1 de dezembro de 2017

Anna e o Planeta


O que esta geração vai deixar para sua sucessora?


Anna e o Planeta é mais recente o romance juvenil do escritor norueguês Jostein Gaarder, conhecido mundialmente por ser autor de "O Mundo de Sofia". Lançado em 2016, a obra narra as preocupações de Anna com o aquecimento global, a extinção dos animais e o desmatamento desenfreado. Paralelamente ao tempo de Anna, há a história de Nova, adolescente do futuro, cujos dias são terríveis por conta do estado do planeta. 

O livro começa com Anna prestes a completar dezesseis anos e ganhando um anel de presente de aniversário. O tal anel, segundo contam, pertenceu a Aladim e possui propriedades mágicas. Fato é que, a partir do uso da joia, a adolescente começa a sonhar com o futuro, com sua tataraneta Nova. Os sonhos parecem reais, o mundo é decadente, o que motiva a personagem a pensar no que sua geração está fazendo à Natureza. Anna sempre pensou no meio-ambiente, mas as outras pessoas tendem a achá-la maluca por dar importância a isto. Ela chega até mesmo a visitar um psicólogo. Ora Anna se vê como Nova, ora ela é sua tataravó e a culpada por ter destruído a Terra. Nova sente raiva das gerações anteriores que nada fizeram para salvar o planeta, não se importando com seus filhos e netos. Ciente deste sentimento Anna decide fazer alguma coisa para mudar o futuro. 

Sem dúvida o livro trata de um assunto importante. A poluição ambiental, a extinção de diversas espécies animais e o aquecimento global são temas atuais e preocupantes. Gaarder tenta despertar no leitor sensibilidade a estas condições que, embora seríssimas, são deixadas de lado. Poucos são aqueles que estão verdadeiramente preocupados com o futuro do nosso planeta e o autor expões esta realidade. Usando de sua filosofia apurada, ele discorre sobre ego, sobre o quanto é difícil pensar em algo que não é tangível num primeiro momento. Quando o impacto de nossas ações forem mais convincentes, será tarde demais. 

Entretanto, Anna e o Planeta é o piro livro dentre todos os que li do autor. Superficial sobre o assunto principal que é a consciência ambiental. Senti falta de dados matemáticos sobre espécies em extinção, sobre o aumento da temperatura da Terra ao longos dos anos. Mais, ainda, qual o verdadeiro impacto da indústria no planeta, a poluição e afins. Afinal, como está o mundo de verdade? Quanto tempo temos se continuarmos a poluir o nosso meio? Estas perguntas não são esclarecidas na obra e isto a deixa superficial, como mencionado. 

Outro ponto negativo são os personagens. São mal elaborados, pouco humanos, sombras de uma Sofia ou de outros tantos mágicos personagens de Gaarder. Aliás, Anna em seus diálogos até se assemelha à Sofia, mas sua construção é imprecisa. Ela é louca? Ela é realmente preocupada com a natureza? Jostein Gaarder na maioria de suas obras conseguiu se conectar aos seus leitores de modo a explicar com poucas palavras coisas complexas, mas aqui, com Anna, esta conexão não existe. Falta texto, falta construção de enredo e personagem. O núcleo de Nova é uma visão possível e coerente do futuro, organizada com verbos no presente, o que dá um efeito impactante ao que é lido. Por outro lado, a personagem também é desprovida de alma, limitando-se a ser um reflexo de Anna em tempo diverso.

Talvez o assunto incomode o leitor e influencie o julgamento. Jostein Gaarder explora esta possibilidade ao refletir sobre o motivo de não nos preocuparmos tanto com a Natureza e isto é uma das melhores partes do livro. Outro ponto que vale destacar é a ideia de Anna e o namorado para salvar o planeta: estimular boas ações com dinheiro, admitindo que o ser humano só se importará com o tema se obter alguma vantagem. Algo assim já foi explorado em obras espíritas e em alguns livros de ficção e a premissa é muito interessante.

Em suma, Anna e o Planeta é um livro de rápida leitura, superficial, de personagens pouco cativantes, cujo o tema principal é atual e importante. O leitor aprenderá quase nada ao concluir a leitura, o que é uma pena. Não se pode acertar sempre, Gaarder é prova atual desta regra.

Fica a resenha e a dica.
Abraço. 

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