4 de outubro de 2016

O livro e a vida



Já pensou em quanta coisa existe em comum entre o livro e a vida? E na diferença? Um livro é divido em capítulos e páginas, a vida em anos e dias. No livro, aparecem personagens, desaparecem personagens, reaparecem. Na vida também. Hoje, estou vendo vários personagens da minha história, da minha vida, do meu livro. Pessoas que estiveram nas primeiras páginas, outras em momentos importantes e outras, ainda, que ocupam o capítulo atual. Acho que hoje é uma página especial deste livro.    

Num livro nos emocionamos, sentimos coisas e nos posicionamos em relação ao que estamos lendo. Enquanto vivemos, passamos por diversas situações difíceis ou prazerosas e desfrutamos de vários sentimentos, às vezes contraditórios, ás vezes intensos e também agimos. O que mais me fascina, seja em um livro, seja na vida é ser surpreendido. A surpresa é maravilhosa e tem a ver com felicidade, porque não é planejada. As coisas boas, me parece, não podem ser planejadas.     

No livro, assim como na vida há cenários, lugares em que se passa parte da história. Em certas ocasiões o cenário persiste, já em outras ele muda bruscamente e gostamos de ver como os personagens se adaptam às mudanças. Há cenários que são deixados para trás, mas podem ser retomados nas páginas seguintes. Existem lugares novos que jamais poderíamos imaginar em páginas anteriores. Tem cenário, no entanto, que é único. Há um carinho especial por certos lugares, um desejo secreto de retorno, como se fosse possível reviver e aqui reside a crucial diferença entre um livro e uma vida.

O livro pode ser relido, as páginas, os capítulos podem ser revisitados. O sentido da leitura pode ser alterado. Já a vida não e isto é um pouco triste. Não podemos voltar nas páginas da nossa própria história, nem retornar aos lugares antigos para reviver um acontecimento. O sentido da vida, pelo que conhecemos, é único, não admite retorno. Então, o que podemos fazer?

Há duas coisas: ler e escrever. Leia vidas e não se importe se são ficcionais ou reais, já que no futuro isso não fará diferença, pois tudo se resumirá em histórias contadas por alguém. Assim, enquanto está aqui terás uma vida completa, várias vidas na verdade. 

Escreva. Escreva para que a vida perdure. Escreva para que a obra fique. Não se trata de vaidade, nem de desejo pela imortalidade, mas de deixar rastro. De ter uma história que valha a pena ser contada.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Bem-vindo. Seu comentário é muito importante!