16 de outubro de 2020

Duna - Frank Herbert


Interplanetário, mas bem terreno 

Em 1965 Frank Herbert publicou Duna, o primeiro livro de uma série de ficção científica interplanetária que viria a se tornar referência no assunto, servindo de inspiração para várias produções cinematográficas, como Star Wars e Star Trek. Na verdade, Duna é um marco da cultura pop, cujos pilares ainda sustem várias produções. O que o livro tem de especial? Talvez sua abordagem política e a visão tecnológica de mundos evoluídos e extraterrestres.

Este primeiro livro conta a história de Paul Atreides, filho do Duque Leto com sua concubina Jéssica. A família que até então governava um planeta cheio de vida chamado Caladan é obrigada a mudar de planeta pelo imperador. Eles vão para Arrakis, o planeta deserto antes governado pelo Barão Harkonnen. No local também conhecido como Duna, Paul descobre que existe um plano entre o imperador e outras casas reais, especialmente a Harkkonen, para exterminar sua família. Então, com apenas 15 anos e com o treinamento especial bene gesserit aplicado por sua mãe, o rapaz terá de enfrentar um mundo hostil e pessoas que querem matá-lo. 

Duna é um livro que começa difícil de entender, pois faz uso de muitos termos criados pelo autor sem nenhum parâmetro com o que conhecemos. Expressões como bene gesserit, suspensores, trajes destiladores, gom jabbar aparecem na história sem explicações. No entanto, conforme a aventura avança e os termos se tornam recorrentes, o leitor vai descobrindo por si só do que se tratam. Seita especial de mulheres super treinadas, dispositivo que ajuda pessoas a se locomoverem com agilidade, roupa coletora de água corporal e teste de dor. No final do livro tem as explicações, mas não são necessárias, já que vamos aprendendo enquanto lemos. 

O personagem central de Duna, Paul Atreides é bem construído. Sua evolução é gradativa, normal. Nada de ser um sujeito especial desde o início. Ele é impulsivo, imaturo, tem medo. Contudo, o treinamento de sua mãe aliado às dificuldades enfrentadas no deserto o ajudam a entender sua condição e o que precisa fazer. Paul, mais tarde adquire uma áurea messiânica, mas isso não é motivo para enfrentar menos dificuldades. 

A povo Fremen, nativo de Duna é tribal, guerreiro, possui sua própria religião e cultura. Aliado a ele o protagonista ganha força e condição de negociar com outras casas (famílias que governam planetas), com a Corporação (a empresa que fornece energia aos planetas) e com o próprio imperador. É nesse ponto que a obra se torna política e bem terrena, explorando alianças, vantagens e chantagens com o intuito de manter, destituir ou aumentar o poder dos governantes. O final da história se dá como resultado de boa articulação política, atrelada a condições favoráveis conseguidas com empenho militar. 

Em suma Duna é sem sombra de dúvidas uma obra ficcional incrível com alegorias inteligentes e precisas sobre governo, mercado e exploração de recursos naturais. Escrito lá em 1965, revolucionária e profético sobre a escassez da água. Herbert teve uma visão de mundo a frente de seu tempo, interpretando consequências que não são evidentes nem mesmo atualmente. Com espaço para ser visualmente interessante, fato explorado em outras produções, Duna não se resume a isso. É uma obra que fala muito da Terra e de seu futuro. 

Extremamente empolgante, fica a resenha e a dica de leitura.  

Abraço.                       

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