24 de maio de 2011

Conto o que contam


Hoje vou postar parte de um Conto muito especial. De tema bem contemporâneo e linguagem própria para o contexto. Vou dividir como vocês a faceta de um autor skatista. Caio nos mostra como a arte de escrever pode estar nos mais variados grupos sociais. Eis o conto:

O skatista humilde

Havia, em uma cidadezinha do interior, um skatista que não fazia outra coisa, senão maldizer a sorte ingrata.
Xingava a tudo e a todos, vivia reclamando da vida e da falta de peças decentes para seu ágil skate.
Porém seus amigos não concordavam com as queixas e revolta, e sempre que surgia uma oportunidade, tentavam alegrar sua vida com palavras de amizade e ânimo.
Eis então que um final de semana, ao passar perto da cidadezinha, o ônibus de uma famosa marca de skate quebra, forçando os viajantes a passar aquele dia no único hotel da cidade [alguns se hospedaram no ônibus mesmo].
__ Ei pessoal, vou dar uma volta pela cidade – exclamou um dos skatistas profissionais – quem sabe não encontro “picos” legais ou alguma garota interessante.
Saiu então, na companhia de mais 2 skatistas, à procura de algum lugar “skateável”.
Coincidência ou não, encontraram uma pistinha de skate que não aparentava ser muito nova [apresentava alguns pequenos rachados e marcas do tempo], porém, com excelentes obstáculos e alguns “locais” andando e mandando várias manobras.
Como é comum no skate, os 3 skatistas profissionais fizeram rapidamente amizade com todos e começaram a andar, ou melhor, “quebrar tudo”.
Um dos profissionais, skatista muito novo e também muito talentoso, ficou andando sem parar, aproveitando ao máximo o local que talvez jamais veria novamente.
Outro profissional, que estava na marca porque era irmão do “chefe”, não queria mostrar que nem andava muito e ficou apenas sentado, mudo, alegando dores nas pernas e vendo seus 2 amigos e os “locais’ andarem.
O terceiro skatista era o mais experiente, um vivido skatista com algumas cicatrizes pelo corpo e também o mais falante e observador dos três.
__ Força galera, vamos lá! Quero ver todo mundo andando e curtindo.
Entre uma manobra e outra, sempre estava sorrindo e disparando frases de ânimo aos demais.
Porém percebeu que havia um dos locais, um humilde skatista com o tênis rasgado e a canela inchada, que não havia dado um sorriso ou gargalhada sequer., pelo contrário. Apenas reclamava que os profissionais andavam bem e tinha roupas mais estilosas justamente porque tinham patrocínio, não aplaudia ou ficava animado com manobra alguma, etc.
Ao perceber que aquele “local” era o único desanimado e baixo-astral, o chamou em um canto para conversar.
__ Amigo, porque não é como os demais, alegre e cheio de vida?
__ Não tenho motivos para ser feliz não. Meus pais vivem brigando, meu tênis vive rasgado e minhas roupas são sempre as mesmas. Você que tem sorte de ser quem você é, te admiro muito, mas creio ser impossível eu viver assim como você e andar de skate como você.
O profissional, vendo que o assunto seria muito extenso e delicado, convidou o rapaz para pegar adesivos em seu ônibus, e distribuir a todos.
Aproveitou o longo percurso com o desanimado rapaz para continuar a conversa:
__ Brother, eu também fui como você. Estou aqui hoje porque não desanimei e enfrentei com raça e coragem inúmeros obstáculos. Já que você disse que me admira, vou fazer uma proposta, mas terá também de fazer um juramento.
__ Que juramento é esse?
__ Vai jurar que seguirá à risca minhas determinações. Serão poucas, e garanto que para seu próprio bem.
__ Ok. Juro!
__ Muito bem, o seu juramento permitirá a realização de um milagre. Você verá, daqui uns dias, a vida com outros olhos.
__ Veremos o que vai dar. Mas e quanto a proposta?

Continua…

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