1 de novembro de 2017

A Livraria Mágica de Paris de Nina George


Um livro sobre livros e sentimentos

A Livraria Mágica de Paris de Nina George é uma obra que narra das aventuras de um recluso livreiro que possui um barco-livraria em Paris. Diferente do que se imagina num primeiro momento, o título não faz jus à trama, já que a livraria flutuante não possui propriedades mágicas. O que é mágico, segundo George, é a leitura; sua capacidade de funcionar como remédio para várias enfermidades da alma ou física.

Jean Perdu é o personagem central do romance. Um homem a beira dos cinquenta anos que possui um segredo. Embora trabalhe todos os dias à bordo de Lulu, o seu barco-livraria, vendendo livros aos turistas e transeuntes de Paris, ele vive em um edifício familiar da cidade. Em seu modesto apartamento há um quarto que ele não frequenta. O cômodo há vinte anos foi o local em que passava as noites com Manon, o seu grande amor. Ela o abandonou sem explicações e Perdu fechou aquela porta para jamais abri-la. Entretanto, a chegada de uma nova moradora, o força a mudar de ideia. Caterine precisa de uma mesa e Jean tem uma sobrando no quarto trancado. A nova moradora acaba de se divorciar do marido e ainda está bastante fragilizada, o que faz Perdu querer ajudá-la. Ele, então, visita o cômodo proibido, encara o seu passado, suas lembranças que são como lobos, já que encaradas, não te deixam em paz facilmente. Caterine recebe a mesa e depois devolve a Jean um carta de Manon que estava guardada em uma gaveta. A mensagem escrita há vinte anos pela mulher de sua vida o faz mudar completamente de vida, ele decide buscá-la, resolve entender o que houve, desculpar-se, não sabe bem o que precisa fazer. Embarca em Lulu e juntamente com Max Jordan, um escritor que angariou relativa fama já na estreia e que escolheu o dia errado para uma visita, desce o rio em busca do passado. 

Uma história que fala de livros e sentimentos, como dito anteriormente. Nina George descreve com eficácia o que o remorso pode fazer a uma pessoa. Mais que isso, narra com sensibilidade o que o amor, a amizade, podem fazer a uma alma perdida. Uma obra profunda que trata de recomeço, do tempo, das feridas e da complexidade sentimental humana. Perdu, um homem de leitura, encontra no rompimento de sua rotina o caminho para transpassar as águas do "tempo ferido", fazer novos amigos, perder outros e aceitar o fato de que as coisas são transitórias (por mais belas e intensas que possam ser). Os lugares frequentados pelo livreiro e sua turma são reais. Os rios descritos no livro, as cidades, talvez as pessoas, o que dá um ar de verdadeiro aos fatos. Há um mapa com o percurso de Perdu em sua busca por Manon. Ao final existe um aprendizado, um amadurecimento e o entendimento do que realmente importa numa existência. Dessa vez, no entanto, Jean Perdu, consegue chegar a tempo.

Em determinados pontos da trama, no meio para ser mais exato, a narrativa se torna cansativa. Não há acontecimentos relevantes para o desenvolvimento do núcleo central. São histórias paralelas exploradas superficialmente, viagens cansativas, paradas despretensiosas. Quando Jean e Max deixam Lulu, a história entra nos trilhos novamente e se desenvolve como emoção até a última linha. 

Em suma, um livro maduro, bem construído com começo, meio (longo demais) e fim bem delineados. Uma história que explora a condição humana e o tempo. No final há um brinde interessante aos leitores, já que tal qual Perdu fazia aos seus visitantes, Nina nos indica livros para curar várias doenças. Leitura recomendada!

Fica a dica e a resenha.
Abraço.                

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