Entra Corajosa, trajando ainda sua armadura de papelão. Ela abraça Famosa.
— Adeus, Benjamim! — diz Famosa.
Ela sai do palco pela direita.
— Então é agora? — pergunta Benjamim
— Não sei — Corajosa dá de ombros, circulando a cadeira. — Morte é um processo. Quando ele estará concluído é mistério. Estou aqui para te preparar para ela.
— E há como?
— Com certeza já ouviu falar de dignidade. Tal termo tem vários significados; palavras que agradariam a Famosa. Eu penso em dignidade como merecimento. Você merece uma boa morte? Quando chegar o último dia, você estará preparado? Não terá medo? Olhará nos olhos de Extinta de Umavez e dirá firme: venha, estou pronto? É preciso coragem para findar-se.
— Sim, eu penso isso. Acho que não sou digno. Você sabe dos receios que me povoam.
— Estou aqui para que seja. Você aceitou se aventurar comigo, certa vez. Hoje devolverei o favor e esperarei contigo a chegada da última hora. Não tenha medo, Benjamim! Depois da pior dor vem o alento, após a inspiração a expiração; da noite, nasce o dia. Coisas se transformam em outras coisas, estão evoluindo. Morrer é evolução. Está confortável em sua cadeira, está preparado para a ocasião. Erga a cabeça e espere. Eu estou pronta — Corajosa saca sua espada de madeira.
Começa a tocar “Marcha Fúnebre de Frédéric Chopin.
Trecho de Respeitável Benjamim
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