5 de março de 2010

Crônicas de Ester: Frys e Áurea na cidade


Uma pequena tempestade de areia recepcionou o mágico andarilho, quando ele passou pelo arco de madeira apodrecida daquela pequena vila. As ruas de chão, não se estendiam; tampouco eram muitas. Não mais de três:
— Milady? Que acha que encontraremos aqui?
Áurea flutuava ao lado do amigo vivo:
— Não faço ideia.
— Pois eu sei bem! Encontraremos crianças sonhadoras e necessitadas de uma boa ilusão! Encontraremos pessoas dispostas a nos fornecer ouro por elas!
— Quero encontrar aquele que pode me devolver a vida.
— Não tenha pressa!
A dupla incomum parou em um barracão abandonado perto de uma igreja e puderam observar os fieis aglomerados na entrada da catedral.
Frys ergueu a cabeça num sorriso:
— Primeiro as obrigações religiosas e depois a diversão! — Disse.
Mas então, como se a ironia estive de prontidão, em algum esconderijo seguro, ouviu-se o marchar de tropas. Frys desviou seu olhar para os guerreiros que vinham. Notou que a farda deles tinha a coloração amarela:
— Ah não! — lamentou.
Áurea lhe indagou:
— Quem são eles?
— Soldados inimigos! Vieram saquear e dominar este vilarejo!
Os soldados, como se já houvessem ensaiado, sacaram seus rifles e atiraram contra a igreja. Os gritos de pavor foram imediatos e a correria se sucedeu logo mais.
Dentre as pessoas que corriam desesperadas à sinfonia do tiroteio, Frys notou uma jovem bonita, descalça e vestida com seda branca, cujos cabelos castanhos voavam contra o rosto. Percebeu, inclusive quando um soldado mirou contra ela e disparou.
Um tiro certeiro. A moça parou de correr e se abaixou; levou a mão até a barriga, como se isso pudesse estancar o sangue. Seu vestido, suas pernas e a areia começaram a enrubrecer. Ela caiu debruçada e os soldados avançaram.
A este tempo, o som dos tiros, o desespero dos moradores daquela vila, tinham perdido o volume. A agonia daquela jovem superou a tudo, para Frys. Ele se aproximou:
— Lá se vai mais uma — Abaixou-se.
— Lady virá e então poderei obter mais informações sobre quem devo procurar para ressuscitar! — Disse-lhe Áurea.
Mas então, para a surpresa da dupla, materializou-se ao lado da defunta, uma mulher que não era Lady Morte.
— Quem é você? Outra Morte? — Quis saber Frys.
A mulher vestia-se com jaqueta branca, mine-blusa negra e calça branca. Os sapatos de salto alto eram negros ao passo que os pulsos e pescoço estavam enfeitados por pulseiras e colares. Os olhos puxados dela tinham um brilho especial e eram castanhos, misturando-se á coloração de sua pele morena. As orelhas eram enfeitadas por brincos de pena e o rosto por desenhos estranhos, como se fossem de alguma tribo indígena. Essa teoria tinha mais fundamento se observado os lindos cabelos de ébano e lisos que escorriam pelas costas daquela dama.
Ela não disse nada. Apenas sorriu com os olhos.
— Você é quem procuro? Quem pode me trazer de volta a vida? — Disse-lhe Áurea.
A mulher de branco suspirou. Abaixou-se, tocou com a ponta dos dedos a cabeça da outra moça que jazia naquela areia e sumiu.

Um comentário:

  1. Enfim li este novo capítulo.

    Adoro Fryz e Áurea! Você cria personagens muito cativantes, Paul!

    Quem seria essa morte silenciosa? Será que ela tornará a aparecer?

    Espero tornar a ver as aventuras de Fryz por aqui! E também sinto falta de ler Edissa. u_u'

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