17 de julho de 2013

A Dança do Universo de Marcelo Gleiser

 

Uma valsa tão incrível quanto mágica

 

O Espaço, o Universo, o mundo que nos circunda sempre foi algo interessante para mim e em “A Dança do Universo” os motivos se tornaram um pouco mais claros. Marcelo Gleiser conhecido cosmólogo brasileiro, nos apresenta sua visão sobre a criação de tudo, sobretudo, do ponto de vista dos leigos. Partindo dos mitos religiosos sobre o surgimento do Universo, ele avança para as teorias científicas, sem deixar de lado questões fundamentas da física, tão inerente ao nosso mundo.

E que mundo! Em “A Dança do Universo” nos deparamos com o nascimento da Física que está intimamente ligado á curiosidade humana de conhecer os mecanismos da Natureza. Por que o mundo existe? Passamos por Galileu Galilei, Newton, Einstein e tantos outros sempre em busca da resposta e ao que parece, como Gleiser nos ensina, estamos fadados a nunca alcançá-la. O motivo é simples e filosófico: a nossa mente, que é também nossa maior ferramenta para buscar esta resposta, está presa a uma curiosa limitação. Não podemos, por essência, pensar em algo que fuja do conceito “dualista inversamente proporcional”, em outras palavras, funcionamos sempre com um conceito positivo e outro negativo, como a ideia de bem e mal, dia e noite, luz e escuridão. Simplesmente não podemos fugir desta dualidade, desta prisão, não é mesmo curioso?

Mas Newton não levou a limitação em consideração ao desenvolver a chamada Física Clássica, para lidar com movimento. Tampouco Einstein quando renovou toda a Física ao propor sua Teoria da Relatividade Especial e depois a Geral. É incrível que os conceitos de Tempo e Espaço não são sólidos! Gleiser consegue nos mostrar isso, quando traduz Einstein; quando nos mostra que a velocidade da luz é a única constante universal (constante aqui deve ser interpretada como em constante aceleração em relação a todas as outras coisas). No seu exemplo de trens e motos podemos perceber que se houvesse uma motocicleta capaz de atingir a velocidade da luz e ela apostasse uma corrida com um feixe de luz, a luz continuaria a se distanciar da moto! O tempo para ambos seria diferente, o espaço também, já que para a luz o espaço é menor do que para a moto. Um corpo em velocidade quase igual a da luz diminui de tamanho. O tempo nesta mesma velocidade é “maior” do que o tempo nosso. Esta é a Física de Einstein, a Física do muito pequeno, do que está em todas as coisas.

Há mesmo um mundo novo que não podemos alcançar com nosso corpo pesado e grande. Há toda uma lógica microscópica que desafia leis básicas que conhecemos. Buscamos conhecer a origem do Universo e está claro, pelo menos para mim depois de ler este livro, que tal origem tem tudo a ver com este mundo micro que tem suas regras fantásticas. Estamos longe de saber como tudo se deu, mesmo com tantos modelos do início de tudo. Big Bang? Quem ou o que colocou “aquilo” que explodiria no lugar que se encontrava? Já havia “algo” antes? Um micro átomo primordial que mesmo estático foi capaz de “criar” a energia necessária para a matéria? Mas não é certo que qualquer coisa “estática” não produz energia? Não para o micro mundo…

“A Dança do Universo” é um livro para nos fazer questionar. Tirar-nos do tranquilo berço do visível e sensível. Voltado para nós, leigos, escrito com paixão e clareza, a obra nos desperta para o nosso impossível; para nossa insignificância. A única certeza que se tem ao fim da leitura é a de que o Universo não foi criado apenas e tão somente para nós. Há mais, muito mais.

Fascinante leitura; fascinante dança. Fica a resenha e a dica.

Abraços.        

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