As luzes se apagam de uma vez. Vozes da plateia são ouvidas. Primeiro moderadamente, depois mais alto. Alguns espectadores se levantam, está quente. É o fim? Um holofote se acende sobre a cadeira vazia no centro do palco. Passou-se tempo demais?
Entra Gaspar, o policial do primeiro ato.
— Aqui está ela — aponta para a cadeira.
As luzes totais do palco se acendem. Gaspar se volta para o público. Fala:
— Depois que eu saí de cena, após conversar com Benjamim criança e prendê-lo, percebi sua esperteza e quis eu também me tornar culto. Fui ler e aprender para voltar e debater com ele, mas ao que parece, o jovenzinho sumiu. Sabem dele?
Gaspar se senta. Continua:
— Já pensaram sobre o lugar das coisas no mundo? Tomemos por exemplo esta cadeira que cá está desde o início e que é muito confortável. Acham que ela está posicionada corretamente? Cadeira sabe que é cadeira, feita de madeira, montada pelo engenho humano para servir de assento? Eu penso que não e a acho feliz por ser assim. Já Benjamim é diferente, concordam? Ele sabe de onde veio e para onde vai, mas não é feliz. Então, talvez, só talvez, saber certas coisas nos causa tristeza. Saber que morreremos...
Trecho de "Respeitável Benjamim".
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Bem-vindo. Seu comentário é muito importante!