6 de agosto de 2020

Para começar a ser pai você precisa estar lá

Imagem retirada do blog Consultório Sentimental


Pai é pai. Por mais óbvio que a afirmação possa parecer, para mim, carrega muito significado. Ser pai é ser e por isso não é muito fácil. A primeira coisa que alguém que "é" precisa fazer é "estar lá". Estando lá você pode tentar ser o que precisam que seja. Do mesmo jeito que o filho vai aprendendo a ser filho, o pai vai fazendo a sua parte sobre paternidade; vai observando um serzinho quieto, muito parecido com um boneco de brinquedo, ganhar movimentos, sons, expressões e espaço no Mundo. Enquanto essas coisas acontecem, as ações do pai que basicamente são comprar comida, fraudas, levar ao posto de saúde para tomar vacina, comprar e trocar roupas, vão evoluindo. Ser é estar lá! 

O meu pai, por exemplo, não fez curso de como ser pai; não perguntou ao pai dele como deveria agir agora que era pai também; não leu livros que ensinavam paternidade; nem pesquisou no Google como ser um bom pai (não havia Google naquele tempo). Mesmo assim, contra todos os prognósticos, com todos seus defeitos, suas qualidades, meu pai é pai. Sabem por quê? Ele estava lá! Ele ainda está... 

Eu me lembro de muitas ocasiões em que ele esteve presente e que eu até nem queria que estivesse, mas fico feliz hoje por ele ter estado lá. Acho que eu já escrevi isso uma vez, mas vale repetir: a qualidade que mais admiro no meu pai é sua capacidade de não desistir. Ele é bem teimoso e teve vezes que eu quis desistir do que fazíamos, mas ele não! No fim, acabamos fazendo o que eu teria desistido de fazer.  

Conheci ótimos pais e geralmente foi por causa de seus filhos. Funciona assim: a criança, o adulto, o adolescente é educado, tem caráter, se comporta bem: o pai é bom. A família toda é boa! É claro que isso não é uma regra, nem mesmo o inverso deve ser considerado verdadeiro.   

Sei de muitos outros pais: aquela mãe que criou seus filhos sem ajuda de um companheiro, trabalhando muito! Quando ela chegava do trabalho exausta e reencontrava suas crianças, além de mãe ela era pai. Aquele irmão que ficou no lugar do pai que foi embora ou faleceu; aquela irmã, aquele amigo, aquele vizinho, aquele padrasto, aquele companheiro. Todos eles são pais porque estavam lá. 

Do mesmo jeito, infelizmente, quem não está lá tem muito trabalho para ser pai. É aquela frase que usei para começar este texto: pai é pai. É bem complicado para alguém reconhecer a figura paterna que é distante, que promete ver o filho e não vai, arruma desculpas, deixa a criança com os seus pais nos dias de visita. Mesmo aqueles que moram com os filhos, mas estão distantes, pensando em sucesso profissional ou aplicações financeiras.    

Também já escrevi em algum lugar que uma das coisas que mais me enche de orgulho é ouvir minhas meninas me chamarem de pai. No cotidiano mesmo, ao pedirem alguma coisa, se queixarem do que uma fez a outra ou no fim de noite quando escuto quase sempre "Eu te amo, pai".   

Então, penso que ser pai é uma coisa muito próxima de estar presente.   
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Bem-vindo. Seu comentário é muito importante!