10 de junho de 2025

A revista Aos guardiões literários

Está é a capa da segunda edição, especial para o dia das mães

A Academia Guaçuana de Letras está lançando periodicamente a revista "Aos guardiões literários" na qual contos e poesias de seus acadêmicos são divulgados. Já temos duas edições e elas podem ser adquiridas em forma de e-book no site da Amazon pelo preço simbólico de R$ 1,99: 

Volume 1;

Volume 2.

O projeto é idealizado e editado pelo acadêmico Luís Braga Jr. Eu estou lá, nas duas edições, com os contos inéditos Emílio e Todas as noite.

Não é o máximo? 

Fica a dica e o pedido de apoio aos escritores daqui. 

Um abraço.  

7 de abril de 2025

Parabéns, Mogi Guaçu


Nasci em outro solo, morei na roça. Com 19 anos vim para cá com meus pais e irmão. Hoje tenho vários aniversário contados aqui. A mãe e irmão moram em cidade vizinha. Acabei ficando sem saber explicar bem o motivo. 

Talvez tenha sido pela característica da cidade de não ser muito grande nem muito pequena, equilibrada como tudo o que é bom deve ser. Ou seja por causa do seu povo simples, de coração gentil e de alma limpa. Quem sabe tenha sido por causa do sentimento de fazer parte de algo; de ser acolhido e de se sentir em casa. 

Embora eu não tenha nascido em Mogi Guaçu (eu bem que gostaria), me fiz e me faço nesta terra. Vi nascer minha própria família e meus primeiros dias de trabalho. A cidade fará  anos no dia 9 e eu a agradeço por ter me recebido como um filho verdadeiro.  

26 de fevereiro de 2025

A Décima Terceira Hora


Com Pano e humor das flores de hibisco, Amon, como Artesão escolheu ser chamado depois de se separar da sua madeira, fez sua obra-prima a Décima Terceira Hora e a preencheu com destinos.  

No tempo em que não passa ponteiros sobre números do relógio há uma balança construída sobre o galho rijo do flamboyant. Ela tem corda forte e madeira lisa para que seu filho com Nara brincasse. O ar que se respira lá é de pura risada.  

Nos segundos sem barulho dessa Hora tem um homem plantando em seu pedacinho de terra. Tem esposa e cinco filhos e mesmo ignorante às grandes questões que permeiam aquele instante, é feliz. Sandro é sua graça. 

Onde hora ou minuto nunca passa é que Anna casa-se com Carlos numa exagerada cerimônia no barracão da Boa Manhã sob aplausos do seu Honório e Conceição, além de funcionários e amigos. É a mãe de Carlos que leva uma imagem de Nossa Senhora Aparecida até Padre para o fim da cerimônia. Os noivos dão um beijo que tem gosto de vinho e forma de sorriso. 

— Não disse que nos veríamos de novo? — são as palavras da noiva após separar seus lábios dos do esposo. 


14 de janeiro de 2025

Vaza um Grito - Nunes Guerreiro

 


Concreto, poético e incrível

O poeta Nunes Guerreiro teve uma ideia simples e genial ao conceber a sua primeira obra: por que não ter um livro que as páginas pudessem ser livres? Pode parecer confuso usar a palavra livre aqui, mas é justamente isso que acontece em "Vaza um Grito". O livro é uma caixa, cujo conteúdo são poesias que ocupam uma página e que são soltas dentro da caixa. Não tem ordem de leitura, não tem número de página e elas podem ser dadas de presente se o dono desejar. 

Nas páginas livres você vai encontrar poesia sobre morte, pensar, permanecer, índio, guerra, território, amor. Pequenas, impactantes, maiores, concretas. A obra tem viés de poesia concreta e isso já é uma faceta desse poeta. Tanto que um dos fundadores do movimento Concretismo, Décio Pignatari, está no prefácio do livro. Tem outros nomes de peso indicando Vaza um Grito. 

O texto de Nunes Guerreiro é criativo, belo e simples. Uma poesia-arte não só na mensagem, mas na forma e no visual. Uma obra verdadeiramente artística. Como bem ponderou a filha do autor ele transpira poesia. 

Fica a breve resenha de um dos livros mais sensacionais que tive o privilégio de ler. Os meus (tenho três, dois inteiros em edições diferentes e um pela metade) estão assinados pelo autor.  

Abraço.    

6 de janeiro de 2025

Poesias de Cícero Alvernaz



A vida é poesia

Não é muito simples definir o que é poesia porque a sua matéria-prima é a beleza das coisas. Em "Poesias" o poeta Cícero Alvernaz parte dessa premissa para nos presentear com reflexões singulares sobre diversos temas. Tudo com muita sensibilidade, beleza e simplicidade.

Poesias é um livro especial, artesanal, que tive o privilégio de receber do autor (autografado e tudo) e que acabei demorando um pouco para terminar de ler. Perdi-o entre outros livros, mas, por estes dias consegui encontrá-lo e voltei à leitura. Melhor dizendo, recomecei a ler. Foi uma coisa boa, uma companhia agradável em uma noite de insônia.

São muitas poesias sobre temas variados como amor, família, Deus, caráter, sentimentos em idade madura, vida e morte, natureza, saudade que nos fazem refletir. Sempre em tom leve, o poeta tece suas considerações que não passam de uma página (um poema por página), o que não significa superficialidade. Cada poesia é marcada por sua data de nascimento, dando ao leitor uma dimensão do ritmo de produção do poeta. A vida parece inspirá-lo. Admiro quem diz muito com pouco e é o caso aqui.  

O material é simples, mas de bom acabamento, bem diagramado e corrigido. Tive que terminar de ler para poder dormir. 

Fica a breve resenha e a recomendação! 

Abraço.

9 de dezembro de 2024

O Nascimento de Ninguém

fonte da imagem


Pó e Sem Nome iam ao lado do caixão de Sandra de Junho em silêncio. A presença dos dois incomodava os carregadores de caixão, afinal, como gostavam de dizer, eles eram do depois, do tempo que estariam livres da obrigação de transportar falecidos ao descanso final. Além disso, havia certa rusga entre Fome e Sem Nome, o Fome livre.

— Queriam tanto a liberdade e agora nos acompanham? — Último Dia quebrou a quietude com a pergunta reclamação.

— Essa é a graça da liberdade, Último. Posso fazer o que quiser, até mesmo estar aqui com vocês — Pó respondeu despreocupado.

Artesão completou:

— Já estamos chegando ao Cemitério e vocês não poderão continuar nos seguindo sem as faixas da morte.

— Quem disse que queremos? — Pó deu de ombros. — Já estivemos muitas vezes lá.

— É essa mulher que carregamos, não é? — Nunca Mais perguntou — Tenho medo dela.

O portão de Cemitério ganhava tamanho e forma na frente dos carregadores. Ele estava aberto e eles entraram.

— Um caixão bonito — era Sandra que se encontrava ao lado daqueles que carregavam.

Artesão não demonstrou surpresa, afinal tinha transpassado os portões dos vivos e agora quem vinha dentro podia se desprender de sua casca.  

Foi assim que Sandra de Junho mudou de nome para Ninguém.