3 de fevereiro de 2020

Flores para Algernon de Daniel Keyes


Eu quero ser inteligente

Você sabia que Daniel Keyes escrevia roteiros de quadrinhos para o Stan Lee? Pois é, o autor de "Flores para Algernon" já tinha experiência com ficção científica quando decidiu escrever um livro. Na verdade, Keyes tem uma prosa bem desenvolvida e dinâmica, apresentando uma temática muito interessante nesta obra que resenho. Afinal, quem não gostaria de ficar inteligente cirurgicamente? 

Escrito em 1959, primeiramente em formato de conto, "Flores para Algernon" conta a história de Charles Gordon, um homem de trinta e dois anos que tem desenvolvimento mental retardado. Por causa do seu baixo Q.I. ele é escolhido para participar de um projeto revolucionário que promete aumentar sua inteligência cirurgicamente. Ah, Algernon é o nome do ratinho que passou pela cirurgia antes de Charlie. O procedimento foi um sucesso no roedor, o que motivou a equipe do professor Strauss a testar o método em humanos. Para deixar tudo registrado o professor sugere a Gordon que faça relatórios de progresso contando todo o processo. É por estes relatórios que toda a história se desenvolve. No começo Charles escreve muito errado. Não usa acentuação, escreve palavras erradas e orações curtas. Depois da cirurgia a escrita vai mudando devagar, bem como a vida do personagem. Seu desenvolvimento intelectual é rápido, as mudanças assustam, mas tudo bem. Charlie está feliz por finalmente ser inteligente e poder fazer parte da sociedade. Bem, até certo ponto...Com o avanço da compreensão ele reflete sobre o seu emprego na padaria; sobre seus colegas de trabalho, família e o relacionamento com a professora Alice no centro de desenvolvimento para adultos retardados. 

Como é de se esperar em contos dessa natureza, questões de identidade são levantadas. Quem é Charlie agora? Quem era antes? Quem será depois? Por vezes, Keyes quebra o conceito de realidade para promover encontros entre Charlies, mostrando traumas que influenciaram a personalidade do personagem e que ele nem se dava conta. Desenvolvendo-se com velocidade Charlie vai se conhecendo, lembrando da sua vida antes da operação e deduzindo. Sente raiva, orgulho, enfim, torna-se um ser completamente novo e que repudia qualquer forma de pena e sarro. Psicologicamente interessante Flores para Algernon é uma montanha russa!

Um livro que te prende desde o início, bem escrito e de desenvolvimento completo. Há um bom começo e um fim satisfatório. Claro que o final não é inusitado, mas não prejudica a reflexão. É com ele que entendemos o título do livro! Parece ser assim com a vida; as coisas tendem a voltar ao começo, não é? 

Recomendadíssimo. Melhor leitura do ano até agora. Fica a resenha e a dica. 
Abraço!
Paul Law             

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