12 de fevereiro de 2019

Germinando um velho



Estou plantando um idoso no meu quintal. Se tudo der certo, colherei um ser arcado, miúdo, de grossas lentes nos olhos e de pouca audição para os sons de fora. Um homem sempre cansado, mas satisfeito. Lento, em paz e cheio de histórias. Com voz amena, compassada; que fale pouco, Deus do céu, falam muito hoje e a todo momento! Quero que o meu velho deguste do silêncio como de bom café, coado em filtro de pano; que acorde cedo para ver o sol nascer e esteja presente quando o astro-rei for embora. Eu sonho com o meu velho bem sadio; que carregue nos olhos os seus pais, mas que não aceite ser carregado em uma cadeira por seus filhos. Orgulhoso na medida que a morte exige. Homem preparado para o dia último. Digno de se findar com coragem. Difícil para este velho se tornar uma árvore, mas eu tentarei. O chão do quintal é de pedra, nasce nada.

Paul Law,  Mogi Guaçu, 12 de fevereiro de 2019.

  

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