outros!

Os filósofos já diziam: não existe futuro, assim como passado. O que temos é o presente. Quando nos deparamos com gravações antigas ou fotos não estamos vivendo o passado, mas fazendo do recordar o nosso presente. Em relação ao futuro acontece algo similar: não temos o amanhã, mas podemos esperar que o sol nasça no novo dia, que acordaremos vivos. Só teremos certeza dessas coisas quando as estivermos vivendo.

Esta é a “chave” para entender muitas coisas, como por exemplo a existência do racismo ou o desrespeito à mulher e ao homossexual. São posturas obsoletas que são “resgatas” por pessoas incapazes de viver o presente. Elas podem ir além e sem precisar de um DeLorean ou uma TARDIS para lançarem suas visões pretéritas ao futuro. Pobre McFly que ao chegar hoje de manhã ao futuro, percebeu que ele não é muito diferente de 1985.

Eu ainda prefiro a cabine telefônica do Bill e Ted.   


19 de outubro de 2015

Tomo XX - Espetáculo


O zíper do meio do macacão negro e colado ao corpo foi fechado por Damian. Ele parou na altura dos seios. 
— Pode ser que eles te ajudem — disse o pistoleiro.
— Não fique zangado. 
O caubói virou o rosto. 
— Não estou — ele mentiu.
O coldre com as duas 45 já estava posicionado na cintura, o chapéu negro na cabeça, as botas nos pés. Estava na avenida principal de Neo Texas, agora fechada para o espetáculo. 
A dupla de bandidos havia ficado presa nos últimos dias, afim de que todo o evento fosse preparado nos moldes exagerados do xerife Roland Morrison. Ele mandou instalar nas proximidades diversas câmeras para a cobertura do evento. Tudo seria transmitido pelo antigo sistema televisivo da cidade, operante em regime experimental para as demais cidades de Novo Oste que haviam recebido telões especialmente para a ocasião. 
— Isso é loucura, Mae. Ele te violentou por quantas vezes? 
Ela sorriu.
— Ele me deu uma chance. 
Manobrou os revólveres entre os dedos, escutou o barulho dos nano-robôs zunindo dentro do seu sangue. Estava tracejada de vermelho e pronta.
— Vai ficar tudo bem — Mae deu um beijo em seu companheiro.
Fez o sinal da cruz com a arma da mão direita e ganhou a extremidade da avenida para esperar o seu oponente. Entretanto, quem apareceu do outro lado foi Morrison.
— Olá, Mae Dickson! Hoje vamos filmar você em ação, o que me diz? Você tem a chance de ganhar pelas armas o direito de ver o seu rebento. Por mais que eu goste de você, não posso aliviar. Então a escolha do seu oponente foi uma questão analisada com carinho. Acho que quis adiantar as coisas, se é que me entende. 
— Coloque o cara que materei na minha mira logo, Morrison!
— Você quem pediu. Com vocês o maior pistoleiro de Neo Texas. Nosso prodígio, Raul Madison. 
Ao ouvir aquele nome, Mae sentiu o seu estomago afundar nas costas. A boca ficou seca, o coração acelerou. Só quando viu o homem forte em sua frente foi que se deu conta de quantos anos tinham se passado. Era uma versão mais musculosa do homem que a teve como escrava. Os braços estavam serpenteados por linhas avermelhadas. Os olhos dele eram iguais aos dela. Estavam furiosos. 
— Aí está, Mae Dickson, o seu filho rejeitado. Vocês podem começar quando quiser — Roland deu um tapa nas costas de Raul e se retirou.
Pelo menos poderia morrer feliz, afinal havia visto o seu filho. Isso fê-la sorrir. O homem a sua frente indagou-lhe:
— Do que está rindo, bandida? — a voz era rouca, determinada. 
— Nada, desculpe. Estou pronta.
Os olhos parecidos se encontraram mais uma vez. Raul puxou sua arma com habilidade, um disparo contra a cabeça de sua mãe, ela se defendeu atirando de encontro. As balas se chocaram e chicotearam. O policial então sacou as duas armas e efetuou vários disparos. Mae usou a mesma técnica para interceptar a ação inimiga. Seis tiros. Então Raul contrariando a lógica de que os tambores possuem espaço para seis balas, efetuou mais um disparo. Ele acertou o peito de sua mãe, abrindo uma flor de carne em suas costas. Os joelhos dela se dobraram por um instante. 
— Peguei você! — ele apontou o outro revolver para a cabeça da inimiga. 
Não conseguiu puxar o gatilho. Abriu os revólveres num movimento rápido para recarregá-los. Mae fez o mesmo, ainda de joelhos. Ela antecipou o movimento, aproveitando que o filho ainda estava confuso com o impedimento do disparo letal. Raul foi alvejado na perna, tombou para a esquerda. 
— Não, caralho! — Mae ralhou com a sua arma. 
Tentou se desfazer dela, mas os dedos não lhe obedeciam. A mão automática apontou mais uma vez contra Raul e efetuou novo disparo. Dessa vez foi a vez do policial atirar contra o projétil da bandida para se defender. 
— Concentre-se. Esqueça que sou sua mãe! Me acerte pra valer — ela disse com lágrimas nos olhos. 
— Do que está falando? 
— Do avermelhamento. Ele reage às nossas emoções, não te disseram? 
— Não. Só que me deixa mais forte. 
— Ele te colocou aqui de propósito. Para que eu te matasse, Raul. Mas você precisa me superar. 
— Só fique quieta para eu te acertar. 
— Eu não posso. Minhas reações são automáticas. 
O policial investiu novamente. Mae foi alvejada por duas balas. Quando Raul ia recarregar a sua arma, ela efetuou dois disparos, acertando-o no peito. 
— Pare, por favor! — ela chorou.
— Como isso é possível? Você usou o próprio corpo para economizar balas e reagir quando eu não tivesse como me defender — Raul cuspiu sangue.
A pistoleira tinha lágrima nos olhos, a arma em riste.
— Eu sinto muito — ela disse. 
— Não fale como se eu já estivesse morto! — ele disparou mais uma vez. 
Mae se moveu automaticamente para que o ferimento não fosse em um lugar mais grave. A bala a transpassou pelo ombro direito. 
— Não é disso que estou falando. Sinto muito por ter te abandonado. 
— Cale a boca! — ele a alvejou mais uma vez. 
Mae havia treinado com Xamã, depois adquirido experiência na utilização do avermelhamento, de modo que sabia dos pontos negativos. Ele a transformava em uma máquina de matar, mesmo contra a sua vontade. Por outro lado, distrações psicológicas confundiam os robôs minúsculos e as reações deixavam de ser eficientes. Sobre a areia daquela avenida abandonada ela sentia uma dor que jamais imaginou capaz de existir. Desespero por querer abraçar o filho, pedir-lhe perdão, mas ser obrigada a matá-lo. 
— Você tem que fugir — ela conseguiu dizer. 
— Eu passei a vida inteira me preparando para isso! O dia em que eu te faria pagar! Roland me prometeu vingança — ele descarregou suas armas contra a mãe.  
— Droga, Raul — Mae falou com dificuldade. 
Tombou sobre a areia. O sangue tingiu a aridez. Ela respirou com dificuldade, rezando para que o seu coração parasse de uma vez. Raul Madison sorriu satisfeito, ofegante.  
Mae engasgou com o próprio sangue. Olhou para as armas, tinha munição. Deus, não! O zunido aumentou, os ferimentos começaram a se fechar. Ela se pôs de joelhos, depois em pé. Ergueu o braço direito. Engatilhou o revolver. 
Um disparo. O sorriso de Raul se desfez imediatamente. 
     

15 de outubro de 2015

O mestre também tem culpa


Todos nós passamos "pelas mãos" de um professor. Alguns deixam boas impressões, outros nem tanto. Ensinam, seja por bons ou maus exemplos. São humanos. Escutamos aos quatro ventos frases do tipo: "o professor é de suma importância; sem educação não há futuro; o professor precisa ser mais valorizado; melhores salários aos educadores; valorizam mais um jogador de futebol do que um professor". Ficamos indignados com estes fatos. Revoltados, mas fazemos alguma coisa para mudá-los? 

O mestre que leciona também não foi aluno, não é pai, mãe? Não é ele, também, de certo modo, culpado pela inversão dos valores que agora representa? Não somos todos? O que quero dizer é que este desrespeito ao ato de adquirir conhecimento e utilizá-lo tem suas raízes bem mais fundas do que aparenta. Uma catarata que se estende; um câncer que não mata. 

Todas as frases de lamentação que envolvem Educação são verdadeiras, entretanto cabe a nós fazer mais do que lamentar. Um problema que de fato se vê em qualquer ramo profissional é o da Responsabilidade. Ninguém quer a dele. Alguém nos ensinou a não assumir a nossa. 

É preciso mudar isso. É preciso ter mestres responsáveis; cidadãos que aprendam o significado da palavra de um homem. O conhecimento em si está disponível de forma muito mais fácil hoje em dia, mas nunca esteve tão distante das pessoas. A confusão é grande, proposital e cabe ao professor assumir a árdua responsabilidade de guiar o seu aluno; de mediar o seu contato com o conhecimento. Explicar-lhe o que é joio e o que é trigo. 

Pessoas que pensam.       

13 de outubro de 2015

O que há de errado com o mundo - G.K. Chesterton


O título não tem nada a ver com o texto

Escrito em 1910 pelo filósofo, poeta, desenhista, historiador e teólogo Gilbert Keith Chesterton, "O que há de errado com o mundo" é um livro atual e brilhante, mas que não deveria ter este título. Na própria introdução da obra é explicado que o autor chamou seu apanhado de ideias de "O que há de errado", um título mais abrangente, coerente, menos pretensioso. A ideia de colocar "com o mundo" veio dos editores e compromete a intenção motriz do autor, que é apresentar ao leitor uma visão geral do que ocorria com a sociedade e suas pessoas no início do século vinte e que tenderia a se agravar ao longo dos anos. Nunca foi sua intenção conceber um manual prático e definitivo de como lidar com todos os erros do mundo. 

Chesterton que eu conheci nas páginas da obra resenhada, é um homem de visão singular. Capaz de demonstrar com clareza as condutas que julga desconexas com um mundo justo. Homem de pensamento religioso bem desenvolvido, tenta trazer ao ávido mundo do comércio os princípios de divisão e de amor ao próximo pregado na Igreja, fazendo duras críticas ao sistema que tenta transformar todos em certo padrão comportamental. Neste raciocínio, podemos citar o seu estudo pontual sobre a posição das mulheres na sociedade do início do século passado e sua previsão de como as coisas seriam após a importante decisão de conceder a elas o direito ao voto. É formidável o modo como o autor interpreta os acontecimentos e pode formular suas ideias. Sua análise dos pontos negativos do que a maioria das pessoas entende como algo positivo é deveras revelador. No caso das mulheres, o seu argumento central foi justamente a padronização. Sem entrar no mérito da questão que por si só renderia vários textos e debates, o fato é que hoje podemos identificar com facilidade que sua crítica tinha e tem pertinência. É comum nos deparamos com artigos que falam da não existência de diferenças importantes entre homens e mulheres. 

Suas palavras sobre Educação também são atuais, embora mais conservadoras. Adepto à disciplina, respeito ao mestre e a instituição, tece previsões do que ocorreria dali a alguns anos com o enfraquecimento do modelo por conta da liberdade experimentada naqueles anos. Na verdade todos os capítulos de "O que há de errado" estudam o que está acontecendo e apontam os caminhos seguintes, sejam positivos ou negativos. Em alguns pontos o autor se dispõe a debater política, o que parece ser com propriedade. Para mim, neste ponto, o texto deixou de ser claro. Talvez pela própria complexidade atinente ao tema. Em outros, porém, como o seu título de "Príncipe do Paradoxo" sugere, sua habilidade de se fazer claro foi louvável. É o caso do entediamento de Liderança.

Um texto rico, atual, pertinente que merece ser lido mais de uma vez. Se a vida é um texto a ser interpretado, Chesterton prova com propriedade que para tanto há a necessidade de muito estudo. Mais que isso, é exemplo de que estudar o passado é um modo de se preparar para o futuro. Apenas pelas palavras que deixou em sua obra Um homem fantástico, de mente aberta e criativa. 

Fica a resenha e a dica.  
Abraço.              

9 de outubro de 2015

Tomo XIX - Neo Texas


Devidamente vestida, Mae deixou o local que passara a noite.  
— Espere — Damian apareceu na entrada da tenda, envolto pelo lençol. — Eu quero ajudar.
— Não. Há pessoas que dependem de você. 
Ele riu. Ela franziu o cenho. 
— Não percebeu ainda, não é? Eu estou sempre correndo atrás de você, Mae. É melhor irmos juntos resolver o que você tem pra resolver, porque estou farto de chegar depois. Nem adianta fugir, moça, porque eu sempre te encontro. 
Foi a vez de Mae sorrir. Ela se aproximou do companheiro. Beijou-lhe os lábios. 
— Obrigada, mas eu tenho de fazer isso sozinha.
Damian não escondeu o seu descontentamento, mas assentiu. 
— Então aceite novas armas e completar o avermelhamento antes de partir. 
— Ok. 
Ambos caminharam entre as tendas até uma carroça metálica de seis rodas, desprovida de cavalos. Sua porta originalmente era destrancada por um mecanismo de leitura ocular, mas estava desativado e a segurança era mantida por uma corrente e cadeado. Wayne tirou do bolso uma pequena chave.
— Esta belezinha ia pra capital. Caiu no meu colo, acredita? Atravessava o deserto sem nenhum tipo de segurança. 
Quando a porta se abriu Mae identificou duas prateleiras laterais preenchidas com armas. Espingarda, fuzil de precisão, de assalto e metralhadora leve. 
— Prefiro revolveres — ela tocou de leve o cabo de marfim pendido de sua cintura. — Acabei perdendo um em Liandra. 
— Eu sabia que ia dizer isso. Por isso escondi as melhores. 
Damian abriu uma tampa metálica do assoalho da carroça e tirou de lá uma caixa aveludada, vermelha. Um click e ela se abriu revelando duas pistolas prateadas com cabos emborrachados. 
Mae retirou uma da caixa. Era pesada, bem polida, de cano longo e grosso. Girou entre os dedos e guardou no coldre vazio.
— Se tivessem uma dessa quando batizaram a Lei do 30, o nome seria outro — Damian comentou. 
Mae retirou o seu velho revolver de cabo de marfim do coldre e o substitui pela segunda pistola prateada. 
— Calibre 45 — ela disse. — Já fui baleada por uma dessa. Dói pra cacete. 
— Achei a sua cara. 
Depois ele agarrou uma espingarda. Disse:
— Mae, preciso de meia hora para deixar instruções aos membros da Tenda. Eu não suporto mais te ver partir. Dei sorte de reencontrar você até agora...

Damian mal acreditou quando retornou ao local marcado com Mae. Ela estava lhe esperando. Preparavam os animais, quando o pistoleiro ainda sem jeito indagou:
— Qual é o plano?       
— Não há plano. Vamos à Neo Texas e procuramos pelo meu filho. 
— Mas, pela porta da frente? 
— Eu tenho entrado assim ultimamente. 
— Eles vão te matar; nos matar, aliás. 
— Talvez. Sabemos que Morrison gosta de espetáculos, por isso há a chance de ele reservar um para nós.
— Então o plano é enfrentar os policiais no lugar onde eles são mais fortes? Isso é loucura.
— É claro que é. Por isso disse para não me acompanhar — ela apertou as fivelas da cela do seu animal. 
— Foda-se — ele montou em seu cavalo. 
A cavalgada até Neo Texas seguiu tranquila por todos os dois dias. Quando a grande cidade foi avistada do alto do pico West pela dupla, não houve como esconder a admiração. Nada como aquilo fora visto antes. Prédios em ruínas, mas enormes se estendiam por todo o horizonte. A selva de pedra divisava com a mata comum em vários pontos, ao passo que carroças preenchiam as ruas. Uma torre alta exalava fumaça grossa e um cheiro ruim preenchia o ambiente. 
Mae deu com os calcanhares nas costelas do seu animal e rumou para a entrada metálica daquele pavoroso local. Assim que se aproximou do portão reluzente de alumínio um sinal de alerta se fez audível. Damian comentou:
— Nada como um alarme estridente de boas-vindas. 
O portão se abriu eletronicamente e revelou um exército de policiais de branco. Mae olhou de soslaio para o comparsa:
— A gente tem duas opções: se entregar ou se divertir. Qual vai ser? 
— Você está brincando que vou perder esta chance — Damian sacou a espingarda. 
Disparou. Um dos homens de Morrison foi arremessado com o impacto do calibre 12. Os policiais avançaram. Os bandidos se dissiparam e o exército de policial se dividiu. O portão ficou desprotegido. Mae sacou uma das armas e disparou contra os inimigos mais próximos. Foi alvejada nas costas, no ombro e na coxa, mas não deixou de correr. Escondeu-se ente as ferragens do que um dia foi um automóvel. Escutou o tiroteio entre Damian e os outros policiais. Recarregou as armas e traçou a rota, não estava distante dos portões da cidade. Um tiro, um cérebro despedaçado. Correu. Entrou em Neo Texas com as duas 45 empunhadas. Gritos, empurrões. Ninguém conseguia entender o que estava acontecendo. Novos tiros, Damian ainda estava lá fora. Então um projétil de fuzil lhe rasgou o ventre. Caiu. Arrastou-se para fora do alcance dos franco-atiradores. Levantou-se, a mão no ferimento, estava encurralada. Ergueu a mão esquerda em sinal de rendição. 
Ela disse:
— O meu filho. Quero vê-lo e depois poderão fazer o que quiser comigo. 
A resposta que teve foi uma coronhada de espingarda no nariz, promovida pelo policial mais próximo. Ela deu dois passos para trás. Levou a mão ao ferimento. O homem da lei ordenou que a desarmassem. Enquanto realizavam o procedimento, Mae avistou um grupo de policiais trazer Wayne rendido. Ele lhe sorriu quando foi empurrado para junto dela.   
Um policial agarrou o rádio que vinha preso a sua cintura. 
— Xerife, estou com os dois bandidos aqui. 
Damian que tinha os braços algemados buscou nos olhos da companheira as próximas ações. Ela se mantinha alheia a tudo. O policial então se aproximou dela e falou:
— O chefe está descendo para revolver tudo. O que você fumou para vir aqui? 
Ela o encarou. Respondeu:
— Eu só fiz uma exigência.
— Não está em condições de exigir nada — ele deu um soco no rosto de Mae. 
Ela caiu. O chapéu se desprendeu da cabeça. Ajoelhou-se e se colocou em pé mais uma vez. 
— Um pedido. 
— O Xerife vai dar um jeito em vocês — o homem se afastou. 
Morrison não demorou a chegar em seu cavalo branco. Estava mais gordo do que da última vez que foi visto pelos bandidos. Desceu do animal, trocou algumas palavras com o policial que agredira Mae e depois se aproximou dos rendidos. 
— O filho, não é? 
Ela maneou a cabeça sem coragem de fitá-lo diretamente. 
— Eu me lembro de você. Fiz o seu amante te trair, matei o seu chefe na sua frente. Te fuzilei e você quer ver o seu filho?
Ela continuou silente. Os policiais riram. Roland continuou:
— Tem uma coisa que eu não fiz com você — ele abaixou o zíper da calça. 
Damian começou a gritar e tentou avançar em direção ao xerife, mas os policiais o impediram. Ele continuou gritando até que foi silenciado por socos e pontapés.
— Parker tinha mesmo razão. Você é uma vagabunda muito gostosa. Agora que eu já fiz tudo o que tinha de fazer, não vejo mais nenhuma utilidade em te manter viva.
— O meu filho! Deixe-me vê-lo. 
— Não — Morrison sacou o revólver e mirou na mulher prostrada aos seus pés. 
— Me deixa conquistar o direito — Mae disse ainda do chão. 
O xerife franziu o cenho.
— Conquistar o direito? 
— Coloque seu melhor homem contra mim. 
Ele sorriu.
— Um duelo — guardou a arma no coldre