4 de março de 2016

O dilema


Dilema é a necessidade de alguém escolher entre duas saídas contraditórias e igualmente insatisfatórias (assim está no dicionário). Funciona mais ou menos assim: o indivíduo está diante de duas alternativas ruins e deve optar por uma que julgue "menos ruim". De todo modo, ele sofrerá as consequências de sua atitude. 

Muitos escritores levaram esta concepção para suas histórias e tomo a liberdade de citar um caso. O de William Styron em seu "A Escolha de Sofia" (já resenhado aqui). Advirto o leitor de que o texto a seguir conterá spoilers do enredo do livro e que se preferir não conhecê-lo, pule para o parágrafo seguinte. Em suma, o autor em A Escolha de Sofia coloca a própria Sofia no dilema de escolher qual dos dois filhos deverá morrer da câmara de gás pelos nazistas. 

É muito impactante para nós leitores ser colocado na pele da personagem que está diante de um dilema. Consegue se imaginar mantando um filho em prol de outro? Em todas as coisas que passariam por sua cabeça para tomar a terrível decisão? 

Esta ideia é a que norteia o meu novo livro. Ele será lançado no segundo semestre deste ano pela editora Penalux, como já informei. Trará a perspectiva de um homem que colhe as consequências de ter passado por um dilema:

"Ok, pai, lamento pelo fim do seu casamento. Compreendi tudo o que você me explicou até agora, mas ainda continuo sem entender o que te fez escolher qual de nós deveria morrer. É por esta explicação que estou aqui. Eu estava lá no dia do acidente; eu estava entre a vida e a morte, à mercê da sua decisão. Sofri diretamente o peso da sua escolha. Sofro ainda. Você tem uma versão do que ocorreu, mas não sabe a minha. Nunca imaginou o que é estar do outro lado; prestes a cair, presa apenas por um aperto de mão. Eu te vi; eu te via ora olhar para mim, ora para minha irmã. Vivenciei os momentos que antecederam o que nos aflige. Eu não te entendo e creio que você também não me entende. Você não sabe como sua escolha foi interpretada por mim."  Trecho de Por quê, pai? de Paul Law

As emoções humanas, a inconstância da vida, a aleatoriedade são boas justificativas para o fascínio pelo dilema. O medo também. 



Fica a singela reflexão. 
       

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