27 de outubro de 2010

Dom Casmurro de Machado de Assis



Capitu traiu mesmo Bentinho?

Essa, com certeza, é a pergunta mais interessante que eu quis responder, vez que, com toda a habilidade de Machado de Assis, torna-se quase impossível responder a questão primordial do livro.

Capitu, é uma personagem singular em alguns aspectos e muito parecida com a maioria das mulher em outros. Ela guarda infinito mistério nos olhos de ressaca, como dizia nosso finado amigo José Dias. Não é novidade, que foi esse mistério, essa incógnita de personalidade que atraiu Bentinho. Ela sempre fora alguém que não se podia prever uma atitude e isso fascina.

Nosso Bentinho, por sua vez, sempre fora um sujeito indeciso; um submisso ás atitudes da mãe. O que o fazia melhor, era sua imaginação. Talvez ela, houve de traí-lo quando lhe forçou a deduzir pela traição de Capitu, ou não.

Confesso que mesmo admitindo a traição de Capitolina, senti pena dela. Ela conseguiu, com seus gestos e atitudes de mulher ainda que adúltera, mas íntegra (e como conseguiu?), ludibriar-me; acho que a todos que a conheceram nas páginas de Dom Casmurro. Ela é mesmo um mistério.

Quando Bento, não suportando mais a presença da esposa a manda para a Europa junto de seu suposto filho, ela não repudiou; não reclamou. Defendeu-se com elegância,como todas as mulheres devem fazer. Ela foi, de longe e sempre, superior a Bentinho e acabou morrendo com sua dignidade intacta. (mesmo adúltera aos olhos do marido).

A questão principal não foi se Capitu traiu o marido, mas sim como ela pôde fazer isso, se fez, e manter toda a beleza e dignidade que tivera antes. Vai aí, ímplicita, como muito que há nas letras de Machado, uma dica para todas as mulheres. Para nós leitores, fica a admiração.

Contudo, mesmo achando irrelevante a traição, vou argumentar pelo que acho. O menino Ezequiel tinha as fuças do amigo morto Escobar, segundo Bentinho. Um pai, de acordo com minha experiência, reconhece seu filho e Bentinho não viu Ezequiel como tal. Capitu sempre fora senhora em dissimulação, vide o início do livro, quando dissimulava os beijos com Bentinho. Porquanto, era misteriosa e para quem esconde-se em si, não se pode concluir tanto para bem quanto para mal.

Por outro lado, Escobar sempre me pareceu muito leal ao amigo. Não acredito, que teria coragem de traí-lo dessa maneira. Mas não podemos deixar de atentar para o fato de o falecido ser comerciante e essa raça é de atos suspeitos, digamos assim. Enfim, não há como atestar com veemência se houve adultério ou não. Contudo, torna-se desnecessário sabê-lo, bastando a possibilidade de existi-lo e mais: Bentinho tornou-se vilão e a adúltera vítima e mocinha. Palmas às mulheres!

6 comentários:

  1. Adoro os livros de Machado! Eu li esse livro faz um tempinho, quando ele foi indicado para um vestibular que fiz. Com certeza trata-se de uma história instigante e marcante do autor.
    Realmente Capitu é uma personagem ambígua e desperta o nosso interesse logo de cara, mas sinceramente eu não gostei da versão que fizeram numa minissérie que passou na Globo há pouco tempo.
    Bom, adorei a dica de leitura Paul, ainda mais nesses meses que antecedem os vestibulares pelo país.
    Abraços.

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  2. Opa! Que bom que gostou, Mariana. Não é bem uma resenha, mas uma opinião minha sobre o comportamento da personagem. recomendo este livro, pois foi muito agradável lê-lo!

    Até breve, minha amiga!

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  3. Li esse livro por causa do vestibular, mas acabou se tornando um dos meus preferidos. A narração feita por Machado de Assis é excelente.

    Minha opinião é que Capitu não traiu. Bentinho sempre teve uma grande imaginação, desde menino ficava fantasiando com meios de não ir para o convento, que incluam até mesmo o próprio rei.

    Muitas vezes a maldade está nos olhos de quem vê, e o ciúme é um sentimento que turva nossa visão.

    Não devemos nos esquecer também de que Bentinho é quem está narrando, portanto, o que temos é a visão possivelmente paranoica dele. Se Capitu fosse a narradora, os fatos certamente seriam diferentes.

    Mas a grande sacada do livro é justamente essa: deixar a dúvida. Genial.

    PS: Paul, que preconceito com os comerciantes foi esse?! XD

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  4. ^^' Será que ficou preconceituoso o que eu disse? Bem, me desculpe comerciantes!

    Sua visão de que ele não traiu é aceitável. O detalhe primordial é o fato de ele narrar a história! Eu até acho bem possível, porque Capitu sempre me pareceu superior ao Bentinho... não ia se sujar por pouca coisa...

    Ótimo comentário!

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  5. Li esse livro tem pouco tempo. E gostei muito.
    Minha opinião é que ele não traiu (como disse a Patricia). Bentinho já era ciumento desde criança (tem até uma hora que passa um cavaleiro enquanto ele está conversando com a Capitu, e o Bentinho já fica desconfiado).
    O que me fez gostar muito do livro, que além da dúvida que deixa, Capitu não reage. Ela não briga com ele, não discute nem nada, apenas aceita (o que me fez pensar muito). É essa mistério em torno da personagem que deixa o livro ainda mais interessante.
    Gostei do post ;)
    Abraços

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  6. Olá, Marina!

    É verdade que que Bentinho tem uma imaginação potente, como você mesma esclarece. Por isso é difícil saber se ele traiu ou não, o livro é narrado por ele e sofre sua influência. Acho isso mágico também.

    Capitu é mesmo uma mulher de personalidade. Ela não reagiu e aceitou tudo. Isso me deixa intrigado também, apesar de achar a atitude dela superior. Por que não se defendeu?

    Obrigado por passar aqui no blog. Espero que venha mais vezes! Um abraço forte!

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