9 de janeiro de 2013

O Mundo de Sofia de Jostein Gaarder



O que é existir?

O norueguês Jostein Gaarder no início da década de 90 percebeu que havia muitos livros de filosofia disponíveis para acadêmicos e nenhum para as pessoas comuns. Foi com essa ideia em mente que ele concebeu a sua obra-prima: “O Mundo de Sofia”, um manual simplificado de filosofia e um romance.

Nele nos deparamos com Sofia Amundsen uma adolescente prestes a completar quinze anos de idade que começa um curso de filosofia por correspondência. Escolhida pelo professor Alberto Knox que passou a deixar as lições em sua caixa de correios, ela começa a descobrir as questões reflexivas que povoavam os pensamentos dos primeiros filósofos. Dos pré-socráticos, passando pelo próprio Sócrates, seu discípulo Platão e indo até Aristóteles.

As aulas passam a ser presenciais quando o curso continua com os filósofos da Idade Média. Segue com Descartes, Hume, Kant, Hegel, Marx e outros que se destacaram no campo filosófico. Sofia é inserida em um mundo novo, questionador e passa a ter uma visão crítica sobre o que vive. Concordando com alguns filósofos e discordando de outros ela segue descobrindo sobre a filosofia e sobre si. Ao mesmo tempo, conhece pensamentos de pessoas que contribuíram com o desenvolvimento humano sem ser necessariamente um filósofo como Darwin e Freud. O estudo avança e Sofia começa a descobrir o que é de verdade.

Paralelamente a história de Sofia há a de Hilde Moller, outra garota que completará em breve quinze anos e recebe do pai, o major Albert Knag, um curioso presente de aniversário. Um dossiê contendo um romance que serve bem como manual de filosofia.

Consegue ligar as duas personagens? Gaarder de forma original utiliza-se da intertextualidade e da metalinguagem para nos fornecer uma experiência única de leitura e reflexão. Trata-se do texto sendo texto dentro e fora da história. Obra de quase quinhentas páginas, de linguagem acessível e leitura agradável tem por objetivo além de explicar o pensamento filosófico ao longo dos séculos, fazer o leitor refletir sobre si mesmo.

Não seríamos apenas “personagens” de um grande livro, vivendo como determina o nosso “autor”. Gaarder trabalha aí a questão do livre-arbítrio. Ele não fica nisso, explora a possibilidade dos “personagens” ganharem a liberdade. Pode parecer estranho utilizar estes termos, mas é exatamente o que se evidencia nas páginas de “O Mundo de Sofia”. O desfecho é surpreendente.

Concluindo, em o “Mundo de Sofia” encontramos nosso mundo de ontem, de hoje e de amanhã numa reflexão existencial. Aprendemos com os filósofos a entender o que somos e o que fazemos, desenvolvendo um senso crítico apurado, como a própria Sofia. E você, prefere as deduções de Platão ou Aristóteles?

Fica a dica e a resenha.

Há, já ia me esquecendo. Existe a adaptação do livro para o cinema e o filme completo está disponível para ser visto no Youtube. Vou deixar aqui para quem tiver curiosidade:
O Mundo de Sofia






2 comentários:

  1. Mauro Martins Santos9 de jan. de 2013, 17:23:00

    Parabéns Paul, sua página está com requintada excelência,tanto no visual quanto sobretudo no conteúdo. Muito próprio de Paul Law. Tudo com amor e carinho. Obrigado por brindar-nos, os que gostamos de boa literatura. Não "aquelas" que andam "bestselerizando" as prateleiras de imediata comercialização duvidosa. Excelente conteúdo para visitação de avôs e netos. Um abraço escritor-colega-amigo caro Paul.

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  2. Mauro, sinto-me honrado por receber sua presença e comentário. Principalmente por tê-lo como colega de AGL e amigo. obrigado pelo comentário! Forte abraço.

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