30 de novembro de 2016

A Guardiã de Histórias de Victoria Schwab


Os mortos são como livros

A Guardiã de Histórias é um livro escrito pela autora Vctoria Schwab que narra o que acontece com as memórias das pessoas depois que elas morrem. A primeira coisa que vai chamar a atenção do leitor para este livro é a frase de efeito que está em sua capa. "Imagine um lugar onde, como livros, os mortos repousam em prateleiras..." Esta colocação no topo da capa é suficiente para aguçar a curiosidade; para dar uma chance a esta história que é o primeiro volume de uma série que se chama "The Archived" (Arquivado). 

Tudo começa com a mudança da personagem principal Mackenzie Bishop para o Coronado, um antigo hotel há muito convertido em residencial. Ela e sua família estão deixando a cidade e a casa onde viviam por causa da morte acidental de Benjamin Bishop, irmão de Mac. O Coronado é o local escolhido para recomeçar. Em segredo a personagem principal é uma Guardiã e trabalha para o Arquivo, cuja finalidade é manter preservada a memória de todas as pessoas que já morreram. Mac possui uma chave mágica que abre portais para os Estreitos, os corredores do outro mundo, onde as Histórias que fogem do Arquivo estão. Sua missão é devolver os mortos para o Arquivo e impedi-los de sair ao Exterior, o nosso mundo (redundante?). O problema é que o Coronado tem segredos que levarão Mackenzie a repensar sua profissão e toda a função do Arquivo.

Temos aí um pouco do enredo de A Guardiã de Histórias". Uma obra que possui uma proposta muito interessante. Vctoria teve a brilhante ideia de criar um mundo em que as histórias de vida devam ser preservadas. O Arquivo é o lugar em que  lembranças de uma vida inteira são guardadas. As Histórias são réplicas de corpos de pessoas que já morreram e são guardadas em gavetas. As lembranças se confundem com a própria pessoa e em alguns casos "despertam", tentam sair, fugir. Os Guardiões são aqueles que devem devolver estas lembranças que pensam ser uma pessoa às suas gavetas no Arquivo. Há também os Bibliotecários, os que trabalham no Arquivo, zelando pelas prateleiras. O preferido de Mac é Roland. A Equipe, por sua vez, é responsável por pegar as Histórias que conseguem fugir dos Estreitos. Formada por uma dupla de experientes Guardiões, eles possuem chaves especiais capazes de abrir passagens para o outro mundo em qualquer lugar. É estranho que o nome seja Equipe se trabalham em dois, mas é assim que quis a autora...

Num primeiro momento todas estas informações podem parecem confusas, mas em poucas páginas de A Guardiã de Histórias isto se dissipa. As explicações são naturais e coerentes com o avanço no enredo. Ao caminhar para o deslinde da história Schwab tomou o cuidado de preservar material para livros seguintes. Há uma saga maior a ser contada. O final não é surpreendente e a insistência do triângulo amoroso é uma aposta contrária à ideia que norteia todo o livro. A divisão da protagonista entre dois possíveis amores não agrada e empobrece o enredo, já que facilmente identificamos o vilão. 

Em resumo, A Guardiã de Histórias é uma história com proposta ousada e original. Sua riqueza é apresentada imediatamente ao leitor. A autora é hábil em encaixar as explicações do mundo novo ao mesmo tempo em que avança com o enredo. Peca, apenas, no cansativo dilema amoroso de três pessoas. Um final aberto que servirá de gancho para os livros seguintes é interessante. 

Fica a resenha e a dica.   

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