3 de julho de 2012

O Lobo da Estepe de Hermann Hesse

 

O mundo dentro de mim

 

Hermann Hesse, alemão naturalizado suíço e vencedor do Prêmio Nobel da Literatura do ano de 1946 é o autor do livro “O Lobo da Estepe”, cuja publicação se deu em 1927. O livro é considerado a obra-prima do autor e nele nos deparamos com filosofia, crítica social e introspecção.

O personagem principal Harry Halley é um homem de cinquenta anos, intelectual e alcoólatra que acredita, inicialmente ter duas personalidades. A primeira a de homem e a segunda de lobo. O Lobo da Estepe é o animal que Harry tem adormecido dentro de si, é a personalidade responsável pela sua fúria, pelas suas ações instintivas.

Desgostoso da vida, sem pretensões, Halley não consegue enxergar uma solução para sua situação senão a de tirar a própria vida. É que para ele, um sujeito intelectualmente desenvolvido, não há motivos para viver. Os objetivos das pessoas comuns não são atraentes para ele, na verdade são futilidades que ele abomina.

Refletindo sobre o mundo, sobre as regras da burguesia e a guerra, o personagem sem se dar conta começa a adentrar em uma nova dimensão. Não se pode precisar quando começa, mas se intensifica quando voltando de um bar Harry depara-se com uma porta estranha em um muro conhecido. As inscrições eram estranhas: “Só para loucos”. Do episódio em diante o personagem vai adentrando lentamente neste mundo só para loucos e passa a conhecer mais sobre si e sobre as crenças que julgava imutáveis.

Pessoas inusitadas como a enigmática Hermínia vão auxiliando Harry a entender o mundo. Numa reflexão de si e dos outros o Lobo da Estepe entende o que importa na vida. No auge das suas descobertas ele é convidado para adentrar no Teatro Mágico e lá descobre que não é apenas dois, mas vários Harrys que podem ser acessados para cada fase da sua vida. Excedendo os limites temporais, o autor nos deixa claro que para cada ocasião de nossas vidas, há um de nós responsável. Não devemos demarcar os acontecimentos com o Tempo, mas com nossos eus.

O Lobo da Estepe não se trata de uma leitura fácil. Interpretar os conceitos filosóficos e críticos do autor é uma tarefa complexa, cujo objetivo não é alcançar totalidade. Ao que parece, como ocorre com os vários eus expostos no livro, há várias interpretações. É um livro enigmático que nos mostra uma vista facetada da realidade. Real e imaginário se misturam de uma forma que não se pode distingui-los.

A mensagem que fica é a de que são nas pequenas coisas que estão o real sentido da vida. Não há tempo, nem pessoas especificas, mas o simples, o agora e o ser. A dança, o sabor, o momento. Em O Lobo da Estepe somos levados a crer que para cada momento existe um de nós, daí a razão de o presente ser tão especial. Não se pode negar que em muitos momentos (ou todos) somos como a personalidade lupina do personagem, ou seja, impensantes, impulsivos e furiosos. A verdade é que se trata mesmo de um livro “só para loucos”.

Fica a resenha e a dica.

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